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Com Marcão, Flu tem recorde negativo de finalizações contra a sua meta

Em sua reestreia, Marcão viu Fluminense ceder empate para o Vasco no Brasileirão - ANDRE MELO ANDRADE/ESTADÃO CONTEÚDO
Em sua reestreia, Marcão viu Fluminense ceder empate para o Vasco no Brasileirão Imagem: ANDRE MELO ANDRADE/ESTADÃO CONTEÚDO

Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro

15/12/2020 04h00

A mudança no comando do Fluminense já se reflete no campo. Ainda que tente manter o estilo do antecessor Odair Hellmann, Marcão já imprimiu algumas ideias na equipe. E a estreia, que terminou com um sabor amargo no empate no clássico com o Vasco nos acréscimos, teve um recorde negativo: foi a partida que o Tricolor mais cedeu finalizações ao adversário em todo o Campeonato Brasileiro.

Ao todo, foram 20 finalizações do Cruz-Maltino em São Januário, três a mais do que o empate entre Flu e Botafogo. Além disso, as dez finalizações dentro da área tricolor empatam para a terceira pior marca nas 25 rodadas da competição até aqui, atrás do próprio Clássico Vovô do primeiro turno (11) e da derrota para o São Paulo (12), no Morumbi. Os dados são do SofaScore, site especializado em estatísticas.

Algumas mudanças na equipe — não forçadas por Marcão, mas por desfalques — ajudam a explicar os motivos dos espaços defensivos abertos pelo Fluminense no clássico.

A entrada de Yuri ao lado de Hudson — dupla que está com pouco ritmo de jogo depois de cumprir isolamento por conta da Covid-19 — deixou o time mais lento, bem como a saída de Martinelli, que se lesionou. O jovem de 19 anos, em que pese ter atuado apenas duas vezes como titular, cumpria a mesma função de Dodi na saída de bola e fechamento de buracos no meio campo, problema que se repetiu durante os 90 minutos do empate com o Vasco.

Egídio e Matheus Ferraz foram mantidos por Marcão mas não fizeram boa partida contra o Vasco - ALEXANDRE DURÃO/ESTADÃO CONTEÚDO - ALEXANDRE DURÃO/ESTADÃO CONTEÚDO
Egídio e Matheus Ferraz foram mantidos por Marcão mas não fizeram boa partida contra o Vasco
Imagem: ALEXANDRE DURÃO/ESTADÃO CONTEÚDO

As opções por manter Egídio e Matheus Ferraz, além da entrada de Igor Julião na equipe, também se mostraram equivocadas: todos erraram no lance do gol de Cano.

Ideias de Marcão já presentes

Além disso, três das ideias mais firmes da filosofia de Marcão já estiveram presentes no jogo: a manutenção da posse de bola, a liberdade maior no ataque e recomposição e as perseguições mais longas nos encaixes de marcação. Tudo isso foi visto quando o treinador assumiu a equipe em 2019 — e entregou bom resultado, com 50% de aproveitamento de pontos e objetivo alcançado ao fugir do rebaixamento.

O problema é que os 56% de posse de bola não se refletiram em nenhum domínio. O Flu finalizou apenas dez vezes e praticamente abdicou de jogar na segunda etapa, quando não incomodou Fernando Miguel. As mexidas do treinador — que lançou mão de Yago, Ganso, Caio Paulista, Fred e André — não surtiram efeito e tornaram a equipe mais lenta.

Fred entrou visivelmente fora de ritmo no Fluminense em empate com o Vasco - THIAGO RIBEIRO/ESTADÃO CONTEÚDO - THIAGO RIBEIRO/ESTADÃO CONTEÚDO
Fred entrou visivelmente fora de ritmo no Fluminense em empate com o Vasco
Imagem: THIAGO RIBEIRO/ESTADÃO CONTEÚDO

Também, pudera: a estratégia de simplesmente passar o tempo com a posse de bola não surtiu efeito no abismo técnico apresentado no jogo. Mais do que deixar de vencer e voltar ao G-4, além dos tabus a serem quebrados, o Tricolor tomou as iniciativas e foi superior ao Vasco nos primeiros minutos. Se mantivesse o bom início, sairia de São Januário com os três pontos. O time das Laranjeiras chegou a ter quase 70% de posse de bola e finalizou nove vezes na etapa inicial. Mas só chutou uma vez e teve 50% da posse de bola após o intervalo.

Para liberar Michel Araújo e Nenê, que encostavam e mudavam de posição constantemente com Wellington Silva e Marcos Paulo, Marcão tornou a recomposição mais lenta: tanto o "ataca marcando" quanto o "perde e pressiona", dois pilares de Odair Hellmann, não foram vistos na maior parte do jogo.

Em compensação, o uruguaio e o ponta, que fez o gol do Flu, tiveram boa atuação enquanto estiveram em campo, menos presos às pontas e flutuando pelo ataque. Já o artilheiro Nenê e o camisa 11, que vinha de boa atuação na vitória sobre o Athletico, estiveram apagados.

Desacostumado ao desgaste excessivo dos duelos em mano a mano, o Flu abriu mais espaços, correu mais e se cansou no fim do jogo, o que também ajuda a explicar a desatenção da defesa no lance do gol de empate vascaíno, do artilheiro argentino Germán Cano. Os erros de execução, naturais da ruptura de trabalho, foram admitidos por Marcão, que quer corrigi-los.

"Queremos a equipe jogando como no primeiro tempo, com agressividade, posse de bola, infiltrações... A gente pensou que o Vasco voltaria em um formato diferente, mas não conseguimos fazer o encaixe e ficamos presos. Vamos tentar corrigir, porque ficamos para trás. Vamos corrigir para não acontecer mais", declarou.

Confira as finalizações sofridas pelo Flu no Brasileirão, por rodada:

25ª - Vasco - 20 finalizações (10 dentro da área)
24ª - Athletico - 5 (1)
23ª - Bragantino - 11 (3)
22ª - Internacional - 13 (6)
21ª - Palmeiras - 9 (6)
20ª - Grêmio - 13 (8)
19ª - Fortaleza - 4 (2)
18ª - Santos - 9 (3)
17ª - Ceará - 17 (10)
16ª - Atlético - 14 (7)
15ª - Bahia - 12 (6)
14ª - Goiás - 12 (9)
13ª - Botafogo - 17 (11)
12ª - Coritiba - 10 (6)
11ª - Sport - 8 (5)
10ª - Corinthians - 9 (5)
9ª - Flamengo - 13 (9)
8ª - São Paulo - 15 (12)
7ª - Atlético-GO - 15 (6)
6ª - Vasco - 9 (5)
5ª - Athletico - 14 (8)
4ª - Bragantino - 13 (7)
3ª - Inter - 9 (5)
2ª - Palmeiras - 9 (2)
1ª - Grêmio - 15 (8)

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