Novo presidente quer o Atlético-MG "potência mundial", mas com mecenas

Os conselheiros do Atlético-MG elegeram ontem (11) o empresário Sérgio Coelho como o presidente que comandará o clube entre 2021 e 2023. Em seu primeiro discurso após a confirmação da vitória, o sucessor de Sérgio Sette Câmara foi audacioso e disse que trabalhará para elevar o Galo ao nível de potências mundiais.
"Reiterando os compromissos que tornei públicos durante a campanha. Vou trabalhar incansavelmente para levar o Galo ao mais alto nível do futebol mundial", disse.
Entretanto, apesar da euforia e da fala carregada, Sérgio Coelho terá muito trabalho para, quem sabe, pelo menos alcançar algo próximo do que coloca como objetivo. É que o Atlético-MG trabalha de fato por boas práticas de gestão com auditorias investigativas de controle de finanças, ações que ganharam força com o atual presidente Sérgio Sette Câmara, mas esse é um processo que ainda engatinha.
Com as finanças em nível de estrangulamento o clube só ganhou fôlego em 2020 por se oxigenar com um aporte financeiro milionário na casa de R$ 200 milhões. Valor esse investido pelos mecenas que garantiram ao Galo um time competitivo na temporada, tanto que o Alvinegro briga na ponta da tabela no Campeonato Brasileiro. Situação que poderia ser inversa sem o dinheiro aportado nos cofres pelos investidores.
Tanto que Sérgio Coelho clamou pela continuidade dos investimentos por parte dos "4 erres", Rubens Menin, Rafael Menin, Renato Salvador e Ricardo Guimarães, os responsáveis por "segurar a onda" com injeção financeira no departamento de futebol.
"Minha gestão será baseada em quatro pilares: sanear as finanças, investir fortemente nas categorias de base, formar e manter elencos fortes e competitivos, e inaugurar a Arena MRV dentro do prazo previsto. Para alcançar esses objetivos, conto desde já com a valiosa contribuição do chamado grupo dos 4 erres: Rubens Menin, Ricardo Guimarães, Renato Salvador e Rafael Menin. Tenho por esses quatro profunda admiração, respeito e gratidão, preciso de vocês. Juntos, tenho certeza, seremos mais fortes", agradeceu.
E o presidente eleito, até pelas palavras do próprio Rubens Menin, terá forte ajuda: ""O Atlético pacificado vai fazer bonito. Rumo ao futuro como grande potência do futebol mundial", publicou Menin, que também é conselheiro alvinegro, em sua conta oficial no Twitter.
Sérgio Coelho, que já toma nota de algumas situações dentro do clube, iniciará com mais ênfase os trabalhos de transição a partir da próxima segunda-feira (14). Ele terá o início do seu processo de imersão nas coisas do Atlético-MG, assuntos administrativos e financeiros, e conhecerá de perto a parte financeira. E verá que assim como muitos clubes, principalmente pela queda acentuada de receitas nesse ano atípico pelo advento da pandemia, o Galo tem muita dificuldade de "caminhar com suas próprias pernas".
A atual gestão entregará o bastão em 31 de dezembro, e até lá espera colocar em dia os salários de atletas e funcionários, que estão atrasados. A folha de novembro ainda não foi paga nem a primeira parcela do 13º, que deveria ter sido depositada na conta dos trabalhadores no dia 28.
Muitos dos que não receberam seus vencimentos são funcionários que recebem valor baixo, como os que trabalham na limpeza, nos clubes sociais, portaria e cozinha. Em entrevista recente ao UOL Esporte, o presidente Sérgio Sette Câmara ainda disse que o salário registrado em carteira de trabalho dos atletas estava sendo pago, mas que as parcelas do direito de imagem haviam sido parceladas com a anuência dos jogadores.
A confirmação de que o Atlético-MG tem ainda sérias dificuldades para caminhar sozinho e sem a ajuda dos mecenas são os números apresentados no último balanço financeiro do clube. O documento contabilizou déficit de R$ 5.785.901, que poderia ter sido quase dez vezes maior caso não ocorresse a doação de quase R$ 50 milhões feita pela MRV, empresa da família Menin.
Essa quantia não entrou diretamente nos cofres do Galo, como dinheiro, porque o valor corresponde ao terreno onde hoje é construído o futuro estádio atleticano, que, inclusive, ganhará o nome da empresa dos mecenas: Arena MRV. O local, no bairro Califórnia (região noroeste de Belo Horizonte), foi doado por Rafael e Rubens Menin.
Ainda no balanço alvinegro do ano passado foi demonstrado um aumento do endividamento do Galo: R$ 94 milhões a mais do que o apresentado em 2018. E todo esse problema econômico gerou na última contabilização uma dívida total de R$ 746 milhões.
Para manter a política da transparência adotada pela atual gestão, fato que motivou e garantiu o crédito dos investidores no futebol do Atlético-MG, Sérgio Coelho pedirá que auditorias constantes fiscalizem sua gestão no clube.
"Meu primeiro ato, após assinar a posse, será requerer ao presidente do Conselho Deliberativo, doutor Castellar Filho, e ao presidente do Conselho Fiscal, doutor Sérgio Leonardo, para contratação de auditoria interna e de perfil investigativo, para além da auditoria já existente de natureza contábil e fiscal, analisar mensalmente as contas do meu mandato, do primeiro ao último dia. Firmo o compromisso de enviar o balancete mensal para o Conselho Fiscal no mês subsequente ao seu fechamento. Honestidade, lisura nos processos, lealdade e transparência serão as marcas da minha gestão", garantiu.
Um fator que garante forte expectativa de mudar os rumos e o patamar do Atlético-MG no cenário do futebol é a Arena MRV. O estádio, com previsão de inauguração em 2022, aumentará consideravelmente as receitas do clube. E, ainda, fará com que o patrimônio líquido atleticano alcance algo em torno de R$ 1 bilhão.
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