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Fla: Ceni gasta créditos com mais reveses que vitórias, mas não corre risco

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

02/12/2020 14h15

Quando assumiu o Flamengo, Rogério Ceni vislumbrou a chance de sua carreira decolar de vez com a disputa dos títulos do Brasileiro, da Copa do Brasil e da Libertadores. Três semanas após a sua chegada, o treinador já soma mais eliminações do que vitórias e vive dias de "intensivão" sobre o que é a pressão no Rubro-negro.

Com apenas seis jogos no comando, ele já caiu nos dois torneios eliminatórios e venceu apenas o Coritiba, dados que adicionam uma pressão extra ao trabalho do ex-goleiro. Uma troca no comando sequer passa pela cabeça da cúpula de futebol, mas o momento exige reação rápida. E Ceni sabe disso.

"O peso é gigantesco. A Libertadores tem um maior significado. Não há como mensurar prejuízo financeiro e de confiança. Temos de tentar seguir trabalhando firme para buscar o título que falta. O resultado final não expressa o que o time produziu. Se o resultado nos pênaltis tivesse sido diferente, seríamos tratados como heróis. Como não conseguimos, temos de dar explicações", disse.

Algumas opções do rubro-negro no revés para o Racing (ARG) foram questionadas por parte da torcida, especialmente as saídas de Everton Ribeiro e Arrascaeta. Além de abrir mão de seus homens mais criativos, ele insistiu com Vitinho, um dos jogadores que enfrentam mais resistência por parte do torcedor. O camisa 11 não fez um jogo ruim, porém enfileirou chances perdidas que cobrariam a conta no final. A demora em acionar Pedro também foi alvo de cornetas.

"Reforçamos o meio (com João Gomes) abrindo o Vitinho e Bruno, com Pedro centralizado. Se fazia necessária a velocidade pelos lados, por mais qualidade que eles (Everton e Arrascaeta) tenham", explicou.

Ao escolher Gustavo Henrique para formar a dupla de zaga com Rodrigo Caio, Rogério também apostou alto. O zagueiro tem cometido falhas em série e vive momento ruim em todos os aspectos. Enquanto o Rodrigo esteve em campo, Gustavo não comprometeu. Curiosamente, bastou seu parceiro titular ser expulso para o Fla desmoronar e o defensor revelado pelo Santos dar sua parcela de contribuição para o gol de Sigali.

O trabalho do dia a dia do técnico é muito elogiado internamente e foi bem acolhido pelo grupo. Ainda que com respaldo, o treinador e sua equipe precisam converter os lampejos de bom futebol em resultados. No momento, a cobrança no clube passa mais pelas vitórias do que propriamente pela qualidade do jogo.

"Eu acredito que eu posso continuar fazendo o meu melhor todos os dias. Isso é o que eu posso fazer. Posso controlar trabalho, melhorar intensidade, fazer o time pressionar mais, melhorar a parte técnica e a parte tática. Só não posso controlar o resultado", acrescentou.

Fora de dois torneios, os rubro-negros só têm o Brasileirão como tábua de salvação até o fim da temporada. O novo tropeço irá aumentar a temperatura na Gávea e a pressão irá crescer. Com o departamento de futebol em xeque, os próximos dias serão de turbulência e discussões sobre o futuro. Agora, a equipe junta os cacos para enfrentar no sábado (5) o Botafogo, às 17h, no Nilton Santos.