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Santos recebe relatório que aponta falhas no programa de sócio-torcedor

Santos recebeu relatório que aponta falhas no programa de sócio-torcedor - Ettore Chiereguini/AGIF
Santos recebeu relatório que aponta falhas no programa de sócio-torcedor Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF

Thiago Fernandes

Do UOL, em São Paulo

28/11/2020 19h47Atualizada em 28/11/2020 22h10

Contratada pelo Santos, a empresa Grant Thornton fez uma análise sobre o cadastro de membros do Sócio Rei, o programa de sócio-torcedor do clube. O relatório, ao qual o UOL Esporte teve acesso, aponta falhas no sistema gerenciado por profissionais do Peixe e pela empresa Feng. Nos bastidores do clube, há temor de que os problemas atrapalhem as eleições, marcadas para 12 de dezembro, já que que os integrantes do programa de sócio-torcedor podem participar do processo eleitoral para escolha do novo presidente do clube.

O documento relata os potenciais riscos do sistema no âmbito da Tecnologia de Informação (TI): "ausência de regras e diretrizes definidas e instituídas pela empresa e adotada pelas partes interessadas", "acesso não autorizado as informações vitais da empresa", "privilégios de acesso no sistema em transações que não condizem com a sua respectiva função", "conflitos de segregação de funções críticas", "perda ou indisponibilidade de informações críticas para o negócio", "maior ocorrência de incidentes, problemas e materialização de riscos não identificados e tratados", "vazamento de informações críticas ou sensíveis em um ambiente não seguro ou protegido". O relatório ainda diz que "Santos FC (controlador dos dados) e a Feng não apresentaram uma estratégia ou projeto para adequação" do sistema.

De acordo com o documento, foram identificados "dois riscos de responsabilidade exclusiva do fornecedor Feng. Estes dois riscos são riscos relacionados ao processo de gerenciamento de mudanças e do processo de gerenciamento de ataques cibernéticos". São eles: "interrupção dos serviços tecnológicos (rede corporativa e sistemas aplicativos)" e "risco de alterações não autorizadas nas aplicações que podem levar à corrupção ou perdas dos dados".

O relatório apresenta a base de dados de sócios-torcedores do Santos. Ao todo, há 25.383 associados, sendo que 265 têm registros de óbito. Os demais, 25.118, não têm qualquer tipo de informação sobre o tema. Portanto, de acordo com o documento, "não se pode afirmar que o associado esteja vivo".

Há também casos de associados que não apresentam CPF — 1.217 ao todo. O relatório explica que, nestes casos, houve "consulta com base no primeiro nome e data de nascimento". Por outro lado, reforça que "as informações precisam ser verificadas".

Por fim, há aqueles que não tiveram o CPF atribuídos aos seus nomes. Ao todo, 356 tinham "data de nascimento diferente da receita federal". Portanto, o "CPF não pode ser verificado".

Em relação aos associados que se registraram entre setembro e outubro de 2020, foram 239, sendo 108 no primeiro mês e outros 131 no segundo. Todos não têm registros de óbito.

Como o processo eleitoral do Santos permite que sócios adimplentes após um ano de inscrição estejam aptos para participar da votação para escolha do presidente, há receio de alguns membros da Comissão Eleitoral que as falhas no sistema atrapalhem o pleito na Vila Belmiro. O UOL Esporte conversou com uma fonte que relatou uma falha em meio à eleição simulada, ocorrida nos últimos dias —essa falha não foi detalhada.

Procurado para falar sobre o caso, o presidente do Conselho Deliberativo, Marcelo Teixeira, explicou que as falhas apresentadas no sistema devem ser controladas no dia da eleição. "Com todos os detalhes e orientações, a área executiva deve trabalhar para manter o cadastro em ordem. As inconsistências ou problemas deverão ser separados e controlados à parte quando da data da eleição e obrigatoriamente estes associados somente poderão votar presencialmente se os esclarecimentos forem feitos no ato da análise de votação", disse, por meio de mensagem, ao UOL Esporte. "O trabalho da auditoria serve para apontar correções que foram e continuarão sendo feitas na secretaria do clube", acrescentou.

O UOL Esporte também fez contato com a assessoria de imprensa da Feng para que a empresa apresentasse a sua versão dos fatos. Após a publicação do texto, a empresa se manifestou por meio de um comunicado. Confira, abaixo, a nota oficial da Feng:

"A Feng foi contratada pelo Santos FC no início de 2019 e desempenha suas funções sempre em consonância com as diretrizes do Clube, tendo recebido uma base de dados com inúmeras inconsistências.

Colaboramos com nossos melhores esforços no trabalho de higienização dos dados e de consultoria, feito em todos os momentos em parceria com a diretoria do Santos FC.

Os sistemas da FENG passaram pelo processo de auditoria da Grant Thornton e até o momento não recebemos qualquer feedback sobre pontos de necessidade de ajuste. Tão logo a empresa seja comunicada sobre isso, analisaremos as recomendações e atuaremos imediatamente sobre os pontos, como é praxe nos processos de auditoria.

A Feng é uma empresa reconhecida no mercado pela excelência em seus serviços, não só ao Santos FC, mas também a outros clubes da elite do país, e reafirma sua posição de esclarecer pontos em que ainda existirem dúvidas".

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