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Como Flu de Odair superou problemas para voltar a vencer no Brasileirão

Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro

23/11/2020 04h00

Eram oito desfalques e oito anos sem vencer o Internacional no Beira-Rio. Verbo no passado porque o Fluminense de Odair Hellmann superou os problemas, o tabu, a má atuação e também o Colorado fora de casa para reencontrar as vitórias e assumir a quinta posição do Brasileirão.

As críticas ao treinador pelo modelo que passa longe de brilhar e de um futebol vistoso são justas, mas, na 22ª rodada, apenas quatro pontos atrás do líder Atlético-MG, creditar a campanha do Flu à sorte é incompetência para analisar o cenário.

Se o estilo muitas vezes reativo ou pouco propositivo não agrada ao torcedor, que não nega ter o bonito e ineficiente jogo da passagem de Fernando Diniz no imaginário, uma coisa precisa ser destacada: a capacidade do técnico em manter a equipe competitiva apesar de perder titulares em profusão sem ter reposição.

"Eu preciso ressaltar que a gente trabalhou a semana toda com uma situação tática. No final da semana a gente perdeu um movimento, sábado a gente perdeu outro movimento. Então, na verdade, eu treinei sábado a equipe para o jogo. Os movimentos, nem tanto, porque é uma variação nossa. Entram jogadores de características diferentes que talvez levem um determinado tempo para se encontrarem dentro desse ambiente em um jogo tão competitivo", ressaltou Odair Hellmann em coletiva após o jogo.

Os três dias que antecederam o confronto contra o até então vice-líder Internacional, que estava invicto em seus domínios no Brasileirão, foram um filme de terror para o Tricolor. De quinta até sábado, Odair Hellmann, que já não teria Fred e Igor Julião, perdeu mais quatro titulares de sua equipe. Um deles, inclusive, para sempre: Dodi não veste mais a camisa do Fluminense.

Inter 'derrete' sem Coudet e Flu tem brilho de reservas

É bem verdade que o Internacional padece após a saída de Eduardo Coudet para o futebol espanhol. Mas o limitado e competitivo Flu não tem nada com isso. Além de sair atrás no placar, ainda perdeu Yago, importante peça no meio-campo, por lesão. Tudo parecia dar errado no Beira-Rio quando Lucca cobrou escanteio fechado e aproveitou falha de Marcelo Lomba e da defesa do Inter para marcar um raro gol olímpico.

O gol do camisa 7, que estreava como titular, foi tão inesperado quanto importante para o Tricolor. Como foram as entradas de Felippe Cardoso e Caio Paulista, que marcaria o gol da vitória em lindo passe de Marcos Paulo. Está aí um que se achou no jogo quando foi recuado para atuar como um camisa 10 e passou a desfilar toda qualidade que tem sem se preocupar em trombar com zagueiros.

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Bola parada volta a funcionar

Superando os problemas da semana, um adversário competitivo, o placar adverso e suas próprias limitações, o Fluminense de Odair Hellmann subiu três posições e segue firme na briga para voltar à Libertadores após oito anos.

Para isso, contou mais com a forte bola parada, que ganha nova dimensão com Lucca, que marcou seu primeiro gol pelo Tricolor.

"A gente precisa e vai trabalhar cada vez mais isso para desenvolver. E é agradecer e estar muito orgulhoso do grupo que eu trabalho. A gente aqui não está focando nos problemas, a gente está focando nas soluções. E está encontrando as soluções", destacou o técnico.

Soluções vêm da 'geração de ouro'

Outras das soluções citadas por Odair vieram da "geração de ouro" formada por Xerém de jovens nascidos em 2001 e 2002. A última delas foi André, que fez grande jogo ao substituir Yago contra o Inter, garantindo elogios de Odair Hellmann.

"Quando você perde jogadores, você fica sem opções nessa relação de variação, de capacidade de grupo, mas outros jogadores têm entrado, recebido oportunidade e dado uma resposta muito positiva. Caso, por exemplo, do André, que entrou muito bem, uma partida muito difícil", disse o treinador.

Capitão da equipe que enfileirou conquistas nas divisões de base, o volante deve ser bastante utilizado nos próximos jogos, já que, ao menos contra o Bragantino, na segunda (30), o Tricolor não terá Hudson (covid-19), Dodi (afastado) e Yago (dores no joelho).

Marcos Paulo Fluminense foi muito bem quando recuado para jogar como camisa 10 contra o Inter - Mailson Santana/Fluminense FC - Mailson Santana/Fluminense FC
Marcos Paulo foi muito bem pelo Fluminense quando recuado para jogar como camisa 10 contra o Inter
Imagem: Mailson Santana/Fluminense FC

Grande expoente da geração, Marcos Paulo mostrou mais uma vez porque é considerado a maior joia de Xerém em muitos anos. Pelo Fluminense, já atuou como centroavante, pelas pontas e agora, como um "camisa 10", pode ser uma variação tática interessante para uma equipe com dificuldades para criar chances de gol.

"Todo jogador quando joga bem vira solução para todos nós. E é isso que o treinador busca, solução dentro do grupo, em movimentos diferentes. É o grupo que faz a diferença. Claro que tem individualidades. Mas é fortalecer o todo: organização, ideia de jogo. E aí então capacitar e potencializar as individualidades. Hoje o Marcos Paulo conseguiu fazer boa partida porque a equipe proporcionou a ele a possibilidade de fazer uma boa partida após os momentos iniciais. Busco encorajar e dar confiança aos jogadores para que eles possam estar prontos para estarem prontos para darem uma resposta, quando entrarem ou quando iniciarem", afirmou Odair.

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