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Como o Inter virou 'de pernas para o ar' em uma semana com saída de Coudet

Abel Braga comanda o Internacional de olho no jogo contra o América-MG - Ricardo Duarte/Inter
Abel Braga comanda o Internacional de olho no jogo contra o América-MG Imagem: Ricardo Duarte/Inter

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

17/11/2020 04h00

Há uma semana uma bomba explodiu no Internacional. O domingo tinha sido de empate com decepção contra o Coritiba, mas a segunda-feira foi pior. A confirmação da saída de Eduardo Coudet gerou uma série de fatores que conturbam o ambiente interno e externo do clube.

Os resultados desde então são os piores possíveis. Desde que o treinador argentino foi embora, o Colorado perdeu duas vezes, não é mais líder do Brasileiro, não fez gols, e tem sequência ameaçada na Copa do Brasil.

O problema não começou ali

Coudet não decidiu simplesmente deixar o Inter após o empate com Coritiba, ou na proposta recebida do Celta de Vigo, da Espanha. O treinador já notava, antes, que o contexto era instável. Chacho tinha admitido insegurança, cogitava tal situação.

Aliado a isso, repetidamente cobrava por reforços publicamente. Falava forte na análise do elenco que tinha disponível. Dizia que sua equipe "não era capacitada" para as competições que se acumulariam logo em frente.

Coudet chegou a ser repreendido publicamente, mas o cenário não foi novo. O treinador já tinha, anteriormente, recebido "puxões de orelha" pela forma que tratava das situações internas na mídia.

Resultados já não eram os melhores

Antes de deixar o Inter, Coudet tinha vencido apenas dois dos últimos seis jogos. O Colorado perdeu a última partida na fase de grupos da Libertadores e já enfileirava três jogos sem vencer no Brasileiro (Corinthians, Coritiba e Flamengo). Venceu duas vezes o Atlético-GO pela Copa do Brasil.

Grupo surpreso mostra instabilidade

O elenco do Inter não sabia nem esperava o que aconteceu. Segundo apurou o UOL Esporte, alguns jogadores ficaram bastante desgostosos com a forma que Coudet agiu ao simplesmente aceitar uma oferta e deixar o clube.

De uma hora para outra, o trabalho que vinha sendo feito desde o início da temporada ruiu, e logo no primeiro jogo evidências disso estiveram presentes. Uma atuação longe dos conceitos do time de Coudet, e ainda sem a cara do sucessor, Abel Braga, o Inter perdeu para o América-MG, em casa, pela partida de ida das quartas de final da Copa do Brasil.

"Eu senti o time um pouco nervoso", disse o artilheiro Thiago Galhardo, que na mesma manifestação fez questão de dizer que o Inter precisava "seguir em frente", apesar do que tinha acontecido nos dias anteriores.

Torcida irritada, eleições nos bastidores

Enquanto isso, a torcida do Internacional tomou partido. Muitos aficionados usam as redes sociais para cobrar a direção do clube na saída de Coudet. O treinador, que catapultou as expectativas dos aficionados com a boa campanha realizada até então, deixou saudade e gerou uma série de manifestações contra o comando.

Enquanto isso, há uma eleição marcada para o fim deste ano. O primeiro turno ocorre dentro de dez dias, o segundo em dezembro, e as movimentações de bastidor podem alimentar tais críticas de olho na troca de gestão.

Abel Braga conhecendo o grupo

Abel Braga foi contratado imediatamente. A negociação para chegada do treinador que conquistou Libertadores e Mundial de Clubes pelo clube, em 2006, ocorreu em dois dias. Com menos de 24 horas em Porto Alegre, ele já esteve à beira do campo.

Em coletiva, fez uma série de ponderações. Disse que o time precisava melhorar vários aspectos, tocar menos para trás, driblar mais, ser mais incisivo. E ainda mostrou desconhecimento sobre os jogadores. Admitiu que "não sabia o nome" do jovem João Peglow, e explicou que ainda precisava se informar para conhecer bem o grupo.

Em campo, o reflexo do "atropelo" nos dias foi o fim do padrão de atuação que acompanhava o Colorado desde os primeiros jogos de 2020. Sem "identidade", o Inter conheceu o pior.

Números contrastam com derrotas

Veio a segunda derrota, para o Santos, que tinha uma lista de desfalques em razão da Covid-19, e o questionamento sobre mudanças dentro de campo. Abel está, aos poucos, mudando formação e conceitos do Inter, mas sua equipe, em estatísticas do SofaScore, site especializado em estatísticas, não caiu de rendimento.

Levando em conta os últimos cinco compromissos sob comando de Coudet (contra Flamengo, Atlético-GO duas vezes, Coritiba e Corinthians), e os dois jogos de Abel Braga, o Internacional teve com o atual treinador, em média, mais posse (66% contra 53%), mais finalizações (11,5 contra 9,8 por jogo), acertou mais o gol, (4 contra 3,8 por jogo), chegou mais na área, trocou mais passes (580 contra 422 por partida), acertou mais passes (84% contra 78,6%) e só caiu em dribles (16, contra 19,2 com Coudet).

Nesta quarta-feira (18), o Colorado já está pressionado. Precisa vencer o América-MG, no Independência, por dois de diferença para avançar à semifinal da Copa do Brasil sem a necessidade dos pênaltis.

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