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União entre Inter e Abel Braga é 'casamento perfeito' para momento de ambos

Abel Braga comanda primeiro treinamento em sua sétima passagem pelo Inter - Ricardo Duarte/Inter
Abel Braga comanda primeiro treinamento em sua sétima passagem pelo Inter Imagem: Ricardo Duarte/Inter

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

11/11/2020 04h00

Abel Braga foi apresentado ontem (10) como treinador do Internacional. No Centro de Treinamento Parque Gigante, concedeu entrevista coletiva e comemorou a sétima passagem pelo Colorado. A chegada para substituir Eduardo Coudet simboliza um 'casamento perfeito' com pontos positivos de sobra para os dois lados. A reestreia está marcada para hoje (11), às 21h30, no confronto diante do América-MG, pela ida das quartas de final da Copa do Brasil, no Beira-Rio.

"O futebol me deu a satisfação de conquistar, junto com tantas pessoas, coisas muito importantes. Mas o que mais me deu foram amigos. E na lista de grandes amigos tenho muitos aqui em Porto Alegre, e o Inter está presente nisso. Foram muitas passagens, muita alegria. O futebol hoje é diferente, em todos os aspectos, vivemos um ano anormal, coisas que nunca pensei que estaria passando, e não sabemos quando irá terminar. O futebol está diferente, mas não deixa de ser um futebol em que se precisa saber tomar decisões e pensar o jogo", afirmou o técnico.

Colorado precisava acalmar ambiente

Pensar numa troca de treinador para um time que lidera o Campeonato Brasileiro não é fácil. Mas o ambiente do Inter não deixa a saída de Coudet ser surpreendente. Depois de muitas divergências — tratadas até publicamente — com o comando do clube, o argentino aceitou proposta do Celta, da Espanha, e interrompeu o trabalho que estava sendo considerado positivo em campo, ainda que não tanto assim fora dele.

A substituição trouxe filtros. Não poderia ser um treinador que fizesse grandes exigências, já que há uma eleição no fim deste ano. O comandante precisaria aceitar um vínculo curto, mas ao mesmo tempo não poderia ser um iniciante ou emergente. O contratado precisaria lidar com as dificuldades e a pressão de estar disputando, em condições de ganhar, o Brasileiro, a Libertadores e a Copa do Brasil.

Ainda na delimitação de alvo vermelha estavam fatores importantíssimos. O treinador precisaria conhecer o clube, ser bom no trato com os jogadores, que estão habituados a uma rotina que foi interrompida, e, sobretudo, ter respaldo da torcida.

Neste cenário, Abel Braga contempla todos os tópicos. Campeão da Libertadores e do Mundial de Clubes em 2006, o técnico carrega pontos importantes na história vermelha. Ganhou o "Gre-Nal do século", venceu Gauchão, tem histórico de ótima relação com os dirigentes políticos do clube, é amigo pessoal de Rodrigo Caetano. E, sem pestanejar, aceitou tudo que foi apresentado pelo clube.

Abel tem no Inter o ambiente ideal

Sob a perspectiva de Abel, o Internacional não significa apenas um novo clube. É mais do que isso. Além das repetidas juras de amor, do sentimento de idolatria que carrega com os torcedores, dos elogios que já fez ao ambiente, ao clube, ao Beira-Rio, que geraram até conflito, ele chega mais respaldado do que em qualquer outro local.

Para os colorados, pouco importa que Abel não tenha recebido sequência no Flamengo, no Vasco ou no Cruzeiro. Que seus trabalhos recentes não tenham empolgado como em outros tempos. Ele sempre vai ser o técnico que levou o Inter ao posto mais alto do mundo, vencendo o Barcelona de Ronaldinho Gaúcho na final em Yokohama.

Para retomar o caminho de conquistas, Abel encontra tranquilidade e o apoio visto desde que pisou em Porto Alegre. Em nenhum outro time — certamente — haveria torcida esperando no aeroporto para recepciona-lo, independentemente das restrições impostas pela pandemia de novo coronavírus. No Salgado Filho, colorados esperaram para dar apoio ao treinador antes mesmo de sua apresentação.

Abel já trabalhou com uma série de atletas do Inter. Logo de cara, foi conversar com D'Alessandro. "Porque ele sempre chega cedo, e o D'Ale é o D'Ale", brincou. Mas também com Rodinei, Lindoso, Mauricio, Lomba, entre outros. E, como quem volta para casa, espera recuperar energias sem rejeição ou pressão além do natural no futebol.

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