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Eleição do Vasco tem ataques hackers, ameaças e vira caso de polícia

Eleição do Vasco do último sábado foi suspensa pelo STJ e uma nova foi marcada online para este sábado (14) - Bruno Braz / UOL Esporte
Eleição do Vasco do último sábado foi suspensa pelo STJ e uma nova foi marcada online para este sábado (14) Imagem: Bruno Braz / UOL Esporte

Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

11/11/2020 15h13

Além de toda a polêmica jurídica, a eleição do Vasco também já virou caso de polícia. Escolhida pelo presidente da Assembleia Geral do Vasco, Faues Cherene Jassus, para gerir o pleito online deste sábado (14), a "Eleja Online" tem sofrido com ataques hackers desde a última segunda-feira (9), mas conseguiu combatê-los. Fora isso, a empresa gaúcha alega ter sofrido difamações e registrou um boletim de ocorrência na delegacia.

Paralelamente, os candidatos Jorge Salgado, da chapa "Mais Vasco", e Julio Brant, da "Sempre Vasco", disseram que tiverem seus números de telefones pessoais vazados e têm sofrido centenas de ameaças. Ambos encaminharam a situação aos seus advogados e estão avaliando as providências.

Segundo o CEO da Eleja Online, Fernando Maciel, o número de tentativas de derrubar a plataforma está três vezes maior do que na Assembleia Geral Extraordinária (AGE), que aprovou as diretas no clube, quando também administraram a votação sem maiores problemas neste sentido.

O empresário, em contato com o UOL Esporte, garantiu, porém, que a "Eleja Online" está preparada para suportar esta "batalha cibernética" e possui estratégias.

"As tentativas de tirar o site de votação do ar triplicaram, justamente para tentar nos tirar a credibilidade, mas estamos preparados para isso. Temos planos B e C. Em se tratando dos planos B e C, temos outros servidores dentro da Amazon com toda a estrutura para 'virar' rapidamente", declarou Fernando Maciel, citando a empresa de tecnologia norte-americana.

Empresa registra ocorrência e desafia Campello a contratar auditoria

A "Eleja Online" também criticou as declarações de ontem do presidente atual do Vasco, Alexandre Campello, que deixou claro, em entrevista coletiva, que não é a favor da contratação da empresa por enxergar um "conflito de interesses", acusando o presidente da Assembleia Geral, Faues Cherene Jassus, o Mussa, de ser ligado a chapa "Sempre Vasco", do candidato Julio Brant.

Fernando Maciel desafiou Campello a contratar uma auditoria para que comprovem a lisura e transparência no processo. A contratação de auditorias, inclusive, está permitida à todas as chapas.

"É muito fácil dizer que a empresa não tem condições. Vem nos auditar, contratem a auditoria. Você se sentirá muito mais confortável do que ir para a internet falar uma besteira como o presidente, sem fundamento nenhum. Não há interesse político algum", disse Maciel.

O empresário ressaltou também que, por conta destas situações, a empresa gaúcha tem sofrido difamações e ameaças, o que os motivou a fazer um registro de ocorrência na delegacia:

"A Eleja Online tem 25 anos, de maneira nenhuma estamos envolvidos nessa guerra política. Fomos contratados como qualquer prestador de serviço. O Mussa [presidente da Assembleia Geral] sempre quis uma empresa fora do eixo [regional] justamente para não ter envolvimento político com ninguém. Ao invés de falar qualquer coisa indevida, que contratem uma empresa de auditoria e nos auditem, assim eles vão ter a veracidade da transparência. Acho muito triste um representante de uma instituição tão grande, com sócios que têm amor por esse clube, dizer algo totalmente infundado e jogar assim na internet, incentivando os eleitores a nos difamarem. Estamos recebendo muitas reclamações, tudo muito triste. Estamos fazendo uma queixa policial com todas as informações e acusações".

Brant e Salgado alegam terem telefones vazados e tomam providências

Julio Brant, da Sempre Vasco, e Jorge Salgado, da Mais Vasco, conversam durante eleição que foi suspensa - Bruno Braz / UOL Esporte - Bruno Braz / UOL Esporte
Julio Brant, da Sempre Vasco, e Jorge Salgado, da Mais Vasco, conversam durante eleição que foi suspensa
Imagem: Bruno Braz / UOL Esporte

Favoráveis à eleição online deste sábado, os candidatos Jorge Salgado, da chapa "Mais Vasco", e Julio Brant, da "Sempre Vasco", alegaram que tiveram seus números de telefones vazados e, desde ontem (10), têm recebido centenas de xingamentos e ameaças por ligações e mensagens de Whatsapp.

A "Mais Vasco" já encaminhou o print de uma pessoa que teria vazado publicamente o número de Salgado e o departamento jurídico do grupo ainda avalia se entrará com uma ação cível ou fará um registro na delegacia de Crimes Virtuais.

Em participação ao canal do Youtube "Portão 9" ontem (10), o candidato relatou os acontecimentos:

"Descobriram meu telefone e estão me ofendendo sem parar desde sei lá, 17h da tarde. Tive que apelar para uma pessoa da chapa para dar uma solução, porque meu celular foi invadido. É uma mensagem atrás da outra".

Julio Brant, da Sempre Vasco, também confirmou ter passado pela mesma situação e tem tomado as providências. Segundo sua chapa, os advogados já começaram a identificar os autores do ataque.

"Tenho recebido mais de 500 mensagens por dia no Whatsapp, até com ameaças de morte, mas isso não vai me intimidar. Já estou tomando as atitudes criminais cabíveis. Ontem, durante minha coletiva, ficou muito claro o ataque de milícias digitais, alguns até de torcedores de clubes rivais. Lamentável o que estão fazendo com o nosso Club, mas seguimos no caminho correto. Seguimos brigando pelo Vasco", disse Brant através de sua assessoria.

Ainda durante a entrevista de ontem, Salgado disse que os ataques partiram de apoiadores de um candidato que não quer participar da eleição online deste sábado, e avisou que as ameaças não o irão fazer desistir da disputa:

"Vocês acham que esses ataques vão fazer eu desistir da minha candidatura? Eu não vou desistir. Quero que esse candidato pare com esses ataques, venha para a eleição, fume o cachimbo da paz. Ele é vascaíno, tem que se comportar de maneira diferente. Se ele quer ser presidente do Vasco, tem que ter um comportamento diferente. Tem que dar um bom exemplo para o vascaíno, acho que ele não está dando um bom exemplo".

Dos cinco candidatos inicialmente do pleito, apenas Jorge Salgado e Julio Brant confirmaram participação na eleição online deste sábado. A reportagem, portanto, procurou a assessoria de Alexandre Campello, Leven Siano e Sérgio Frias para saber se eles gostariam de opinar sobre tais declarações da dupla. No entanto, nenhum dos três quis comentar.

Eleja Online frisa que venceu concorrência

CEO da Eleja Online, Fernando Maciel destacou também o fato de ter participado de uma concorrência com a empresa "Tafner", e que, segundo ele, sua empresa apresentou mais garantias de segurança.

"Não temos envolvimento nenhum com essa guerra política. Passamos por uma concorrência com uma empresa que não atendeu aos requisitos de segurança, então não temos mais o que dizer. Nossa história comprova nossa lisura e profissionalismo. Fico triste porque quem acusa, tenta desviar o foco, o foco não é esse. Quem decidiu a eleição deste sábado não fomos nós, foi um ministro do STJ. Não temos absolutamente nada político com essas chapas", ressaltou.

Por conta de todas as polêmicas, a Eleja Online fará uma live hoje (11), às 20h, em seu Facebook e em seu Instagram, para esclarecer todos esses pontos, segundo Fernando Maciel.

Chapas contrataram auditorias

As chapas "Mais Vasco", de Jorge Salgado, e "Sempre Vasco", de Julio Brant, já contrataram empresas de auditoria para o processo eleitoral deste sábado.

Ainda hoje, a Eleja Online fará uma reunião com todas as chapas e o presidente da Assembleia Geral, Faues Cherene Jassus, para detalhar todos os procedimentos.

Irão obedecer a Justiça

Ainda durante a coletiva de Alexandre Campello, o vice-presidente Jurídico do Vasco, Rogério Peres, deixou no ar a possibilidade de uma movimentação jurídica contra a contratação da Eleja Online, mas a empresa disse que obedecerá qualquer determinação judicial:

"Vamos obedecer a Justiça se vier essa notificação. Com certeza vamos andar pelos caminhos corretos, não tem nenhum fundamento mudarmos qualquer regra do jogo se tiver ordem judicial", destacou Fernando Maciel.

Resultado em cerca de uma hora

Já especificamente sobre o processo eleitoral deste sábado (14), a Eleja Online informou que além da plataforma digital para celular, tablet e computador, cerca de dois a três totens estarão instalados na sede vascaína do Calabouço, interligados ao sistema de votação da empresa, para o sócio que quiser votar presencialmente.

O pleito se dará de 9h às 22h e, segundo Fernando Maciel, o resultado da apuração sairá cerca de uma hora depois.

"Leva em torno de uma hora mais ou menos. Iremos auditar também e vamos passar esse resultado para o presidente da Assembleia Geral", destacou o CEO da Eleja Online.

As polêmicas da eleição

Membros das chapas conversam após eleição do Vasco ser suspensa - Bruno Braz / UOL Esporte - Bruno Braz / UOL Esporte
Integrantes das chapas conversam após eleição do Vasco ser suspensa pelo STJ no último sábado (7)
Imagem: Bruno Braz / UOL Esporte

A corrida eleitoral realizada no último sábado, e de forma presencial, aconteceu graças a uma decisão judicial publicada na noite anterior. Nela, o desembargador Camilo Ribeiro Ruliére derrubou liminar que determinava que o pleito fosse on-line no dia 14.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ), porém, suspendeu a eleição na noite de sábado, com ela já em andamento, e fazendo valer a liminar anterior. Após idas e vindas, a votação teve continuidade, já sem a presença das chapas "Mais Vasco", de Jorge Salgado, "Sempre Vasco", de Julio Brant, e "No Rumo Certo", de Alexandre Campello. A apuração dos votos, inclusive, só teve a presença de membros das chapas "Somamos", de Leven Siano, e "Aqui é Vasco", de Sergio Frias.

Neste cenário, Faues Cherene Jassus, o Mussa, presidente da Assembleia Geral do Vasco, convocou, ontem (10), eleição presidencial para este sábado (14), no formato híbrido.

Alexandre Campello, em coletiva realizada ontem, afirmou que não participará e retirou a candidatura. Leven Siano declarou, em oportunidade anterior, que não estará nesta eleição e incentivou que seus correligionários a boicotem. Sergio Frias garantiu que só participará da eleição caso Leven também esteja presente.

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