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Com apoio de Romário, Leven acusa STJ de ação política em eleição do Vasco

Leven Siano, que teve mais votos em eleição suspensa no Vasco, com Romário em coletiva de imprensa - Bruno Braz/UOL Esporte
Leven Siano, que teve mais votos em eleição suspensa no Vasco, com Romário em coletiva de imprensa Imagem: Bruno Braz/UOL Esporte

Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

09/11/2020 16h23

O advogado Leven Siano, candidato à presidência do Vasco, realizou uma entrevista coletiva na tarde de hoje (9), em seu escritório no bairro da Barra da Tijuca (RJ), para comentar sobre as consequências da suspensão da eleição do clube no último sábado (7). Ao lado de Romário, que o apoiou, o presidenciável acusou o Superior Tribunal de Justiça (STJ) de ter cometido um erro no comunicado da liminar e de ter agido de maneira política.

Leven também declarou que há desembargadores e juízes interferindo politicamente a favor da chapa Sempre Vasco, do candidato Julio Brant.

"O Vasco recebeu essa comunicação da ordem através do e-mail do advogado do Mussa (presidente da Assembleia Geral), que é sobrinho do Luis Felipe Salomão, ministro do STJ, não veio do oficial de Justiça. A intimação só pode ser feita por advogados se for por correios. Não está previsto na nossa lei essa situação, logo, essa comunicação não tem efeito algum, portanto não poderia suspender a eleição. O STJ não teria jurisdição sobre matéria. O STJ só pode ter jurisdição em única ou última instância dos tribunais federais ou dos estados. O STJ não pode revisar uma ordem dada por um desembargador do TJ de um estado. O STJ só pode revisar uma revisão dada por um tribunal, ou seja, um órgão colegiado. Não sou eu que estou dizendo isso, é a Constituição Federal. Foi uma interferência política, porque ela não tem fundamento jurídico. Estão querendo enfiar na goela do Vasco uma intervenção judicial política, sem respaldo na lei e na Constituição Federal. Existem desembargadores e juízes da Sempre Vasco interferindo politicamente", declarou Leven.

O candidato da chapa "Somamos" também foi questionado se ele não estava sendo incoerente ao reclamar da decisão do STJ e apoiar a que aconteceu na sexta (6), feita pelo desembargador Camilo Ribeiro Ruliére, do Tribunal de Justiça do Rio, determinando a eleição presencial para o dia seguinte.

"Não é contradição simplesmente porque um tribunal que tem competência e o outro, não. É a Constituição que diz isso. O STJ não tem competência para derrubar uma decisão do tribunal de estado. Isso é tão básico que até um estudante do quarto período de direito sabe isso".

Na contagem de votos feita pela mesa diretora da eleição do Vasco, após a decisão judicial que a suspendeu, Leven Siano ficou em primeiro, com Jorge Salgado em segundo, Julio Brant em terceiro, Alexandre Campello em quarto e Sérgio Frias em quinto.

Vale lembrar, porém, que esta apuração não contou com os fiscais das chapas de Alexandre Campello, Jorge Salgado e Julio Brant, que se retiraram do pleito depois da liminar.

Leven reafirma que não participará de um novo pleito

Ainda na coletiva, Leven Siano voltou a afirmar que não irá participar de uma nova eleição no próximo sábado (14) caso a decisão do STJ seja mantida.

"Não vou me submeter a outra eleição. Eu estou fora. Eles [outros candidatos] têm de mostrar o quanto amam o Vasco. Se a preocupação é com o clube ou apenas um projeto politico. Eu não preciso do Vasco para nada. Estou aqui no meu escritório de 800 metros quadrados, na Barra da Tijuca, de propriedade minha. Eu não vou participar de outra eleição. Zero chance disso acontecer".

Romário: "Passo a chamá-lo de presidente"

Senador da República, Romário também seguiu a linha de Leven e questionou a decisão do STJ de suspender a eleição. O craque, que foi revelado pelo Vasco, afirmou que já considera Siano como presidente do clube:

"É mais do que legitima a vitória do Leven. Passo a chamá-lo de presidente do Vasco, porque dentro da democracia, ele foi eleito. É mais do que justo que assuma essa posição de presidente".

Romário também deu de ombros para quem vier a criticá-lo por assumir essa posição de apoio a Leven Siano:

"Muitos poderão dizer: 'P...! O que o Romário está falando? Está falando m...'. Eu só quero simplesmente afirmar que não foi ilegal a eleição, não foi sacanagem, foi dentro das regras do Vasco. Ela foi vencida pelo Leven Siano. Essa é a minha opinião, de um cara que tem carinho e respeito pelo Vasco".

Filha de Romário: "Não sou obrigada a ter a mesma opinião"

Vascaína fanática, uma das filhas de Romário, Danielle Favatto, foi cobrada por eleitores de adversários de Leven Siano sobre o apoio do pai ao candidato da chapa Somamos. Incomodada, ela se manifestou no Twitter dizendo que não necessariamente precisa pensar igual ao Baixinho.

Entenda o caso

Toda a polêmica na eleição se iniciou quando o presidente da Assembleia Geral, Faues Cherene Jassus, o Mussa, obteve uma liminar na Justiça adiando o pleito para o dia 14 de novembro em formato integralmente online.

Porém, na noite da última sexta (6), o candidato Leven Siano e o presidente do Conselho Deliberativo, Roberto Monteiro, obtiveram um recurso que derrubava a liminar e marcava a votação para o dia seguinte (7), das 9h às 22h, em São Januário, de modo 100% presencial.

A estrutura foi montada às pressas em São Januário e o processo eleitoral transcorreu até por volta das 20h, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decretou que a eleição estava suspensa e adiada para o dia 14. Após essa decisão, as chapas dos candidatos Alexandre Campello, Jorge Salgado e Julio Brant se retiraram do pleito, assim como Mussa.

Leven, o candidato Sérgio Frias e alguns integrantes da mesa diretora, no entanto, decidiram prosseguir com a votação mesmo com a liminar e posteriormente contaram os votos, que apontaram Siano em primeiro lugar.

Agora, o candidato da chapa Somamos tentar derrubar a decisão do STJ para se legitimar como novo presidente do Vasco.

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