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Copa do Brasil - 2020

Meia do Atlético-GO tentou jogar Copa do Mundo e enfrentou Inter na Série B

Chico (d) é destaque do Atlético-GO na temporada e revê o Inter, que enfrentou na Série B - Ettore Chiereguini/AGIF
Chico (d) é destaque do Atlético-GO na temporada e revê o Inter, que enfrentou na Série B Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

28/10/2020 04h00

Você pode não conhecer Francisco Hyun Sol Kim, mas já deve ter ouvido falar de Chico. O meia-atacante de 29 anos é um dos principais destaques do Atlético-GO na temporada. Natural de Cascavel, no Paraná, ele tem nacionalidade sul-coreana, tentou jogar a Copa do Mundo da Rússia-2018 e hoje (28) encara o Internacional, um rival que não é novidade.

O jogo das 19h (de Brasília) é válido pelo duelo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil e será disputado no estádio Olímpico, em Goiânia.

O meia está cotado para começar jogando, apesar da série de desfalques que tem o técnico Eduardo Souza. A titularidade reflete uma das melhores temporadas da carreira dele. Dois gols em 19 jogos, e uma série de participações importantes no time.

Chico teve uma infância pouco comum. Os pais do atleta, ambos sul-coreanos, decidiram viver na América do Sul no fim dos anos 1980. Optaram por morar no Paraguai, onde nasceram dois irmãos do jogador do Dragão. Chico foi o único a nascer "por acaso" no Brasil, já que a família escolheu por uma parteira sul-coreana que morava no Paraná.

Ele cresceu em Ciudad del Este e, em 2008, a família decidiu mudar-se para o Brasil para que Chico e um irmão fizessem testes no Atlético Sorocaba. As portas foram abertas por Sun Myung Moon, chamado Reverendo Moon, dono do clube, e líder religioso sul-coreano.

Chico conseguiu vaga, a família se instalou em São Paulo, mas o irmão não. Ficou fora por causa da documentação. Depois vieram passagens por muitos clubes pequenos, um retorno à Coreia em 2016, e 2017 surgiu como principal ano da trajetória do atleta até então, no CRB.

Foi no clube de Alagoas que o meia teve maior sequência, com 52 jogos e oito gols na temporada. Ali enfrentou o Internacional — rival de hoje — em duas oportunidades na Série B. Sua equipe perdeu uma e empatou outra, mas não balançou as redes.

A boa temporada no CRB alimentou o sonho de disputar a Copa do Mundo de 2018. Para isso, precisava chamar atenção na Coreia do Sul, e a oportunidade surgiu no Pohang Steelers.

Mas a passagem não foi positiva dentro de campo. Fora dele, Hyun Sol Kim — nome de Chico em coreano — morou novamente com os pais, no país de origem deles, e do qual carregam costumes até hoje. Mas, após jogar apenas cinco partidas oficiais e não fazer nenhum gol, e — por consequência — ficar fora da convocação para Copa da Rússia, optou por voltar ao Brasil.

No Ceará, foi chamado de "Song do Nordeste", começou muito bem, mas acabou perdendo fôlego no decorrer do ano. A temporada 2020 começou novamente no interior paulista, no Mirassol. Desde agosto no Atlético-GO, ele, agora, reencontrou o melhor futebol.