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Elenco enxuto faz Cuca mudar posicionamento de Marinho; entenda nova função

Thiago Tassi

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/10/2020 04h00

De volta após recuperar-se da lesão na coxa esquerda que o tirou de três partidas do Santos, Marinho foi novamente a principal arma ofensiva do Peixe na tarde de ontem (25). O atacante, que atuou com o número 80 a pedido de Pelé na derrota para o Fluminense, ganhou uma nova função na equipe por necessidade de Cuca: jogou centralizado, em alguns momentos até como centroavante. Foi assim que balançou as redes, em gol digno de um camisa 9 oportunista.

O posicionamento por dentro surpreende de certa forma, já que Marinho é o melhor jogador santista em 2020 jogando pelas beiradas. É o artilheiro do ano com 16 gols. Tirá-lo do setor em que ele atua de forma mais confortável e o coloca entre os melhores do Campeonato Brasileiro, neste momento, é um desafio para o Cuca.

A falta de opções no elenco é a principal explicação. Com um grupo enxuto, e sem Kaio Jorge (na seleção sub-20) e Raniel (lesionado) no Rio de Janeiro, Cuca tinha Marcos Leonardo (17 anos) e Brayan (18 anos) como centroavantes de ofício à disposição.

Como ele está cauteloso a respeito da utilização de Leonardo e Brayan acabou de subir ao profissional, restou centralizar Marinho e deixar as pontas para a molecada.

Aparentemente, a ideia é deixar o camisa 11 solto quando ele precisar jogar centralizado. Por isso, Marinho buscou jogo e não ficou preso na área. Como Cuca explicou pós-jogo, teve um período do primeiro tempo que a equipe jogou no 4-4-2, com Marinho e Soteldo livres e à vontade na frente.

De toda forma, Marinho acabou participando menos da partida atuando "de costas", foi menos perigoso, e o Peixe perdeu profundidade pela ponta.

"Não sei se é uma 'Marinhodependência'. Mas a gente tem algumas lacunas. Quando você monta um elenco, você pensa assim: eu vou ter duas peças por setor e vou fazer meia dúzia de meninos. Então são 22 jogadores, mais sete ou oito meninos, que às vezes ganham espaço. E eu quando perco um jogador em uma posição, me faz muita falta", afirmou o treinador, questionado sobre a importância de Marinho, mesmo em dia ruim.

Com a maratona de jogos, Cuca terá ainda mais dificuldade para ajustar a nova função para Marinho, já que com Brasileirão, Libertadores e Copa do Brasil há pouco tempo para treinamentos.

Em paralelo, enquanto começa a testar se Marinho tem capacidade para se tornar versátil e atuar em todas as posições do ataque do Santos, Cuca vai dando oportunidade aos garotos - o que justifica a promoção de Brayan e Ângelo Gabriel, que se tornou o mais jovem a disputar o Brasileirão desde 2003. O jovem de 15 anos entrou justamente pela falta de opções.

"O que me fez colocá-lo [Ângelo] foi a necessidade que tínhamos de colocar um jogador de velocidade pelo lado, uma vez que o Marinho estava mais por dentro. Hoje não tínhamos o Kaio Jorge, depois entrou o Marcos Leonardo. Eu precisava de velocidade pelo lado direito, e ele vai render mais no decorrer da carreira, a tendência é seja bem melhor na segunda, na terceira [partida]", declarou.

"O grupo não é homogêneo, e essa é a minha luta, já fui em reunião com o conselho, com o pessoal. A gente não pode contratar, então buscamos na base. Agora, tem que ter paciência para que eles tenham sequência", completou.

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