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Derrota para o Real Madrid encerra "trégua" a Ronald Koeman no Barcelona

Ronald Koeman à beira do gramado no Camp Nou - Alex Caparros/Getty Images
Ronald Koeman à beira do gramado no Camp Nou Imagem: Alex Caparros/Getty Images

Rafael Serra

Colaboração para o UOL, em São Paulo

25/10/2020 04h00

Escolhido pelo Barcelona para liderar o processo de reconstrução do clube após a maior derrota de sua história, Ronald Koeman pode ver sua implícita trégua como técnico do time profissional chegar perto do fim.

Sua escolha, que esteve longe de ser um consenso, se justificou por alguns motivos, como o promissor trabalho desenvolvido com jogadores jovens na seleção holandesa, seu forte vínculo construído com o clube em sua época como jogador e sua experiência de trabalho com Johan Cruyff, grande ídolo e espécie de pilar filosófico azulgrená - embora a já não tão recente carreira do ex-zagueiro como técnico tenha poucas características que se assemelham ao estilo de jogo cultuado pelo eterno camisa 14.

Apesar dessas inconsistências, alguns bons resultados chegaram a ser construídos nesse início de jornada, como as goleadas sobre Villarreal, na estreia do Campeonato Espanhol, e Ferencváros, na primeira partida do Barcelona na atual edição da Liga dos Campeões. Entretanto, as recentes derrotas contra Getafe e, principalmente, Real Madrid devem tornar mais duros os critérios de avaliação de imprensa e torcida quanto ao trabalho do treinador holandês.

O clássico foi o primeiro jogo dos catalães na temporada diante de uma equipe do primeiro escalão da Europa, as mesmas que renderam ao clube eliminações marcantes nas três últimas edições da Liga dos Campeões. Mesmo atuando em casa, o Barcelona teve poucos momentos de indiscutível superioridade na partida, quase todos eles na primeira etapa. Além do placar negativo, os comandados de Koeman finalizaram e desarmaram menos que o rival, cifras que podem ser interpretadas como um sinal de falta de intensidade.

Até Messi, maior estrela do clube, tem acumulado atuações burocráticas e parece não saber com clareza qual é seu papel no "novo" Barcelona. Quem tem ganhado protagonismo é o jovem Ansu Fati, mas ainda não está claro quanto sua evolução está ligada ao técnico holandês ou é fruto de seu natural ganho de experiência e vigor físico.

Outro aspecto que chamou a atenção na derrota para o Real Madrid foi a desorganização da equipe quando Koeman lançou mão de Griezmann, Trincão e Dembelé, três atacantes, para tentar uma reação, quando o placar ainda marcava 2 a 1 para os visitantes. Tal como já havia acontecido na derrota contra o Getafe, há uma semana, o meio-campo do Barcelona se dissolveu, tornando mais fácil a retenção da posse de bola e formação de contra-ataques de seu adversário, que ampliou o resultado.

Juventus será "termômetro" importante

O próximo compromisso do Barcelona será na quarta (28), contra a Juventus, em Turim, pela Liga dos Campeões. Assim como o clube catalão, a Velha Senhora vive um período de transição com a chegada do ídolo, porém novato treinador, Andrea Pirlo. Portanto, pelas equipes se encontrarem em um estágio similar de trabalho, o desempenho do clube catalão ficará mais evidente.

Um revés poderia aumentar as dúvidas sobre a compatibilidade do técnico holandês com o projeto de reformulação do clube catalão, ainda que a sequência seguinte de partidas, contra Alavés e Dínamo de Kiev, tenda a diluir a curto prazo os eventuais efeitos negativos de um tropeço.

Ainda assim, o retorno da impressão de que o Barcelona não sofre diante de equipes menores, mas não consegue se impor contra a elite continental, como já havia acontecido com Ernesto Valverde e Quique Setién, é um fantasma que Koeman não deseja enfrentar tão cedo.

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