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Por que Sampaoli vive o pior momento no comando do Atlético-MG

Jorge Sampaoli tenta recolocar o Galo no caminho das vitórias após tropeços no Brasileirão - Kely Pereira/AGIF
Jorge Sampaoli tenta recolocar o Galo no caminho das vitórias após tropeços no Brasileirão Imagem: Kely Pereira/AGIF

Guilherme Piu

Do UOL, em Belo Horizonte

22/10/2020 04h00

Nas últimas três rodadas do Campeonato Brasileiro, o Atlético-MG saiu do primeiro lugar e caiu para a terceira colocação na tabela. Apesar de ter um jogo a menos em relação aos seus adversários mais diretos, que hoje são o líder Internacional e o vice Flamengo, o próprio Galo foi quem proporcionou a ultrapassagem dos rivais na classificação.

E há alguns motivos importantes para que o time do exigente técnico Jorge Sampaoli tenha caído de produção, dando essa brecha importante, porém inoportuna, a gaúchos e cariocas na reta final do primeiro turno do Nacional.

Portanto, quais os fatores preponderantes que fazem o Atlético-MG viver o pior momento desde o início da era Sampaoli?

O UOL Esporte enumerou problemas que tiraram pontos do Alvinegro.

Desfalques na reta final do turno

Mesmo não sendo adepto da repetição dos 11 iniciais — só fez isso uma vez até agora —, Sampaoli perdeu três peças importantes justamente na reta final do primeiro turno. O zagueiro paraguaio Junior Alonso, o meia equatoriano Alan Franco e o atacante venezuelano Savarino desfalcaram o Galo na derrota para o Fortaleza, na vitória para o Goiás e no empate com o Fluminense. Eles defenderam suas respectivas seleções nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2022, no Qatar.

Alonso é titular absoluto e deixou o time em momento crucial. Sem Alan Franco e Savarino, as opções para a meia-ofensiva do Galo ficam reduzidas. E quem entrou não deu tanta conta do recado, fazendo o nível do time cair em relação à escalação considerada principal.

O trio voltou dos jogos internacionais, ajudou o Galo a fazer um primeiro tempo avassalador contra o Bahia, mas o time de forma impressionante, mesmo ganhando por 1 a 0, levou a virada e acabou perdendo por 3 a 1.

Ataque caiu de rendimento

Aquele ditado que diz "a melhor defesa é o ataque" foi comprovado pelo Atlético-MG em inúmeras rodadas, tanto que o Galo ostenta a marca de melhor ataque do Brasileirão, com 31 gols. O time sofria gols, mas lá na frente o ataque resolvia e a equipe faturava os três pontos. Como no jogo com o Atlético-GO, por exemplo, em que o Galo sofreu três gols, mas marcou quatro.

Só que nas últimas partidas o ataque atleticano regulou apenas contra o lanterna da competição. Foram três gols feitos diante do Goiás, na 15ª rodada. Contra o Fortaleza e o Fluminense foram apenas duas bolas nas redes, uma em cada partida.

O Galo também fez apenas um gol em cima do Bahia, mesmo com impressionante poderio ofensivo no primeiro tempo. E acabou levando três, saindo derrotado e deixando o técnico Sampaoli sem explicações para o tropeço.

O ataque que segurava a onda, até mesmo dando conta do recado quando o time saia perdendo, "parou de funcionar" e escancarou as falhas defensivas do time.

Como joga com muita intensidade e sobe demais as linhas, o Galo sempre dá espaços para contra-ataques. Foi assim contra o Bahia. Depois de tomar a virada, o time se lançou desesperadamente à frente. Só que em vez de fazer o gol, acabou sofrendo o terceiro.

Números ruins como visitante

O time de Sampaoli, apesar do empate em casa com o Fluminense, segue com o melhor aproveitamento como mandante neste Brasileirão. São 22 pontos em oito jogos, dois a mais que o Internacional (20) e sete à frente do Flamengo (15).

Mas o problema é quando a história passa para os jogos como visitante. O Galo tem apenas a sexta campanha — nove pontos em oito jogos, bem longe do Flamengo, o líder no quesito, com 19 pontos em nove jogos, e do que o Internacional, que somou 14 pontos em nove rodadas.

O desequilíbrio entre as campanhas como mandante e visitante é também um ponto negativo desse Galo comandando por Sampaoli.

Decisões equivocadas do treinador

A escalação escolhida para o jogo com o Fortaleza não deu certo. O treinador apostou — e ousou além da conta — e acabou surpreendido pelo novato Rogério Ceni, que tem sido uma pedra no sapato do treinador. No Brasil, sempre que encontrou com o ex-goleiro, o argentino levou a pior.

Mariano foi muito mal na lateral direita, o zagueiro Bueno, que pouco atuou como titular, começou jogando e estava sem ritmo. Hyoran, que muitas das vezes faz melhor um papel tático do que atua bem na parte técnica, foi outro que ficou devendo. Vale lembrar que nesta partida o treinador já não contou com os três selecionáveis: Alonso, Franco e Savarino

Time de um tempo só

O Atlético-MG não tem conseguido manter o padrão durante os 90 minutos. Via de regra, o Galo apresenta um futebol intenso, dinâmico e que pressiona demais o adversário em apenas um tempo. Essa tem sido uma das grandes críticas recentes de Sampaoli, que tem lutado para dar um padrão melhor à equipe.

O jogo contra o Bahia é um exemplo determinante para mostrar o quanto o time faz um jogo muito diferente em dois tempos. Na primeira etapa, o ataque atleticano foi avassalador, mas perdeu inúmeras oportunidades e fez apenas um gol. No segundo tempo a história foi outra, o Bahia cresceu, surpreendeu e venceu por 3 a 1.

Resultados ruins

Enquanto Flamengo e Internacional venceram quatro jogos e empataram apenas um nos cinco últimos compromissos, o Galo perdeu duas partidas, empatou uma e venceu outras duas. Esse intervalo de resultados ruins proporcionou que Rubro-Negros e Colorados derrubassem o Galo na tabela.

Inter e Fla faturaram 13 pontos em 15 possíveis nas últimas partidas, o que representa um aproveitamento de 87%. Já o Atlético-MG obteve 47%, com sete pontos em 15 disputados.

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