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Advogada de Robinho se desentende com comentaristas após críticas ao atleta

Flavio Gomes, comentarista do Fox Sports - Reprodução
Flavio Gomes, comentarista do Fox Sports Imagem: Reprodução

Colaboração para o UOL, em São Paulo

13/10/2020 15h37

Em uma entrada ao vivo no Fox Sports Rádio de hoje, Marisa Alija - advogada de Robinho - se desentendeu com os comentaristas Osvaldo Pascoal e Flávio Gomes. A discussão foi logo após uma série de críticas dos jornalistas ao Santos pela contratação do atleta.

Robinho é acusado de violência sexual em grupo e foi condenado a nove anos de prisão em primeira instância, mas recorre em segunda e ainda tem a possibilidade de uma terceira antes da decisão definitiva.

"O que ele cometeu é estupro. É um negócio muito pesado, muito forte. Eu não contrataria o Robinho nem esportivamente nem socialmente nesse momento. O Villa, colombiano, que jogava no Boca Juniors, foi acusado de agredir a esposa. O Atlético-MG teve a chance de contratá-lo, mas a torcida feminina impediu que acontecesse", disse Pascoal.

"O Santos faz promoções toda hora contra discriminação racial, agressão à mulher. Tudo que é nesse sentido. E está certo. (...) Ele já foi condenado, sim, em primeira instância. Se ele for condenado em segunda, pode sair um mandado de prisão. Aí, o presidente do Santos vai receber essa informação da Interpol. Eu não contrataria esportivamente porque os números dele desde o Atlético-MG não são bons. E não contrataria por esse aspecto social. É fora de propósito", acrescentou.

"Não contrataria em hipótese alguma. Ele já é condenado. Tem um fato. A solidariedade deve ser à menina envolvida no episódio com vários homens, um deles o Robinho. (...) Tem a questão legal de ele poder recorrer, mas há um fato. (...) No que ele tem que se acertar com a justiça, ele que se acerte, mas no que depender de mim, eu não contrataria. Nunca, jamais contrataria pessoas envolvidas nesse tipo de caso, ainda que a condenação não seja definitiva", complementou Flavinho.

Na sequência da declaração de Flavinho, Benja convidou a advogada de Robinho para uma rodada de perguntas ao vivo. Depois de um início tranquilo com as perguntas de Benja, Marisa Alija se desentendeu com Osvaldo Pascoal. Flavinho se intrometeu na discussão.

Pascoal: "Se a senhora não pode entrar no mérito da questão, não temos o que discutir".

Marisa: "Temos o que discutir. Vocês estão falando sem ter o mínimo de conhecimento, por que eu não posso falar sem ter o mérito?".

Pascoal: "Qual o mínimo de conhecimento que a senhora quer discutir?".

Benja: "Espera aí. Gente, faz a pergunta e deixa a doutora responder".

Marisa: "Para começar, eu fui convidada a entrar, eu não me convidei e eu disse exatamente isso. Eu trabalho com transparência. Eu quero dizer para o Pascoal que ele está dizendo 'condenado' por ter lido a sentença e fico feliz que alguém leu alguma coisa, mas quero dizer para ele que, de acordo com o artigo 27 da Constituição Italiano, artigo 5º da Constituição Brasileira e artigo 8º do Tratado de Direitos Humanos, ele não pode ser considerado condenado. A palavra 'condenado' já está sendo usada de maneira ilegal. Enquanto ele não for condenado em todas as instâncias, que é o que a maioria da imprensa quer, pelo visto, essa palavra não pode ser usada. Eu não estou defendendo, estou dizendo o que você pode ou não pode falar".

Flavinho: "Que palavra a senhora quer que a gente use para se referir a ele?"

Marisa: "Tecnicamente, ele sofreu uma perda na primeira instância, mas ainda pode recorrer. Só pode usar condenado depois que não tiver mais recurso cabível".

Flavinho: "Mas ele foi condenado em primeira instância. Queria saber que palavra a senhora quer que a gente use na conversa porque a senhora não pode entrar no mérito, a senhora disse que estamos todos dispostos a condenar o Robinho, a lacrar. Então queria saber que palavra vou usar na minha pergunta".

Marisa: "Ele não é condenado definitivamente. Você tem que usar a palavra acusado".

O apresentador acalmou os ânimos e passou a palavra aos outros comentaristas, que adotaram um tom mais amistoso em suas perguntas. No fim da entrevista, porém, a palavra voltou a Flávio Gomes, que elevou o tom da discussão com Marisa Alija.

Flavinho: "Ela está falando em lacração. Todo mundo tem noticiado que a condenação do Robinho é em primeira instância. A senhora está atribuindo à imprensa - e a imprensa é muita gente - um desconhecimento total da causa, do processo. Nós temos conhecimento. Quem está tentando lacrar é a senhora. Me desculpe. Todo mundo sabe que é em primeira instância. E que ele foi condenado. Eu não consegui outra palavra, talvez sentenciado. Mas não pode atribuir ignorância à toda imprensa. É exagero".

Marisa: "Posso falar? A carapuça serviu para você, por isso você ficou ouriçado".

Flavinho: "Não tem carapuça nenhuma".

Marisa: "Eu deixei você falar. Você vai deixar eu falar?".

Flavinho: "Pode falar".

Marisa: "(...) O teu colega falou que o clube estava premiando um criminoso. Isso é jornalismo? Isso é isenção? A sua fala antes de eu entrar no programa foi: 'ele tem que pagar pelo que ele fez'".

Flavinho: "Eu não falei nada disso".

Marisa: "Escuta o que você falou. Eu estava ouvindo. Você tem a gravação. Escuta. Está gravado. Não estou inventando nada. É só você rever. As pessoas têm que tomar cuidado ou ter peito para assumir o que fala. Eu gosto muito de falar, mas sei no que estou baseada".

Flavinho: "Eu não falei nada nesses termos. Eu não sou juiz".

Marisa: "Vamos fazer o seguinte, você revê o que você falou, eu te dou até amanhã. Se você não acha que falou nada, mantém, senão, se retrata, que dá tempo ainda".

Flavinho: "Eu agradeço profundamente, mas não preciso. Não falei nada disso".

Benja: "Volta aqui para mim. Vamos acalmar os ânimos. Eu queria agradecer sua participação, doutora Marisa. O programa aqui é democrático".