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Ceará estranha Muricy na TV e lembra morte da esposa após cirurgia plástica

Ceará em sua última passagem pelo Internacional, em 2016 - Divulgação/Inter
Ceará em sua última passagem pelo Internacional, em 2016 Imagem: Divulgação/Inter

Marinho Saldanha e Vanderlei Silva

Do UOL, em Porto Alegre e São Paulo

26/09/2020 04h00

Para quem conheceu de perto Muricy Ramalho, é estranho vê-lo na posição de comentarista. Esta é a opinião do lateral direito Ceará, ex-Inter e Cruzeiro. Aposentado dos gramados, hoje aos 40 anos, o antigo atleta atendeu a reportagem do UOL Esporte e comentou sobre o ex-treinador. Além disso, lembrou do grande baque de sua vida, a morte da esposa, Fernanda, após uma cirurgia plástica.

Ceará foi comandado por Muricy duas vezes. Antes de parar Ronaldinho Gaúcho na final do Mundial de Clubes de 2006, jogar no PSG e atingir o ápice, o atual membro do Sportv liderou o jogador no São Caetano — campeão do Paulista de 2004 — e na Portuguesa Santista.

"Na verdade, não seria muito a praia dele de ser um comentarista, pelo estilo dele de comandar, pelo estilo dele de lidar até mesmo com os jornalistas, a gente via ele bem ranzinza (risos). A gente sempre ressaltou isso na conduta dele, da maneira dele de lidar, mas o esporte tem isso, essas viradas. Muitas vezes algumas pessoas acabam surpreendendo quando elas acabam direcionando as suas carreiras em outras áreas, de repente foi uma boa surpresa o Muricy aí como comentarista", afirmou em tom amistoso.

Então técnico, Muricy foi responsável pelo ápice da carreira do lateral. Ele levou o jogador ao Inter, onde ele conquistou espaço na Libertadores de 2006 e venceu o próprio São Paulo na final. Depois, marcou Ronaldinho Gaúcho na decisão do Mundial de Clubes, que acabou com vitória do time gaúcho por 1 a 0.

"Existe alguns momentos que são memoráveis e que marca realmente a conduta a história de diversos atletas. A minha passagem no Inter foi justamente essa, pela notoriedade que o jogo trouxe, a importância, um Mundial de Clubes, o primeiro da história do Inter. Aí você enfrenta o melhor jogador do mundo, então fica marcado, são situações que realmente chamam a atenção do público e acaba tendo essa visibilidade mais potencializada", lembrou.

Mas não somente de vitórias foi feita a trajetória de Ceará. Houve os problemas em 2016 e a queda para Série B com o Colorado, clube em que é ídolo. A saída polêmica em 2017 após desavença com o técnico Guto Ferreira. Porém nada pesou como um assunto pessoal que o toca imediatamente: a morte da esposa.

Fernanda Fé era cantora gospel, tinha 41 anos, era casada com Ceará há 17. Ela morreu em 20 de setembro de 2019 por complicações decorrentes de uma cirurgia plástica. Na época, a razão para o óbito teria sido uma embolia pulmonar. Mas o ex-atleta não tem qualquer informação concreta sobre o ocorrido.

"Você perde títulos, perde jogos, finais, mas ainda pode recuperar. Agora, quando é um ente querido, não tem retorno. É um vazio, um espaço que não tem como ser preenchido por outra pessoa. Certamente foi a maior perda que eu tive, sobretudo devido aos filhos. É muito pesado para as crianças. Completou um ano. A gente que é adulto consegue ser racional, as crianças são mais emocionais, elas sofrem muito", lamentou.

A situação deixa dúvidas até hoje. Ceará não consegue explicar exatamente o que houve com a esposa, que havia realizado um procedimento estético e posteriormente acabou morrendo.

"Foi cirurgia plástica. Aconteceu em um período em que fui morar na França, quando parei de jogar, porque meu filho [Levi] estava jogando no PSG. E a Fernanda ficou com as meninas aqui. Seria uma cirurgia normal, eu fiquei sabendo quando já estava em um período de complicação. Minha filha me ligou e eu pedi para levar a mãe ao hospital. Ela já foi desacordada. Eu não acompanhei, não tenho o diagnóstico para passar o que realmente aconteceu", contou.

Fernanda deixou três filhos com o ex-lateral. Pietra, hoje com 12 anos, Levi, de 14, Damaris, de 16.

"Nós éramos casados praticamente há 17 anos, ia fazer 17 anos de casado em dezembro do ano passado, ela faleceu dia 20 de setembro de 2019. Foi pesado para mim, mas eu pensei mais nas crianças, em dar todo o suporte e realmente ajudá-los a enfrentar essa situação do que propriamente em mim. A gente fica por conta das crianças e acaba esquecendo realmente da própria dor, tem outros que precisam mais disso, mais que a gente", finalizou.

Hoje, Ceará mora em Belo Horizonte e é diretor da escolinha de futebol PSG Academy e irá concorrer a um cargo como vereador em Nova Lima nas próximas eleições.

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