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Paulista - 2020

No centenário, Portuguesa vai do risco de queda à chance de voltar à elite

Jogadores da Portuguesa comemoram gol marcado contra o Juventus-SP, em uma das atuais quatro vitórias seguidas da equipe - Divulgação/Portuguesa
Jogadores da Portuguesa comemoram gol marcado contra o Juventus-SP, em uma das atuais quatro vitórias seguidas da equipe Imagem: Divulgação/Portuguesa

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

07/09/2020 04h00

A Associação Portuguesa de Desportos completou 100 anos de vida no último dia 14, em uma comemoração tão bela quanto melancólica: longe dos holofotes da elite, prometeu em campanha nas redes sociais: "Eu vou voltar". Agora quem tem que cumpri-la é Fernando Marchiori, treinador que tirou a equipe da zona de rebaixamento da Série A2 do Campeonato Paulista e a colocou na disputa pelo acesso. A primeira decisão é hoje (7).

A Portuguesa não joga o Paulistão desde 2015, ano em que sofreu um dos cinco rebaixamentos que sofreria em cinco anos - um por temporada. Antes na elite do Campeonato Brasileiro, o clube despencou: há três anos não disputa sequer a Série D. No Estadual, luta para ao menos voltar a ser competitiva. Esta temporada começou com cara de frustração, mas as esperanças aumentaram muito desde que Marchiori chegou.

Em dez jogos, o treinador tem sete vitórias e 76% de aproveitamento com a Lusa, que às 17 horas (de Brasília) de hoje visita o XV de Piracicaba no jogo de ida das quartas de final da Série A2. Dos oito sobreviventes - um grupo que também inclui São Bernardo, São Caetano e Juventus-SP -, apenas dois vão subir.

"A mentalidade agora é não permitir erros, porque cada erro custa a classificação", alerta o técnico Fernando Marchiori em entrevista ao UOL Esporte. "É um confronto duríssimo, contra outra das equipes favoritas ao acesso, completa e bem treinada. É jogo de detalhes, temos que estar ligados".

Fernando Marchiori - Divulgação/Portuguesa - Divulgação/Portuguesa
Na Lusa, Marchiori vive sequência de quatro vitórias e nove jogos sem perder
Imagem: Divulgação/Portuguesa

No mata-mata, a Portuguesa enfrenta não só o XV, mas também a pressão inerente ao centenário do clube. "Com certeza aumenta [a pressão], porque nós queremos dar o retorno e ver a colônia feliz depois de tantos anos de sofrimento. Cria-se uma expectativa maior, um clima maravilhoso, mas nós temos que esquecer isso e trabalhar. Temos que ter equilíbrio e tirar este peso das costas", afirma Marchiori.

O técnico comemora os bons resultados, mas admite que a Lusa ainda não rende tudo o que pode. Por isso as mudanças de estilo de uma partida para outra: às vezes recolhida, às vezes com mais posse de bola. "Pelo pouco tempo, a equipe ainda não está amadurecida, mas tem uma evolução", pondera.

"O que nós gostamos é de entender o adversário para saber quando podemos atacar ou não. A cada jogo o desenho tático muda, para causar surpresa no adversário e tentar ter o controle dos jogos. A busca é sempre pelos ajustes, e se expondo o menos possível", resume o treinador.

Confira outras respostas do técnico da Lusa

UOL Esporte: Em quais técnicos você se espelha?

Fernando Marchiori: Admiro todos os bons: no Brasil temos Tite, Mano Menezes, agora escolas mais jovens com treinadores bons. Nos gigantes europeus tem muita coisa boa que a gente consegue aprender um pouco, adaptar dentro da filosofia. Agora, não adianta eu me espelhar no Barcelona se na Portuguesa não tiver jogadores com as mesmas características. Minha tentativa é ter a equipe organizada, com intensidade e leitura. A partir disso as coisas vão se encaixando, e o individual vai saindo naturalmente.

O que explica a sequência de bons resultados da Portuguesa desde a sua chegada?

O trabalho do Moacir Jr. [o técnico anterior] vinha sendo muito bem executado, ele é um grande profissional. Há momentos que é preciso ter a felicidade: teve vários jogos com ele em que o time criou, poderia ter vencido, mas as coisas acabaram não acontecendo. Quando o resultado não vem, os próprios jogadores ficam um pouco para baixo emocionalmente. A primeira questão foi mostrar para eles que essa fase iria passar. Infelizmente no nosso futebol é assim: às vezes com dois ou três resultados ruins, troca-se o treinador.

O presidente da Portuguesa, Antonio Carlos Castanheira, chegou a dizer que você só sairia do clube "por cima do cadáver" dele. Qual é a segurança que você sente no emprego hoje?

Nós não temos segurança. A segurança aqui é que estamos criando uma grande amizade, o presidente e eu, tem sido bacana. Ele tem visão, vem mudando o clube de forma inteligente, então é diferente de muitos cenários que a gente vê por aí. Ainda assim, é o que sempre falo: como envolve paixão, momentos difíceis, a gente espera que isso possa realmente se sustentar. Sinto que temos que fazer o melhor a cada jogo, sem me apegar a isso. Se você se apegar a resultado, vai ficar louco neste nosso futebol.