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Football Leaks: Fiquei indignado e decidi publicar, diz hacker responsável

"Nunca fiz nada por dinheiro", disse Rui Pinto sobre vazamentos a partir de 2015 - RAFAEL MARCHANTE
"Nunca fiz nada por dinheiro", disse Rui Pinto sobre vazamentos a partir de 2015 Imagem: RAFAEL MARCHANTE

Da RFI

04/09/2020 16h31

O hacker português Rui Pinto disse hoje a um tribunal de Lisboa na abertura de seu julgamento que seus "Football Leaks" ("vazamentos do futebol", em que denuncia crimes ligados ao esporte) são "um motivo de orgulho e não de vergonha".

"Fiquei indignado com o que descobri e decidi tornar isso público", disse o jovem de 31 anos em uma breve declaração no início de um julgamento que deve durar vários meses.

"Meu trabalho como denunciante acabou", acrescentou, com o rosto coberto por uma máscara sanitária. "Nunca fiz nada por dinheiro."

Os documentos que Rui Pinto hackeou e divulgou a entidades noticiosas como "Football Leaks", organizados a partir do final de 2015, trouxeram à tona revelações do mundo do futebol.

Publicadas por um consórcio de meios de comunicação, o European Investigative Collaborations, estas revelações expuseram mecanismos de evasão fiscal, suspeitas de fraude e corrupção envolvendo vários clubes europeus, dirigentes e craques como o português Cristiano Ronaldo, o francês Paul Pogba, o argentino Lionel Messi e o inglês David Beckham.

Noventa acusações contra o hacker

Pinto enfrenta 90 acusações, incluindo uma série de crimes informáticos e, mais seriamente, tentativa de chantagem contra a Doyen Sports, um fundo de investimento, que desencadeou a investigação ao apresentar uma queixa em outubro de 2015. Em Portugal, a tentativa de extorsão pode ser punida com até 10 anos de prisão.

Seus advogados insistem que ele é "um denunciante europeu muito importante" e planejam chamar 45 testemunhas, incluindo Edward Snowden, um ex-funcionário da inteligência americana acusado de espionagem, e a ex-juíza financeira francesa Eva Joly.

Depois de vazar os documentos hackeados em 2016, Pinto fugiu de Portugal e se refugiou na Hungria, onde passou quatro anos antes de ser rastreado e extraditado para Portugal em março de 2019.

No retorno, foi colocado em prisão preventiva por um ano. Ele recebeu o direito à prisão domiciliar depois de cooperar com promotores portugueses, dando-lhes acesso a uma grande quantidade de documentos criptografados ainda não publicados.

(Com informações da AFP)