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Inscrição atrasada e corte de verba: como Paulista Feminino perdeu 4 times

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Imagem: Divulgação

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

02/09/2020 04h00

A edição 2020 do Campeonato Paulista de futebol feminino será muito diferente do formato pensado pela Federação Paulista de Futebol (FPF) no início do ano. As dificuldades impostas pela pandemia do coronavírus resultaram na desistência de quatro times, que sofreram com fuga de patrocinadores, corte de verbas públicas e perda de prazos, por isso acabaram excluídos do Estadual.

Caldeirão FC, Inter Franca, Portuguesa e União Mogi desistiram do Paulistão Feminino deste ano, que começa no próximo dia 30, em versão reduzida com 12 equipes. Os quatro times estavam entre os participantes do campeonato que começaria em abril e acabou suspenso por causa da Covid-19.

Os quatro times tiveram problemas diferentes, mas todos eles em consequência da pandemia. O União Mogi viu os patrocinadores sumirem; a Portuguesa também, e quando conseguiu um já não tinha mais tempo para se inscrever.

"Nesta retomada, perdemos os quatro patrocinadores que tínhamos. E o Paulista não é um campeonato barato, então fomos atrás de novos patrocínios. Um aceitou, mas era tarde", conta Prisco Palumbo, treinador e espécie de "faz-tudo" do feminino da Portuguesa. "Infelizmente, só conseguimos entregar o ofício para a FPF na terça-feira (25), um dia depois do prazo que eles tinham estipulado."

Palumbo argumenta que a federação "poderia ter tido uma consideração" com o clube, mas não culpa a organização pela exclusão do Estadual. "Não os culpo: regulamento é regulamento. Não deu tempo de entregar os papéis", lamenta, tomando a frustração como pessoal no ano do centenário da Portuguesa. "Já tem quatro noites que não durmo."

Além da Lusa e do União Mogi, o Caldeirão FC e o Inter Franca ficaram fora porque o interior do Estado de São Paulo vive situação muito delicada durante a pandemia. O primeiro não pode treinar, uma vez que a prática de esportes coletivos ainda está vetada na cidade de Piracicaba; e o segundo achou melhor não arriscar a saúde do elenco, pois a curva de contaminação em Franca ainda está em alta.

"O dinheiro que temos disponível para o futebol feminino vem todo da Prefeitura [de Piracicaba], e houve um corte de 30%, que foram repassados para a área da saúde da cidade. É lá que estão mais precisando. Esse corte impossibilitou que a gente participasse do Paulista", explica Leandro Silva, treinador do Caldeirão.

O Inter Franca também contava com recursos públicos municipais que acabaram redirecionados para o combate à pandemia. "Foi uma medida muito difícil, mas colocar os profissionais em risco seria uma decisão muito séria a se tomar", afirma o diretor de esportes Eduardo Pimenta.

Sem as quatro equipes, o Campeonato Paulista Feminino terá 12 participantes, divididos em dois grupos na primeira fase. Ferroviária, Palmeiras, Realidade Jovem, Red Bull Bragantino, São Paulo e Taboão da Serra estão no grupo 1; Corinthians, Juventus, Nacional, Santos, São José e Taubaté formam o grupo 2.