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Da Batalha dos Aflitos a gol de CR7: 'foi um prazer', diz heroi do Grêmio

Rodrigo Fatturi/Grêmio FBPA
Imagem: Rodrigo Fatturi/Grêmio FBPA

Jeremias Wernek e Vanderlei Lima

Do UOL, em Porto Alegre e São Paulo

29/08/2020 04h00

Rodrigo José Galatto está na história do Grêmio pelo jogo contra o Náutico, na Série B do Brasileirão de 2005, mas não parou ali. Em entrevista ao UOL Esporte, o ex-goleiro conta causos da carreira que seguiu por Athletico-PR, Bulgária, Espanha e Suíça. Com destaque para outra Batalha, nos tempos de Málaga-ESP: o duelo com Cristiano Ronaldo.

Galatto parou há cinco anos e já teve restaurante com frutos do mar em sociedade com a esposa. Hoje, administra investimentos, faz faculdade de educação física e toca a vida na região metropolitana de Porto Alegre. Os planos são trabalhar com futebol de novo.

"Consegui realizar os meus sonhos. Jogar com a camisa do Grêmio, ser campeão no Grêmio. Jogar na Europa, poder jogar contra grandes clubes. Fico muito feliz pela minha trajetória e não me arrependo de nenhum momento", disse o ex-camisa 1. "Estou estudando e quero desenvolver uns projetos voltado a goleiro, porque foi a minha posição isso aí eu entendo e posso orientar alguns meninos que querem ser goleiros", acrescentou.

O último clube de Galatto foi o Juventude, mas ele nem contabiliza a passagem. Explica-se.

"Quando eu cheguei lá o goleiro estava muito bem e não deu oportunidade de jogar e a gente não classificou para as fases seguintes da Série C e aí o meu contrato acabou cedo, foi um período bem curto mesmo", contou.

Sem aulas atualmente, em reflexo da pandemia do novo coronavírus, Galatto tem tempo e até topa fazer lista dos melhores goleiros do Brasil na atualidade.

"Gosto do Santos, do Athletico-PR. Quando eu joguei lá, ele era da categoria de base. Gosto do Weverton do Palmeiras. Acho ele muito rápido e tem uma boa reposição. E o Fábio, do Cruzeiro, que é um baita de um goleiro, que vem há tempos se destacando. Vejo que eles são fundamentais para as equipes".

Ao revisitar a carreira, Galatto não precisa de mais que uma fração de segundo para apontar a Batalha dos Aflitos como o grande jogo da vida. A ponto de sempre ser assunto.

"Lá na Europa, ali pela quarta ou quinta pergunta da minha carreira eles [torcedores, colegas de time e jornalistas] perguntavam da Batalha dos Aflitos. Se realmente aconteceu, se não era nada esquematizado e essas coisas todas. Então pra mim, sem dúvida, é um título que eu carrego com muito orgulho e na história do futebol eu não vi nenhum clube com menos quatro jogadores e dois pênaltis contra conseguir sair com o resultado positivo".

A filha de Galatto, Lívia, aprendeu desde cedo a lidar com a forma como o pai é chamado.

"Ela nasceu quando eu estava jogando no Criciúma, então ela vê um gremista que vem me cumprimentar ela já começa 'Galaaaaaatto, Galaaaaatto!' (risos). Por causa das narrações daquele jogo com o Náutico", brincou o ex-goleiro.

Depois de pegar um pênalti em Recife, Galatto teve lesão na cabeça em 2006 e ficou toda temporada em recuperação. Também teve problemas de ligamentos, mesmo sem cirurgia, e deixou o estádio Olímpico em 2008. Dois anos mais tarde, se viu diante de outra Batalha.

"Eu tive o prazer de jogar contra o Cristiano Ronaldo e até brincava com os meus companheiros do Málaga: 'hoje o Cristiano Ronaldo não vai fazer (gol)', mas naquele dia ele acabou fazendo dois gols no mesmo jogo. Foi o jogo Málaga e Real Madrid, na temporada 2010/11, e nós perdemos por 4 a 1. Um gol foi de pênalti, e tal. E a gente até brinca: 'pô, tomar gol de um cara como esse aí é motivo até de prazer!' (risos). Claro que tomar gol ninguém quer, mas poder jogar contra ele foi uma honra muito grande, sem dúvida".

Confira outras respostas de Galatto

UOL Esporte: Qual a torcida mais chata que já jogou contra?

Galatto: A do Náutico. Lá a torcida... O nordestino tem essa fama de ficar atrás do gol, com o radinho e eu joguei lá em 2005 quando a gente foi campeão com o Grêmio, depois 2007 a gente voltou lá e em 2008 e 2009 eu joguei com o Athletico-PR. Eu pegava na bola e era aquela vaia toda, então são esses torcedores que pegam no pé.

Qual o jogador mais provocador que já enfrentou o que ele falou?

A mim ele não falou nada, mas eu me lembro do Valdívia. Quando jogava no Palmeiras, não é que ele falava, mas ele era meio arrogante assim... E o D'Alessandro, do Inter, também. Ele quer apitar o jogo.

UOL Esporte: Monte o seu time de 1 a 11 com os melhores jogadores por posição que já viu jogar

Galatto: Goleiro? Eu! (risos). Depois vem Arce, Kanemann e Geromel e Roger. Mais Sandro Goiano, Lucas Leiva, Tcheco e Ozil. Cristiano Ronaldo e Ibrahimovic.