No ritmo do energético que dá novo nome ao clube, o Red Bull Bragantino fez partida elétrica e bateu o Fluminense por 2 a 1 no Nabi Abi Chedid, com gols de Alerrandro e Luiz Phelipe — Nenê descontou para o Tricolor. Esta foi a primeira vitória do clube de Bragança Paulista no Campeonato Brasileiro.

Fora da Série A desde 1998, o Bragantino também voltou a vencer na primeira divisão após 22 anos. Com a vitória, a equipe comandada por Felipe Conceição subiu para o oitavo lugar, com cinco pontos. Já o Flu, que amargou sua segunda derrota em cinco jogos, perdeu uma posição e caiu para o 10º lugar na tabela do Brasileirão.

O jogo

A partida começou em ritmo muito acelerado. Com menos de um minuto, Matheus Jesus chutou de fora da área, Muriel espalmou errado para a frente e Alerrandro abriu o marcador. Mas não deu nem tempo de modificar o placar: Araújo avançou rápido pela direita e achou Julião, que deu lindo passe de calcanhar para Nenê chapar de fora da área e empatar.

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Os quinze primeiros minutos seguiram avassaladores. Aos sete, o Flu respondeu em jogada pela esquerda: Nenê achou Evanílson na área, mas o camisa 99 tentou dominar, finalizou fraco e parou em Cleiton. Já aos 14, Artur recebeu enfiada de Claudinho e tirou tinta ao tocar na saída de Muriel.

A partir daí, a partida virou um verdadeiro festival de erros, também forçados pela marcação forte das duas equipes. O Tricolor tentava sem muito sucesso complicar a saída de bola do Bragantino no campo de ataque, enquanto o time da casa, muito mais veloz, atrapalhava a construção de jogo do Flu em todo o campo, posicionado em grande do primeiro tempo com os 10 jogadores de linha à frente da linha de meio de campo.

Na volta para a segunda etapa, o Flu tentou estratégia diferente: postou mais homens do meio para a frente e segurou mais a bola. Na prática, o Tricolor usava a posse para se defender da velocidade do Bragantino. Nos primeiros minutos, funcionou. Para tirar o dez, faltou o gol: aos 15, Yuri roubou bola na área e tocou para Evanílson, que se embolou e passou para Michel Araújo. O uruguaio bateu firme, mas a bola desviou e subiu.

Com a ideia de segurar mais a posse, Odair trocou Nenê por Ganso. A mexida até funcionou para a posse, que melhorou ligeiramente, mas o Tricolor perdeu poder de fogo. Aos 30, por exemplo, o camisa 10 segurou o passo e tentou cavar pênalti em vez de bater de pé trocado em contra-ataque puxado por Evanílson.

Além disso, o Flu seguiu sufocado pela velocidade e a marcação alta do Bragantino. A pressão surtiu efeito no fim do jogo: aos 37, Bruno Tubarão, que acabara de entrar, ganhou de Dodi e Egídio na raça e achou Luiz Phelipe, sozinho na área. O atacante do Red Bull colocou sem chances para Muriel para ficar novamente à frente do placar.

A fatura ainda poderia aumentar: aos 41, Nino passou na fogueira para Michel Araújo, que perdeu a bola. Alerrandro bateu firme, e a bola desviou na mão de Nino. O árbitro marcou pênalti, mas o VAR anulou: no passe antes da roubada e do passe errado do zagueiro tricolor, Luiz Phelipe estava impedido.

Foi bem: centralizado, Nenê marca um golaço

Nos nomes, o Flu teve a mesma escalação dos últimos dois jogos. Mas em campo, a equipe estava postada diferente: o tripé de meio campo tinha Yuri recuado, Dodi pela esquerda e Michel Araújo pela direita. À frente, solto, Nenê estava mais próximo do gol e solto entre as linhas. O posicionamento se mostrou acertado no segundo tempo contra o Internacional e também nesta noite: com menos de dois minutos, o camisa 77 recebeu a bola na entrada da área e marcou um golaço.

Depois, foi quem mais criou chances no Fluminense, voltando à forma do início do ano quando Odair Hellmann enfim repetiu o posicionamento que dava certo no início do Campeonato Carioca. O meia de 39 anos não fazia gol sem ser de bola parada desde 09 de fevereiro: de lá para cá, todos os seis gols vieram de bola parada.

Foi mal: sonolento, Marcos Paulo não repete melhores atuações

Um dos melhores jogadores do Fluminense na temporada, Marcos Paulo não repetiu suas melhores atuações em Bragança Paulista. O camisa 11 da equipe de Odair Hellmann ficou muito preso à ponta esquerda e, para, piorar, errou tudo o que tentou, entre passes, dribles e cruzamentos. Não à toa, acabou substituído no intervalo para a entrada de Luiz Henrique, que entrou bem no jogo.

Igor Julião faz mais uma partida ruim e falha em gol decisivo

O lateral-direito Igor Julião também foi destaque negativo do Fluminense no jogo. Na frente, deu belo passe de calcanhar para Nenê empatar o jogo aos dois minutos, mas depois, errou quase tudo o que tentou. Com a bola, não agrediu, e na defesa, falhou em um momento decisivo — a jogada, é verdade, só aconteceu por erro anterior de Egídio e Dodi —, o do gol da vitória do Bragantino. Em vez de marcar o jogador que acompanhava desde o início da jogada (Luiz Phelipe), o camisa 21 deixou o atacante solto na área. Ao receber de Bruno Tubarão com muito espaço, o jogador do Red Bull precisou só escolher o canto e comemorar.

Bem treinado, Massa Bruta sufoca no ataque

O jogo coletivo do Red Bull Bragantino funciona e muito bem. O time passa grande parte do tempo com a bola dominada no campo de ataque, e geralmente com o time todo à frente da linha do meio de campo. Não à toa, o time sufoca tanto na marcação quanto nos momentos de transição para o ataque. Os erros técnicos individuais ainda atrapalham um pouco: desde o goleiro Cleiton até o centroavante Alerrandro, todos erraram muitos passes, dificultando a criação do time de Felipe Conceição. Destaque para os habilidosos Claudinho e Artur.

Uniformes escuros confundem

Visitante, o Fluminense viajou para Bragança Paulista com sua camisa tricolor e calções e meiões grená. O Red Bull Bragantino, de uniformes geralmente brancos quando mandante, decidiu estrear sua terceira camisa azul marinho. Em campo, a confusão não foi tanta, mas fora dele, para acompanhar a partida, os uniformes escuros confundiam bastante os telespectadores. Com portões fechados por conta da pandemia do novo coronavírus, a televisão era a única maneira de assistir o jogo.

FICHA TÉCNICA
RED BULL BRAGANTINO 2 X 1 FLUMINENSE

Local: Nabi Abi Chedid, em Bragança Paulista (SP)
Data/Hora: 19 de Agosto de 2020, às 19h15 (horário de Brasília)
Árbitro: Jean Pierre Goncalves Lima (RS)
Assistentes: Leirson Peng Martins (RS) e Lúcio Beiersdorf Flor (RS)
VAR: Anderson Daronco (RS)
Cartões amarelos: Artur, Matheus Jesus, Luis Phelipe, Edimar (RBB); Nenê, Yuri, Egídio, Evanilson, Igor Julião, Ganso (FLU)
Cartões vermelhos: -
Gols: Alerrandro, do RB Bragantino, aos 50 segundos do primeiro tempo; Nenê, do Fluminense, ao 1 minuto do primeiro tempo; Luis Phelipe, do RB Bragantino, aos 37 minutos do segundo tempo

RED BULL BRAGANTINO: Cleiton, Adelan, Léo Ortiz, Fabrício Bruno e Edimar; Barreto (Lucas Evangelista), Matheus Jesus (Weverson), Claudinho (Bruno Tubarão); Artur (Robinho), Morato (Luis Phelipe) e Alerrandro. Técnico: Felipe Conceição

FLUMINENSE: Muriel, Igor Julião, Luccas Claro, Nino e Egídio; Yuri, Dodi (Fernando Pacheco), Michel Araújo (Caio Paulista); Nenê (Ganso), Marcos Paulo (Luiz Henrique) e Evanílson. Técnico: Odair Hellmann