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Como Atalanta e Palmeiras são "unidos" por Evair e mal sabem disso

Atacante Evair nos tempos de Atalanta, no futebol italiano - Reprodução
Atacante Evair nos tempos de Atalanta, no futebol italiano Imagem: Reprodução

Do UOL, em Santos (SP)

12/08/2020 04h00

Adversário do PSG de Neymar no jogo decisivo de hoje (12), pelas quartas de final da Liga dos Campeões, às 16h (de Brasília), a Atalanta tem um ídolo em comum com o Palmeiras: Evair, atacante que chegou ao clube italiano em 1988 e, no começo da década seguinte, retornou ao Brasil para deixar seu nome gravado na história alviverde.

Os clubes podem conhecer pouco um do outro, mas fato é que Evair mantém Palmeiras e Atalanta 'unidos' de certa forma, uma vez que a trajetória do ex-atacante moldou a forma como seus torcedores o enxergam na condição de ídolo.

Evair não conquistou títulos pela Atalanta, mas ajudou a equipe a disputar a Copa da Uefa (atual Liga Europa) pela primeira vez depois de um inédito sexto lugar no Italiano de 88/89. Ele defendeu o time italiano por quase três anos, entre 1988 e 1991, disputou 89 jogos oficiais e marcou 30 gols. Tais números fizeram de Evair o maior ídolo brasileiro do clube até hoje.

Allianz Parque, antes da final do Campeonato Paulista - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

A idolatria na cidade de Bergamo poderia ser ainda maior, talvez com a conquista de um título ou de mais tempo de casa, mas Evair optou por retornar ao Brasil ainda antes do fim do contrato, que se encerraria em 1992. Surgiu, então, o Palmeiras, clube que retomaria o protagonismo a partir de 1993, com a conquista do Campeonato Paulista e o fim da fila de 16 anos, sacramentado justamente com um histórico gol de pênalti de Evair sobre o maior rival, o Corinthians.

Pelo Alviverde, Evair ainda faturou outro Paulista, em 1994, dois Brasileiros (93 e 94), um Rio-São Paulo (93), e, apesar de reserva, foi importantíssimo ao converter o pênalti no tempo normal da grande decisão da Copa Libertadores de 1999, contra o Deportivo Cali, no Parque Antárctica.

A saída precoce da Atalanta fez Evair se tornar peça-chave na reconstrução do Palmeiras junto com a empresa Parmalat, no início da década de 90. Mas, apesar da diferença nas duas passagens com relação a títulos, o atacante se vê tão ídolo do clube italiano como do brasileiro.

"O relacionamento do atalantino comigo é maior do que o que eu tenho com o palmeirense. A Atalanta não ganhou nenhum campeonato, não chegou a nenhuma final... Chegamos a disputar a Copa da Uefa, pois chegamos em sexto lugar no Italiano. Jogávamos contra o Milan, que tinha um timaço e era o campeão do mundo na época, contra a Inter, que tinha os alemães, e conseguíamos vencer. Então, era uma fase que o atalantino ficou maravilhado", disse Evair em recente entrevista ao UOL Esporte.

A reportagem ainda reforçou a pergunta sobre a idolatria nos dois clubes, recordando o histórico pênalti contra o Corinthians. Mas a opinião continuou a mesma: "Se você falar especificamente desta data, não [relação com o atalantino], mas se pegar um geral por aquilo que eu fiz lá e por aquilo que eu fiz aqui, a proporção de lá é uma coisa incrível, não dá para mensurar, só vendo mesmo".

Idolatria na Itália influenciou relação com palmeirenses

Evair ainda guarda com carinho a marcante passagem pela Atalanta. Segundo ele, a experiência, inclusive, foi determinante para que, depois, a relação com os palmeirenses fosse tão especial.

"Acho que ter passado lá foi uma grande experiência para chegar em São Paulo [Palmeiras na metade de 1991] e entender o que significa um time para uma torcida, que é algo impressionante. Então, essa é uma situação que fez com que a gente percebesse o quanto o palmeirense é apaixonado, foi uma experiência muito bacana neste sentido", acrescentou.

Nada de arrependimentos

Evair desembarcou na Atalanta em 1988, com dois anos de contrato. Depois, renovou por mais dois, mas deixou a equipe antes do término do vínculo, por opção, para se transferir para o Palmeiras. Ficou algum arrependimento por não ter completado a passagem?

"No final do terceiro [ano de contrato], eu pedi para voltar ao Brasil, porque achava que já estava bom, que era o meu limite e que o momento de voltar era aquele ali", recordou. "Valeu a pena porque peguei o time do Palmeiras numa fila de 16 anos e, com a minha experiência, ajudei a conquistar o Campeonato Paulista. Então, não tem como dizer que me arrependi em voltar ao Brasil".

Ainda atalantino? "Acompanho sempre"

Evair diz sempre acompanhar o ex-time, ainda mais agora que ele voltou a ficar em evidência no futebol europeu. Fora isso, tem outro motivo para estar sempre de olho na equipe de Bérgamo.

"Acompanho sempre, até mesmo porque me ligam direto e tenho que ter alguma coisa para falar. O treinador Gian Piero já está lá há muitos e muitos anos e é um estilo de jogo que ele implantou que faz uma diferença muito grande", analisou o atacante que, apesar de não ter mais tanta ligação com a Atalanta, ainda é lembrado para datas marcantes do clube.

"O contato que tive com mais próximo com eles foi no Centenário da Atalanta [outubro de 2007], estive presente em Bergamo. E alguns anos depois que eu saí de Bergamo, a Atalanta tinha caído da primeira divisão e, quando subiu, eles queriam que eu estivesse lá presente na festa deles. Foi uma situação diferente. E do centenário tem até uns vídeos no YouTube, foi uma festa incrível, e eu tive o prazer de estar presente nessa festa, foi bacana", lembra.