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T. Nunes luta para dar cara ao Corinthians e se escora em defesa por tetra

Tiago Nunes, treinador do Corinthians, em partida do Campeonato Paulista deste ano - Marcello Zambrana/AGIF
Tiago Nunes, treinador do Corinthians, em partida do Campeonato Paulista deste ano Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Samir Carvalho

Do UOL, em São Paulo (SP)

06/08/2020 04h00

O técnico Tiago Nunes decide o Campeonato Paulista no próximo sábado, diante do Palmeiras, no Allianz Parque, ainda lutando para dar a sua cara ao Corinthians. O treinador chegou para resolver o problema do ataque alvinegro, pouco produtivo nos últimos anos, mas hoje se escora na defesa para conquistar o tetracampeonato paulista.

Defensor do futebol ofensivo, Tiago Nunes agora exalta a sua defesa após cada partida. Não é por acaso. Desde a retomada do futebol, o Corinthians disputou cinco jogos e não sofreu gol em nenhum deles. Foi assim ontem no empate por 0 a 0 com o Palmeiras em casa, no jogo de ida da final.

Defensivamente fizemos mais uma partida muito boa. Compacta, com uma linha defensiva mais alta no bloco médio, e é difícil contra uma equipe veloz e que joga com a bola longa, sustentar essa linha. Conseguimos ter um bom equilíbrio defensivo, pela entrega dos jogadores, competitividade, pelo entendimento na hora de pressão

Ataque acerta pouco o gol

Jô - ALEX SILVA/ESTADÃO CONTEÚDO - ALEX SILVA/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: ALEX SILVA/ESTADÃO CONTEÚDO

O problema é que se a defesa resolve, o ataque é pouco eficaz. Em cinco jogos desde o retorno, o time marcou seis gols, e apenas um foi marcado por um atacante: Jô, de cabeça, contra o Red Bull Bragantino. O restante foi feito pela dupla de zaga, Gil e Danilo Avelar (um gol cada), e o volante Ederson, autor de três gols.

O problema é a falta de criação. O Corinthians de Tiago Nunes agora finaliza pouco. Em cinco jogos, o Timão finalizou 48 vezes, média de 9,6 tentativas por jogo. E quando o assunto é aproveitamento a situação fica pior. Dos 48 chutes, apenas 17 foram no gol adversário, apenas 35,4% de finalizações corretas.

Tiago Nunes hoje opta por jogar sem um atacante de profundidade pelos lados do campo. Após testar Janderson e Everaldo em vários jogos, sem sucesso, o treinador optou por manter o meia Mateus Vital aberto do lado esquerdo, e Ramiro do lado direito.

Os dois jogadores gostam de cortar para dentro e buscar jogadas pelo meio. São raros os lances de linha fundo. Com isso, o Corinthians depende exclusivamente de Fagner para ter profundidade, pois o lateral do "outro lado", Carlos Augusto, é mais defensivo e pouco busca a linha de fundo.

Toca, toca...

Tiago Nunes que se consagrou pelo futebol vertical no Athletico-PR e manteve isso em seus primeiros dois meses de Corinthians, hoje prioriza o futebol de troca de passes e aproximação. Com isso, o seu time toca mais a bola e fica menos objetivo.

Assim como a defesa, Tiago Nunes também elogia a nova característica de sua equipe. "O Corinthians tentou buscar trabalhar um pouco mais a bola, buscar um jogo de aproximação, de pé em pé", disse após o empate sem gols ontem.

Tiago Nunes também tenta definir a saída de bola da equipe. O treinador que não renunciava a dois volantes criativos e iniciou o ano com Camacho e Cantillo de volante, hoje tem Gabriel como titular absoluto. O camisa 5 se destaca pela marcação, mas é pouco criativo para armar jogadas.

O treinador acertou quando apostou em Éderson, volante contratado do Cruzeiro. Com característica mais vertical, ele arma as jogadas na defesa e chega com força ao ataque. Não foi por acaso que marcou três gols desde a retomada do futebol.

Corinthians depende de "brilho"

Jô e Luan - Rodrigo Coca/Agência Corinthians - Rodrigo Coca/Agência Corinthians
Imagem: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Para não ficar refém da defesa, Tiago Nunes terá que contar com um "brilho" de seus atletas ofensivos, assim como aconteceu na final do Paulista no ano passado, quando Vagner Love marcou um belo gol no final da partida e garantiu o título contra o São Paulo.

Hoje, apesar do ataque ser discreto, o Corinthians conta pelo menos com dois jogadores que já brilharam bastante em suas carreiras: casos de Luan e Jô. O primeiro já foi ídolo do Grêmio e considerado o melhor jogador da América do Sul há três anos.

Jô, por sua vez, foi campeão paulista e brasileiro pelo Corinthians em 2017. No mesmo ano, ele se tornou o primeiro jogador do Alvinegro a ser artilheiro do Campeonato Brasileiro, ao marcar 18 gols.