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Chef que ofendeu Marinho diz que tinha grupo no Whatsapp chamado "senzala"

Adriano Wilkson e Eder Traskini

Do UOL, em São Paulo e Santos

04/08/2020 11h04

Depois de ser demitido da rádio "Energia 97FM" por ter feito um comentário racista contra o atacante Marinho, o chef Fabio Benedetti explicou o motivo de ter associado a palavra "senzala" ao jogador do Santos, que é negro. De acordo com o comentarista, tratou-se de uma a referência a um grupo de Whatsapp do qual ele fazia parte com amigos.

Na última quinta-feira (30), ao ser questionado sobre o que diria a Marinho, que havia sido expulso da partida contra a Ponte Preta, Benedetti afirmou: "Eu vou falar assim: 'Você é burro, você está na senzala, você vai sair do grupo uma semana para pensar sobre o que você fez.'"

Em nota enviada à reportagem hoje, Benedetti afirmou: "Eu participava de um grupo de WhatsApp com muitas pessoas (envolvidas no esporte ou não) e com algumas regras. Quem não as cumpria, como forma de reflexão, era mandado para um grupo paralelo que tinha o nome de 'Senzala'. Fiz questão de esclarecer isso, imediatamente, ao próprio Marinho, que prontamente aceitou as minhas desculpas."

O caso gerou grande repercussão nas redes sociais, principalmente depois que Marinho gravou um vídeo indignado com a agressão e chorando. O UOL Esporte apurou que o elenco santista também se revoltou com o comentário e prestou solidariedade ao atacante. O zagueiro Luiz Felipe e o volante Alison foram dois entre os mais indignados.

Atacante do Santos fez gol e foi expulso contra a Ponte Preta Imagem: Divulgação/Santos FC

Benedetti, por outro lado, afirmou que Marinho "foi e está sendo muito bacana comigo nos contatos mantidos".

O comentarista classificou o episódio como um "fato de racismo cultural e estrutural" e que um grupo de Whatsapp chamado "Senzala" "sequer deveria existir."

"De todo modo, ainda que não tenha havido a intenção de ofender deliberadamente ninguém (especialmente o Marinho), não se justifica, ainda que por um fato de racismo cultural e estrutural, como a utilização de uma palavra indevida que não pode ser aceito nos dias de hoje. Cometi um ato falho, que não representa meus valores, me penitencio por isso e estou aprendendo com isso, afirmou Benedetti.

Ele disse que tem tido contato com "amigos e pessoas do movimento antirracista".

O apresentador Hilton Malta, o Sombra, que comanda o programa "Estádio 97", do qual o comentarista fazia parte, disse que sua demissão era uma forma de mostrar que a emissora "reitera seu compromisso com a retidão".

Benedetti disse que respeita a decisão da rádio de demiti-lo "pois está sendo cobrada pelo julgamento do tribunal da internet."

Benedetti é sócio do Santos. Existe um movimento nas redes sociais pedindo sua exclusão do quadro associativo. A reportagem apurou, porém, que um processo do tipo só pode ser iniciado pelo Conselho Deliberativo do clube ou pelo Comitê de Gestão.

Leia a nota de Chef Benedetti

Quero expor que minha resposta no dia do jogo foi em cima de uma pergunta sobre um grupo de WhatsApp.

Eu participava de um grupo de WhatsApp com muitas pessoas (envolvidas no esporte ou não) e com algumas regras. Quem não as cumpria, como forma de reflexão, era mandado para um grupo paralelo que tinha o nome de "Senzala".

Fiz questão de esclarecer isso, imediatamente, ao próprio Marinho, que prontamente aceitou as minhas desculpas. Ele foi e está sendo muito bacana comigo nos contatos mantidos.

De todo modo, ainda que não tenha havido a intenção de ofender deliberadamente ninguém (especialmente o Marinho), não se justifica, ainda que por um fato de Racismo Cultural e Estrutural, como a utilização de uma palavra indevida que não pode ser aceito nos dias de hoje.

Cometi um ato falho, que não representa meus valores, me penitencio por isso e estou aprendendo com isso.

O nome do grupo sequer deveria existir!

Mas é importante frisar que não foi um ato de racismo pontual e deliberado, mas de algo enraizado, cultural. Não percebemos , como sociedade, o peso de uma palavra representativa de uma história sofrida de um povo.

Assumo o meu erro e junto com amigos e pessoas do Movimento Antirracista, com quem tenho mantido contato, estou aprendendo muito. Peço desculpas a todos.

Reitero aqui o meu compromisso de promover debates em minhas redes sociais e prometo me empenhar para aprender e lutar contra o racismo e toda forma de preconceito.

Sobre o meu afastamento da rádio, embora a direção saiba de todo o contexto em que tudo ocorreu, desde o início, respeito a decisão tomada pela empresa, pois está sendo cobrada pelo julgamento do tribunal da internet.

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