Lateral do Tottenham se diz cansado de abordagens policiais racistas
O lateral Danny Rose, emprestado ao Newcastle pelo Tottenham, relatou hoje uma série de ofensas e comportamentos racistas que tem sofrido desde os 15 anos. Em entrevista ao podcast Second Captains, ele conta que algumas delas vêm de recorrentes abordagens policiais.
"Toda vez é a mesma coisa: 'Este carro é roubado? Onde você conseguiu esse carro? O que você está fazendo aqui? Você pode provar que comprou este carro?'", relata Danny.
O atleta conta que o último caso foi após uma visita à casa de sua mãe, quando teve de estacionar para desligar o motor do carro. A polícia então o abordou, trazendo uma van e três viaturas, quando passaram a interrogá-lo. Segundo os oficiais, havia uma denúncia de que um carro não estava dirigindo corretamente naquela região.
"Então, eu perguntei: 'OK, então por que isso significa que é o meu carro?', Peguei meu documento de identidade e eles me fizeram usar o bafômetro. Para mim, é só mais uma dessas atitudes. O que eu posso fazer? Quinze anos disso acontecendo dentro e fora do campo e nada muda."
Primeira classe
Outro caso que Danny recorda é de uma viagem de trem, em que uma funcionária duvidou que ele pudesse estar na primeira classe.
"Uma das últimas vezes que entrei em um trem, peguei minhas malas e a atendente disse: 'Você sabe que aqui é a primeira classe?'. Eu digo: 'Sim, e daí?'. Eles então pedem para ver minha passagem e eu mostro para a dama e - isso não é mentira - duas pessoas, pessoas brancas, andam no trem atrás de mim e ela não diz nada. Perguntei: 'Você não vai pedir as passagens?' E ela apenas disse: 'Ah, não, não preciso'".
"As pessoas podem pensar que isso acontece, mas para mim isso é racismo. Essas são as coisas que eu tenho que suportar, ser parado o tempo todo e perguntado se eu sei que essa é a primeira classe e para mostrar minha passagem", conclui Danny.
George Floyd
Por fim, Danny se mostra sem esperança quanto a uma melhora do racismo na sociedade, citando o assassinato de George Floyd pela polícia estadunidense, que gerou uma série de protestos antirracistas, dentro e fora de campo.
"Esta é a vida cotidiana para mim, mas me sinto envergonhado até de reclamar ou trazer à tona quando você vê o incidente nos Estados Unidos em que um homem, um homem negro, perdeu sua vida nas mãos de pessoas que deveriam proteger e servir."
"Sempre que denuncio as coisas ou reclamo, você ouve as pessoas dizerem: 'Bem, você tem todo esse dinheiro, então só supera isso [o racismo]'. Eu desisto de esperar que as coisas mudem porque essa é a mentalidade de algumas pessoas em relação ao racismo", conclui.
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