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OPINIÃO

Mauro: "Temos que saber o nosso tamanho, o futebol brasileiro é secundário"

Do UOL, em São Paulo

23/07/2020 04h00

Com um trabalho que se destacou no comando do Flamengo, o técnico Jorge Jesus despertou novamente o interesse do Benfica, que apresentou uma proposta e conseguiu levá-lo de volta a Portugal. O que chama atenção é o fato de times europeus, mesmo sem ser de uma das ligas principais, como a inglesa, a espanhola, a alemã e a italiana, conseguir atrair mais que os times brasileiros, uma vez que o Rubro-Negro tem uma grande torcida e melhor condição financeira.

No podcast Posse de Bola #42, Mauro Cezar Pereira afirma que é preciso haver conscientização da importância do futebol brasileiro atualmente em relação ao de países europeus, além de cobrar que os próprios clubes, como o Flamengo, tomem a iniciativa de melhorar o nível das competições no Brasil e na América do Sul.

"A gente tem que também saber o nosso tamanho dentro do futebol internacional. O futebol praticado no Brasil, ele é totalmente secundário, não que o Benfica seja, o futebol português é periférico hoje na Europa, mas é um cenário em que o cara saiu para ganhar mais, na terra dele, menor risco de sair na rua, ainda mais com um cara de 66 anos, tem todo um contexto, então ele volta para lá", afirma Mauro Cezar (no vídeo a partir de 47:07).

"Isso deveria servir de ponto de reflexão para muita gente, inclusive aos dirigentes do Flamengo, não todos, mas aqueles que pensam só no Flamengo e acham que não precisam de ninguém. Como seria bom se o clube, num momento tão positivo em que está, procurasse se unir a outros para melhorar o bolo, para fazer o nosso futebol melhorar. O Campeonato Brasileiro tem que ser melhor, tem que procurar os argentinos e cobrar da Conmebol para a Libertadores ser melhor, as competições têm que melhorar, elas têm que ser mais atrativas", completa.

O jornalista exemplifica com a questão da venda de direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro para o mercado internacional, enquanto as ligas europeias conseguem fazer ações para vender a marca das competições e dos clubes em todo o mundo, fortalecendo os clubes e a própria liga.

"O futebol brasileiro estava negociando venda internacional agora por um caraminguá, mas é melhor do que nada. Nem pelo dinheiro, pela exposição. Qual é a dificuldade de nós termos todo sábado às 21h um bom jogo do Brasileirão para mostrar na Ásia às 8h, 9h, 10h da manhã, para o mercado asiático, onde moram bilhões de pessoas? Qual a dificuldade? Nem isso tem", critica Mauro.

"Então, vai ser trampolim para qualquer um que vem, é lógico. O Pablo Marí também, o jogador, o Arsenal chamou e ele foi, tem que ir! Pensa bem, você está no futebol brasileiro, não importa o clube, você vai jogar na Premier League, num time grande, por que você não vai? E isso é muito ruim para todos nós aqui, poderia ser melhor. A nossa liga aqui, o nosso campeonato, poderia ser melhor que muitos campeonatos da Europa, não os principais, os quatro maiores lá não tem como competir, mas nós poderíamos ter um Campeonato Brasileiro mais visto que várias competições que acontecem lá e tornar mais atraente para esses profissionais que venham para cá e queiram ficar mais algum tempo por aqui", conclui.

Posse de Bola: Quando e onde ouvir?

A gravação do Posse de Bola está marcada para segundas-feiras às 9h, sempre com transmissão ao vivo pela home do UOL ou nos perfis do UOL Esporte nas redes sociais (YouTube, Facebook e Twitter). A partir de meio-dia, o Posse de Bola estará disponível nos principais agregadores de podcasts.

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