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Bolsonaro diz estar "democratizando o futebol" com MP dos direitos de TV

Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com o broche do Flamengo - Alan Santos/PR/Divulgação
Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com o broche do Flamengo Imagem: Alan Santos/PR/Divulgação

Do UOL, em São Paulo

19/06/2020 17h10

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a se manifestar hoje sobre a MP (Medida Provisória) 984/2020, que mudou a lógica dos direitos de transmissão no futebol brasileiro. Ontem, ele já havia dito em sua live semanal que a medida acabava com "conflitos".

Em mensagem publicada no Twitter, Bolsonaro disse que seu governo está "democratizando o futebol" ao permitir que os clubes mandantes sejam os únicos proprietários dos direitos de arena. O presidente também citou a mudança na distribuição dos 5% do valor arrecadado com esses direitos, que agora vão diretamente para os atletas.

"O clube mandante poderá, por exemplo, transmitir suas partidas via TV ou streaming (internet), se assim desejar. Aos atletas, serão distribuídos, em partes iguais, 5% da receita proveniente da exploração de direitos desportivos audiovisuais. Estamos democratizando o futebol!", escreveu Bolsonaro.

Sem citar a Globo, emissora que desde o fim dos anos 1980 detém os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro e, neste século, tem dominado também a maioria das outras competições na TV brasileira, o presidente disse que a MP dá autonomia a transmissões "antes controladas por monopólios".

"Medida dá aos clubes autonomia na transmissão/reprodução de suas partidas, antes controladas por monopólios, e flexibiliza o tempo mínimo de contrato para garantir empregabilidade aos atletas neste período de instabilidade econômica", disse Bolsonaro.

O texto publicado ontem no Diário Oficial da União modifica a Lei Pelé, que antes previa que os dois clubes em campo em uma partida de futebol eram donos dos chamados direitos de arena. Agora, passam a pertencer exclusivamente ao time mandante.

Globo rejeitou transmitir Bangu x Flamengo ontem

A Globo decidiu não exibir o jogo entre Bangu e Flamengo na noite de ontem, a partida de retorno do Campeonato Carioca após a pausa forçada pela pandemia do coronavírus. A emissora decidiu que não haveria transmissão em nenhuma mídia - TV aberta, TV paga ou mesmo streaming. Na visão do Flamengo, em nota divulgada pelo clube, a emissora carioca poderia exibir o jogo sem maiores problemas. A partida acabou sem exibição e com vitória rubro-negra por 3 a 0 no Maracanã.

Segundo apurou o UOL Esporte, a decisão foi resguardada em uma interpretação da emissora carioca, que entende que a MP não é válida para os contratos fechados antes da nova lei entrar em vigor. Em nota enviada ontem antes do jogo à reportagem, a Globo deixou clara sua interpretação sobre o assunto.

O fato foi discutido durante toda a tarde de ontem em reuniões internas. Profissionais da emissora ficaram de sobreaviso, enquanto o departamento jurídico dava um parecer sobre o assunto - opinião que acabou sendo negativa para a transmissão desta quinta. A MP foi comemorada por clubes, principalmente pelo Flamengo, que não tem contrato com a emissora para a exibição do Carioca 2020.

Na interpretação do clube, a MP vale para o time rubro-negro, já que não existe vínculo. Por isso, existem planos para a exibição da partida entre Flamengo e Boavista pela Fla TV, canal oficial do clube no YouTube. Da sua parte, a Globo diz que "pode tomar medidas legais contra qualquer tentativa de violação de seus direitos adquiridos".