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Por que CBF desistiu de candidatura para sediar Copa feminina em 2023

Lucas Figueiredo/CBF
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Marcel Rizzo e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em São Paulo

08/06/2020 19h22

Através de uma nota divulgada em seu site, a CBF informou que retirou a candidatura do Brasil à sede da Copa do Mundo de futebol feminina de 2023. Em seu texto, a entidade cita que "não foram apresentadas as garantias do Governo Federal e documentos de terceiras partes, públicas e privadas, envolvidas na realização do evento". As explicações, no entanto, vão além.

O UOL Esporte apurou que o recuo tem a ver com uma questão diplomática de evitar um desgaste com o governo do presidente Jair Bolsonaro no momento. Na visão dos interlocutores da confederação, a retirada da candidatura evitar qualquer tipo de pressão no poder público em um momento que as partes tentando dialogar.

Dentre as garantias, estavam um pedido da Fifa por investimentos do Governo, solicitação de responsabilidade federal de entrada e saída dos oficiais da entidade, além de isenção de impostos para ganhos da federação internacional com o evento. Apesar da carta de apoio, o Governo Bolsonaro informou que não garantiria o cumprimento de tais itens.

"Diante do momento excepcional vivido pelo país e pelo mundo, a CBF compreende a posição de cautela do Governo brasileiro", disse a carta, salientando o tom diplomático das conversas.

CBF agrada Conmebol com retirada

Com a decisão, confederação brasileira também agrada outro ator importante envolvido no caso: o presidente da Conmebol, Alejandro Dominguez.

A Conmebol entendeu que duas candidaturas sul-americanas seria ruim, já que trabalha para ter os votos da Europa e da Concacaf. Após a retirada do Brasil, a Colômbia fica como única candidata da América do Sul. Como o governo brasileiro não deu garantias fiscais à Fifa, a Conmebol entendeu que a candidatura colombiana teria mais chance de receber os votos dos membros do Conselho.

Pesou também uma "dívida" que a Conmebol tem com os colombianos, que ficaram fora do "combo" de quatro candidaturas do continente que disputará para ser sede da Copa do Mundo de 2030 - que tem Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai.

Como a CBF escreveu em seu comunicado, o Brasil recebeu diversos eventos nos últimos anos, como a Copa 2014, a Olimpíada 2016 e a Copa América 2019.

Retirando-se como postulante, o presidente da CBF, Rogério Caboclo, ganha ainda mais prestígio com a Conmebol ao cumprir um desejo político de Alejandro Dominguez.

Dentro da Fifa, a candidatura considerada favorita para a Copa feminina de 2023 é a conjunta de Austrália e Nova Zelândia. Além da Colômbia, o Japão está na disputa.