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Herói do Inter no Mundial, Gabiru usou chuteira emprestada contra o Barça

Adriano Gabiru comemora o gol que deu o título ao Inter no Mundial de Clubes, em 2006 - AFP/Kazuhiro Nogi
Adriano Gabiru comemora o gol que deu o título ao Inter no Mundial de Clubes, em 2006 Imagem: AFP/Kazuhiro Nogi

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

06/06/2020 04h00

Reserva, criticado pela torcida e lançado na final do Mundial de Clubes contra o Barcelona na vaga do capitão do time e ídolo. Adriano Gabiru redefiniu o conceito de predestinado dentro da história do Internacional. Mas o gol em Yokohama tem outro detalhe que aumenta o status de nome reservado à glória: o camisa 16 do Colorado jogou a decisão com chuteira emprestada.

O pé direito de Gabiru, que fez o gol histórico, estava acomodado em um pedaço de couro, tecido e borracha que pertencia a Luiz Adriano, atualmente no Palmeiras e à época um jovem recém-lançado pelo Inter. O detalhe incrível ficou guardado por 14 anos.

"A gente vai contando as histórias aos poucos", brinca Michel, ex-meia do Inter, e responsável por revelar trecho inédito sobre a história daquele 17 de dezembro de 2006. "Só sei disso porque estava do lado dele no vestiário", completa.

No domingo, a RBS TV (afiliada da Globo no Rio Grande do Sul) reproduz a final do Mundial de Clubes vencido pelo Inter a partir das 16h (horário de Brasília). A partir dos 31 minutos do segundo tempo, todo colorado vai poder rever Gabiru em campo com chuteiras brancas e detalhes em vermelho.

"Um dia antes [da final] a gente fez um recreativo e a chuteira do Gabiru estourou. Ele levou só uma chuteira para o Mundial, cara? Só tinha uma chuteira. E o Luiz Adriano estava surgindo, era patrocinado pela Nike e tinha uma chuteira a mais", contou Michel.

O relato do ex-jogador do Inter foi feito à Rádio Colorada e confirmado ao UOL Esporte. Michel viu de perto a passagem pelo hábito do camisa 16 nos tempos de Beira-Rio.

"Ele sempre ficava do meu lado no vestiário, em treino e jogo, e no Mundial foi assim também. Poucas pessoas sabem dessa história, mas aconteceu", repetiu Michel, quase que como mantra para ele mesmo acreditar. "Uma coisa incrível dessas que só prova como o Gabiru estava predestinado mesmo".

Adriano Gabiru entrou no lugar do ídolo Fernandão e, cinco minutos depois, deu o chute para a história. Ninguém soube como o meia ex-Athletico-PR fez para encaixar bem o pé na chuteira emprestada.

"Olha, a chuteira era uns dois números a mais que o pé do Gabiru. Com certeza! Ele deve ter botado jornal, papel, sei lá", brinca Michel.

A carreira de Adriano Gabiru virou aquele lance. A foto do ex-jogador no WhatsApp, o cartão de visitas pós-moderno, é justamente a comemoração do gol contra o Barcelona. E na parte debaixo da imagem estão as chuteiras emprestadas. Predestinadas.