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Cruzeiro: Pires de Sá e esposa de Lemos assinaram trato com data retroativa

Cônjuge de Herminio Lemos, ex-vice-presidente do Cruzeiro, recebeu R$ 176,4 mil por serviços prestados ao clube em 2019 - Igor Sales/Cruzeiro
Cônjuge de Herminio Lemos, ex-vice-presidente do Cruzeiro, recebeu R$ 176,4 mil por serviços prestados ao clube em 2019 Imagem: Igor Sales/Cruzeiro

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

05/06/2020 04h00

Resumo da notícia

  • O contrato entre Cruzeiro e Rosimeire Lemos, mulher do ex-vice, foi assinado em maio de 2020, com data retroativa em abril de 2018
  • O compromisso rendeu R$ 176,4 mil à empresária. O valor foi pago em quatro parcelas de janeiro a março de 2019
  • O UOL teve acesso a documentos que comprovam a assinatura em data retroativa e até os pagamentos feito pelo Cruzeiro
  • Curiosamente, a empresa emitiu notas fiscais apenas para prestar serviços ao Cruzeiro

O contrato de prestação de serviços entre o Cruzeiro e a empresa de Rosimeire Alves da Silva Lemos, cônjuge de Hermínio Lemos — ex-vice-presidente do clube —, só foi assinado em 26 de maio de 2020, com data retroativa em 1º de abril de 2018. O compromisso rendeu R$ 176,4 mil à empresária, conforme adiantado pelo UOL Esporte em 15 de maio. O valor foi pago em quatro parcelas de janeiro a março de 2019. Curiosamente, a empresa emitiu notas fiscais apenas para prestar serviços ao Cruzeiro.

O UOL Esporte teve acesso a documentos que comprovam a ação. Nos últimos dias do Núcleo Dirigente Transitório à frente do time, mais especificamente em 26 de maio passado, a sócia-proprietária da EMS Serviços Administrativos Estratégicos LTDA entrou em contato com o clube solicitando uma via do contrato firmado em 2018. Na ocasião, ela foi informada que, até aquela data, nas dependências do Cruzeiro, havia apenas a minuta de seu contrato, sem assinaturas das partes.

Os termos do acordo foram encaminhados por meio de mensagem eletrônica (e-mail) à Rosimeire Lemos. No mesmo dia, por volta das 13h (de Brasília), a minuta foi devolvida com assinatura de ambas as partes e em data retroativa. O UOL Esporte teve acesso ao documento nomeado "OBSERVAÇÃO PARA FIM DE REGISTRO" que detalha a situação e também ao contrato, datado em 1º de abril de 2018, que consta assinaturas de Wagner Pires de Sá, ex-mandatário cruzeirense, e Rosimeire Lemos, esposa do antigo vice-presidente Hermínio Lemos.

Wagner Pires de Sá, ex-presidente do Cruzeiro, também assinou contrato - Bruno Haddad/Cruzeiro - Bruno Haddad/Cruzeiro
Wagner Pires de Sá, ex-presidente do Cruzeiro, também assinou contrato
Imagem: Bruno Haddad/Cruzeiro

A reportagem tentou contato com os três supracitados para ter as explicações necessárias sobre o caso. Rosimeire Lemos, Hermínio Lemos e Wagner Pires, no entanto, não responderam às mensagens e tampouco atenderam aos telefonemas.

Em que pese a assinatura do documento — datado em 2018 — ter ocorrido somente em 2020, os pagamentos ocorreram rigorosamente nas datas combinadas. Foram desembolsadas quatro parcelas para quitar os serviços feitos pela EMS Serviços Administrativos Estratégicos LTDA.

O primeiro pagamento foi feito às 10h50 (de Brasília) de 7 de janeiro de 2018. O depósito de R$ 58.800,00 foi por meio de cheque em uma agência da Caixa Econômica Federal no bairro Coração Eucarístico, em Belo Horizonte. Posteriormente, foram feitas transações eletrônicas em 31 de janeiro (R$ 58.800,00), 20 de março (R$ 28.800,00) e 26 de março (R$ 30.000,00).

As notas fiscais e ordens de pagamento são carimbadas e assinadas por Wagner Pires de Sá, ex-mandatário cruzeirense, e por Rafael Zshaber da Silva, do departamento de contratos. No relatório de serviços prestados pela empresa de Rosimeire, não há emissão de outras notas fiscais. O faturamento da EMS Serviços Administrativos Estratégicos LTDA ocorreu somente por meio de trabalho realizado ao clube.

De acordo com o contrato, que contou com assinatura em data retroativa, a empresa de Rosimeire Lemos seria contratada para a "prestação de serviços de consultoria e serviços em administração, planejamento financeiro, contabilidade e serviços de apoio administrativo". Em troca, o Cruzeiro deveria pagar R$ 60 mil mensais a partir de 10 de maio de 2018. Os pagamentos, porém, só ocorreram no ano seguinte, entre os meses de janeiro e março.

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