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Castellar diz que Atlético-MG não prestou contas devido à venda de shopping

Castellar Guimarães Filho é o atual presidente do Conselho Deliberativo do Atlético-MG - Divulgação/Atlético-MG
Castellar Guimarães Filho é o atual presidente do Conselho Deliberativo do Atlético-MG Imagem: Divulgação/Atlético-MG

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

07/05/2020 16h43

Castellar Guimarães Filho, presidente do Conselho Deliberativo do Atlético-MG, enviou um comunicado aos conselheiros na tarde de hoje (7) a fim de explicar o motivo pelo qual o clube não divulgou o balanço financeiro de 2019 até a data exigida pela lei — 30 de abril de 2020. Ele aponta a venda de parte do Shopping Diamond Mall como a razão em vez do isolamento social por causa da pandemia do novo coronavírus.

"Recentemente, a imprensa nacional dedicou pauta específica para indicar aqueles clubes que deixaram de publicar seus respectivos balanços, ocasião em que o Sr. Wilson Vicente Paulo Braz, Diretor de Finanças e Orçamentos do Clube, sustentou que o atraso para a publicação do balanço se deu em razão da ausência de decisão a respeito da forma de contabilização da venda de parte do Shopping Diamond Mall", afirmou.

O Atlético votou a negociação de 50,1% das ações do Shopping Diamond Mall entre os conselheiros em setembro de 2017. Na ocasião, a Multiplan se dispôs a pagar R$ 250 milhões por essa fatia. A venda foi efetivada em 22 de janeiro de 2020. O valor sofreu correção e já supera os R$ 290 milhões, conforme adiantado pelo UOL Esporte em setembro do ano passado.

Sérgio Sette Câmara enviou documento ao Conselho Deliberativo explicando adiamento da prestação de contas - Divulgação - Divulgação
Sérgio Sette Câmara enviou documento ao Conselho Deliberativo explicando adiamento da prestação de contas
Imagem: Divulgação

No comunicado, o dirigente coloca em anexo cartas do mandatário Sérgio Sette Câmara (ao lado) e do diretor financeiro Wilson Vicente Paulo Braz (abaixo). Em 15 de abril passado, a dupla explica que o Galo não publicaria as demonstrações de resultados do último exercício por causa do isolamento social. Eles omitem a questão envolvendo a venda do Shopping Diamond Mall ao grupo Multiplan, negócio sacramentado em 2019.

O presidente Sérgio Sette Câmara envia um documento ao líder do Conselho Deliberativo e relata a impossibilidade de enviar o balanço financeiro em tempo hábil aos conselheiros: "Reporto-me a V.S.ª pra lhe encaminhar o Ofício dirigido a esta Presidência Executiva pela Diretoria de Finanças e Orçamentos do Clube Atlético Mineiro, pelo qual relata a impossibilidade de submissão do Balanço de 31 de dezembro de 2019 ao Conselho Deliberativo no prazo estatutário, em razão da pandemia do coronavírus (COVID-19)".

Diretor financeiro do Atlético-MG, Wilson Vicente Paulo Braz, explica por que balanço não foi publicado - Divulgação - Divulgação
Diretor financeiro do Atlético-MG, Wilson Vicente Paulo Braz, explica por que balanço não foi publicado
Imagem: Divulgação

Assinada por Wilson Vicente Paulo Braz em 15 de abril de 2020, a carta também não cita a questão envolvendo a negociação do shopping center. Ele alega os mesmos problemas de Sérgio Sette Câmara para não enviar o balanço financeiro na data correta.

A declaração citada por Castellar é de Wilson Vicente Paulo Braz e foi concedida ao Blog do Rodrigo Capelo, no Globoesporte.com: "Este número muda totalmente a estrutura do balanço. Por lei, tenho que fazer uma nota de evento subsequente explicando esse evento. Mas tínhamos uma carta de fiança que cumpria condicionantes. Devo colocar os efeitos da venda no balanço até 31 de dezembro? Esta nota é extremamente relevante, pois muda a estrutura patrimonial, ativo, passivo, resultado. A gente submeteu a dúvida ao auditor para saber como contabilizar, acabei envolvendo outros dois auditores de Big Four para saber o caminho correto a seguir", comentou.

De acordo com o artigo 46 A da Lei Pelé, o prazo para que as entidades da gestão do esporte e os clubes profissionais divulguem seus balanços em site eletrônico próprio e da respectiva entidade de administração é 30 de abril. Caso não entregue neste prazo, a legislação permite que os dirigentes destes clubes sofram algumas sanções, como a inelegibilidade, por cinco anos, para cargos ou funções eletivas ou de livre nomeação em qualquer entidade ou empresa direta ou indiretamente vinculada às competições profissionais da respectiva modalidade desportiva.

Confira, abaixo, a íntegra do comunicado de Castellar Guimarães Filho, presidente do Conselho Deliberativo do Atlético-MG:

Conforme nota anteriormente enviada aos cuidados de V.S.ªs., datada de 13.04.20, a reunião ordinária deste Conselho Deliberativo, para fins de julgamento das demonstrações financeiras, foi cancelada, em seu formato presencial, em virtude da crise provocada pelo "Covid-19".

Através da mesma nota supra mencionada, destacou-se o compromisso, da Diretoria, no sentido de que os documentos necessários seriam remetidos à análise do Conselho Fiscal, entre os dias 15 e 20 do mês de abril, para posterior exame e manifestação do Conselho Deliberativo.

No dia 15 de abril do corrente, entretanto, esta Presidência recebeu ofícios (em anexo) de lavra do Presidente Executivo do Clube, Dr. Sérgio Sette Câmara, e do Diretor de Finanças e Orçamentos, Sr. Wilson Vicente Paulo Braz, consignando a impossibilidade de fechamento do balanço, de 31 de dezembro de 2019, e requerendo o adiamento da análise das contas, sine die, em razão da redução da carga horária dos funcionários, em virtude das medidas de isolamento social.

Recentemente, a imprensa nacional dedicou pauta específica para indicar aqueles clubes que deixaram de publicar seus respectivos balanços, ocasião em que o Sr. Wilson Vicente Paulo Braz, Diretor de Finanças e Orçamentos do Clube, sustentou que o atraso para a publicação do balanço se deu em razão da ausência de decisão a respeito da forma de contabilização da venda de parte do Shopping Diamond Mall.

Essas são as razões que, pelo conhecimento desta Presidência, fundamentaram o não envio das demonstrações financeiras no prazo legal, pelo que, em virtude de diversos questionamentos recebidos pelos colegas, se justificou a remessa do presente esclarecimento.

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