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Quem era o massagista do Flamengo penta em 2002 que morreu por covid-19

Jorginho trabalhou no Flamengo por 40 anos - Alexandre Vidal/Flamengo
Jorginho trabalhou no Flamengo por 40 anos Imagem: Alexandre Vidal/Flamengo

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

05/05/2020 04h00

O sorriso largo era marca registrada do massagista Jorge Luiz Domingos, que morreu ontem (4) vítima da Covid-19. Com quase 40 anos de Flamengo, Jorginho se confundia com o próprio clube, que viveu um dia de consternação coletiva com a perda.

A tragédia não deverá mudar radicalmente os planos rubro-negros, já que o presidente Rodolfo Landim é o partidário número 1 do retorno aos treinos, posição esta não defendida por Marcos Braz, vice de futebol. Mas ante a perda de uma bandeira rubro-negra, o Fla adotará uma dose extra de cautela antes da definição. Ante o baque, a cúpula aguarda os resultados dos exames feitos por jogadores e a comissão técnica, que encontrarão quatro campos à disposição. Equipamentos de proteção para funcionários foram comprados e o local passou por desinfecção.

Como massagista, Jorginho foi testemunha ocular do Flamengo de Zico, mas ainda teve tempo para saborear um novo título da Libertadores. E o êxtase vivido por ele em Lima tem um responsável: o lateral Rafinha. Já afastado das viagens e jogos, Domingos era figura carimbada no Ninho do Urubu, mas, a pedido do camisa 13, que falou aos diretores que o colega era "pé quente", trabalhou na semifinal, quando o Fla goleou o Grêmio por 5 a 0 e carimbou vaga na decisão. A partir dali, presenciar a finalíssima contra o River Plate eram favas contadas. Campeão após 38 anos, ele festejou como criança o bicampeonato.

"Ser bicampeão é uma emoção muito grande, só Papai do Céu é que sabe", disse ele, ainda em campo, minutos após a conquista no Monumental.

Jorginho, massagista do Flamengo - Alexandre Vidal/Flamengo - Alexandre Vidal/Flamengo
Jorginho, massagista do Flamengo
Imagem: Alexandre Vidal/Flamengo

Além das dezenas de medalhas que tinha guardado em sua casa na Ilha do Governador, Jorginho também tinha um outro "troféu" particular. Era ele quem dirigia o carrinho tático usado pelo técnico Jorge Jesus durante os treinos. Para chegar no centro de treinamento, o "Tio Jorge", forma como os demais funcionários se referiam a ele, também chamava atenção. Em vez dos carrões importados que lotam o estacionamento do CT, ele chegava a bordo de um Fusca de estimação.

Fã de samba e de uma cerveja gelada com os amigos, Jorginho atingiu o ápice do futebol com a seleção brasileira. Pentacampeão com o time de Felipão em 2002, na Copa no Japão e Coreia do Sul, conseguiu adquirir alguns imóveis que o auxiliaram na renda até os últimos dias. Sem um de seus maiores emblemas, o futebol do Flamengo calcula os riscos e avalia o retorno em tempos de pandemia. A ausência será certamente sentida.

Títulos de Jorginho pelo Flamengo

Mundial de Clubes: 1981
Libertadores: 1981 e 2019
Mercosul: 1999
Copa Ouro Sul-americana: 1996
Recopa Sul-Americana: 2020
Supercopa do Brasil: 2020
Campeonato Brasileiro: 1982, 1983, 1987, 1992, 2009 e 2019
Copa do Brasil: 1990, 2006 e 2013
Campeonato Carioca: 1981, 1986, 1991, 1996, 1999, 2000, 2001, 2004, 2007, 2008, 2009, 2011, 2014, 2017 e 2019