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OPINIÃO

Arnaldo: "Era Ronaldo na seleção talvez tenha diluído o bairrismo em Copas"

Do UOL, em São Paulo

01/05/2020 12h00

Até a conquista do tetracampeonato mundial Copa do Mundo de 1994, a seleção brasileira teve uma disputa de acordo com o local dos clubes em que os jogadores atuavam, o que causava a influência do bairrismo na análise das equipes que disputavam os Mundiais. O que diminuiu de acordo com o êxodo de jogadores brasileiros para o futebol europeu nos anos seguintes.

No podcast Posse de Bola #30, o jornalista Arnaldo Ribeiro aponta Ronaldo Fenômeno como um dos responsáveis por fazer diluir a influência do bairrismo na análise da seleção, uma vez que teve apenas uma breve passagem pelo Cruzeiro antes da ida à Europa, onde jogou por PSV, Barcelona, Inter de Milão, Real Madrid e Milan.

"A era Ronaldo na seleção brasileira talvez tenha diluído o bairrismo em Copas do Mundo e seleção brasileira, porque ele era um ídolo que não tinha raiz no futebol brasileiro, fora uma passagem pequena no Cruzeiro. Isso mudava muito a análise geral sobre a seleção porque a análise geral da seleção depende das figuras que fazem parte da seleção", afirma Arnaldo (disponível no vídeo acima a partir de 23:01).

Para o jornalista, o técnico Carlos Alberto Parreira foi alvo da imprensa paulista durante a Copa do Mundo de 1994 por não basear sua seleção no Palmeiras, então campeão brasileiro, e no São Paulo, campeão mundial e da Libertadores no ano anterior à Copa nos Estados Unidos.

"A seleção de 1994, por que ela é criticada pelos paulistas? Porque os melhores times do Brasil na época eram São Paulo e Palmeiras, e eles não jogavam um futebol qualquer. Os dois times, o São Paulo do Telê [Santana] e o Palmeiras do [Vanderlei] Luxemburgo. Era como se a gente tivesse hoje quase todo mundo jogando no Brasil e, em vez de a base da seleção ser o Flamengo do [Jorge] Jesus, fosse o Corinthians, fosse o São Paulo. Ia ter uma chiadeira", diz Arnaldo.

O jornalista cita também uma comparação feita entre Bebeto e Müller, titular e reserva na Copa de 1994, assim como já havia feito entre Careca e Romário. Para ele, a presença de Careca e Müller no Mundial de 1990, quando a seleção comandada por Sebastião Lazaroni não foi bem, acabou marcando negativamente os dois jogadores que atuavam no futebol paulista, enquanto Bebeto e Romário tinham passagens importantes pelos grandes clubes do Rio de Janeiro.

"Agora, esse tema do bairrismo está muito calcado nas figuras, então quando eu tentei, comparar o Careca e o Romário, quase veio o exército aqui. Quando eu comparei Romário e Careca, são jogadores comparáveis, quase morri. Eu tentei comparar Bebeto e Müller, eu quase fui metralhado. Mas sabe o que acontece? Essa geração, estes quatro gigantes, Romário, Careca, Bebeto e Müller, eles conviveram por mais de uma Copa, então, a dupla paulista está o fracasso de 1990 e a dupla carioca está associada ao sucesso de 1994", finaliza.

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