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Ex-Botafogo vira 'chefe da quarentena' e faz comidas típicas do mundo

Ex-Botafogo, Hyuri tem se arriscado na cozinha durante quarentena e paralisação do futebol - Arquivo pessoal
Ex-Botafogo, Hyuri tem se arriscado na cozinha durante quarentena e paralisação do futebol Imagem: Arquivo pessoal

Bernardo Gentile

Do UOL, no Rio de Janeiro

23/04/2020 04h00

Em meio a paralisação do futebol brasileiro, muitos jogadores estão com tempo de sobra e acabam inventando situações para diminuir o ócio. É o caso de Hyuri, jogador do Atlético-GO e que teve passagem marcante pelo Botafogo, em 2013. O atacante virou um chefe de cozinha e tem brilhado na elaboração de comidas típicas de todo o mundo.

Neste período, ele já fez noites italianas, francesa e alemã. O planejamento inclui ainda comida árabe e mexicana. Oportunidade de se divertir e ocupar o tempo neste período em que a bola não está rolando.

Hyuri - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

"Não tenho costume de cozinhar. Tenho uma funcionária que trabalha com a gente e tenho uma vida muito corrida. Em casa, eu gosto de descansar para poder trabalhar bem. Mas nesse período sem ter muito o que fazer, além dos treinamentos, pintou essa brincadeira. Pensei em fazer lanches de outros países. É uma maneira da gente se divertir, fazendo essas coisas diferentes em casa que não tem tempo para fazer no dia a dia. Uma ideia simples e é legal estar na cozinha", disse ao UOL Esporte.

"Fiz uma noite italiana. Nesse dia foi um jantar. Macarrão com molho branco e uma taça de vinho. Outro dia foi noite francesa, aí lançamos um petit gêteau e um queijo brie empanado. Na noite alemã, foi pão com linguiça e cerveja. Fazemos para nos divertir e para não nos sentirmos tão presos. Tem ficado legal. Receitas simples. Estou querendo fazer uma noite árabe e mexicana, mas aí já é mais difícil", brincou.

Apesar do sucesso nas redes sociais, Hyuri deixa claro que se trata apenas de uma brincadeira. Ele diz que, apesar de os pratos terem sido aprovados pela mulher em casa, não há nenhuma chance de virar algo mais sério no futuro.

"Não, já descobri o que não vou fazer quando encerrar a carreira, né? [risos]. Melhor deixar apenas como hobby, a gente se diverte para caramba e é somente isso", finalizou.

Veja outros trechos da entrevista de Hyuri:

Atlético-GO

Era um desejo meu dar continuidade o que havia feito no Sport. Houve algumas divergências com o Atlético-MG que não me beneficiaram e me vi obrigado a seguir meu caminho. Agradeço muito ao presidente do Atlético-GO, porque ele foi atrás de mim e queria muito que eu fechasse. Eu resolvi abraçar o projeto, pois há um planejamento muito legal. Estou muito feliz aqui, de jogar a Série A, que eu fazia questão. Esse era o único detalhe que não abriria mão em 2020 e espero que aconteça.

Atlético-MG

Meu contrato iria até dezembro de 2020, mas chegamos a um acordo e rescindimos para eu poder fechar com o Atlético-GO. O pessoal do Sport me ligou em janeiro porque eles precisavam resolver a vida deles com relação à montagem de elenco. Somente depois disso, quando já tinha um mês de pré-temporada é que o Atlético-MG me liberou e pude fechar com o Atlético-GO.

Paralisação

Uma pena porque estava começando a entrar no ritmo da equipe. Foram apenas três jogos, mas já começava a me sentir mais integrado. A pausa não foi boa, mas poderá até ajudar porque todo mundo parou e vai ter que recuperar a forma para a bola rolar. Devo voltar a Goiânia ou iniciar os trabalhos aqui no Rio de Janeiro.

Botafogo

Não acho que tenha queimado etapas no Botafogo. Acho que meu nível era compatível para jogar naquele time, naquele período. Foi de grande valia estar desde cedo com Seedorf, Rafael Marques, Bolívar... jogadores reconhecidos internacionalmente. Então, tudo isso serviu para eu ver o que era o futebol, jogar em time grande, com grandes jogadores. Infelizmente, a carreira do jogador tem chance de tomar outros caminhos.

China

Uma coisa que me arrependo é ter saído da China, em 2015. Eu poderia ter dado continuidade num projeto em que eu vinha sendo muito querido nos dois anos que estive lá. A torcida e a cidade inteira se mobilizava, tinha cartazes com minha foto. Depois, eu não tive mais isso. Só ajuda o jogador a se manter focado, concentrado, a querer estar ali. Foi um passo que poderia ter feito diferente.

Jogador gosta de ganhar, disputar coisas grandes. Entendi que no Atlético-MG teria essa possibilidade, de ser campeão. Achei quer era uma oportunidade de dar outro rumo na minha carreira, até pensar em ir para a Europa. Agora, eu vejo que eu era feliz no futebol chinês.

Curto prazo

Todos jogadores têm seus sonhos e eu tenho os meus. Hoje prefiro focar em fazer um projeto legal no Atlético-GO, um clube que me abriu as portas e deu oportunidade de jogar a Série A. É algo a se valorizar. Quero fazer bom campeonato, dar sequência não que vem. Quero valorizar tudo isso.

Nova fase

Não é que não seja interessado em fazer gols, não é isso. O jogador precisa saber o momento que está e ter humildade para entender o que ele precisa mudar na carreira. Postura, as decisões... Para que eu iria brigar por vaidade de fazer gol em um time que estava encaixado com Guilherme e Hernanes fazendo gols e decidindo as partidas? Entendi que era meu momento de ser coadjuvante, que ajudaria muito mais dessa forma do que tentando ser protagonista. Se tivesse a oportunidade de fazer gols, como tive e fiz. Mas não me tirava o sono. Fiz bons jogos e isso me dava vida para continuar. Conquistei confiança do Guto Ferreira e do time.

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