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Brasileiro da 3ª divisão francesa encara quarentena na casa de Marquinhos

Marquinhos e Yuri na França: jogadores do PSG e do Saint-Priest se juntaram no confinamento - Divulgação
Marquinhos e Yuri na França: jogadores do PSG e do Saint-Priest se juntaram no confinamento Imagem: Divulgação

João Henrique Marques

Colaboração para o UOL, em Paris

20/04/2020 04h00

A França já tem afetado mais de 70% dos jogadores de futebol com o cancelamento das divisões amadoras por conta da pandemia do Coronavírus. E a decisão da Federação Francesa tocou a carreira do brasileiro, Yuri, de 25 anos. Revelado pelo Corinthians, o atacante foi avisado pelo Saint-Priest, clube da terceira divisão do futebol francês, do encerramento da temporada e vive a expectativa de um novo rumo. Hoje, encara o confinamento no país abrigado na casa de um amigo antigo, o zagueiro Marquinhos, do PSG.

"Se olharmos para a saúde em geral, nossas famílias, os próximos, não temos como rebater uma decisão de cancelamento. É uma pena que meu contrato termina em junho, mas imagino que possa seguir por mais uma temporada com o Saint-Priest. O cenário na França não apresenta melhoras significantes e essa decisão serve também para preservar a economia de vários clubes pequenos", comentou Yuri em entrevista ao UOL Esporte.

Na França, o número de mortos pelo COVID ultrapassou os 19 mil no último final de semana. O país vai cumprir dois meses de confinamento no dia 11 de maio, data em que já estão decididas regras para a reabertura de escolas e áreas públicas.

Além de ficar sem vínculo a partir de junho, Yuri também teve o salário afetado com a adesão ao Saint-Priest, clube localizado na Grande Lyon, a um plano econômico do governo francês durante a pandemia do Coronavirus. O clube paga 85% do ordenado dos jogadores e recebe do governo os outros 15% de cada atleta para criar um fundo visando à sobrevivência.

"O que acontece aqui, bem diferente do Brasil, é que esses clubes pequenos são bem estruturados, possuem investimentos dos empresários da cidade e, consequentemente, tem grande força técnica. O amador no Brasil já remete à dificuldade. Só que me adaptei aqui e quero ficar", disse o atacante.

A norma indicada pela Federação Francesa é de que as divisões amadoras terão a temporada finalizada com a classificação atual. O problema para o Saint-Priest é que o time ocupa a zona de rebaixamento, com nove rodadas incompletas.

"Esse é um ponto que desagrada a quase todos os envolvidos. Nosso caso, estamos a um ponto de sair da zona rebaixamento e é duro aceitar o encerramento desse jeito. Tínhamos vários confrontos diretos. Esperamos que haja uma decisão mais sensata. Sem rebaixados, imagino", destacou o brasileiro.

Confinamento junto com Marquinhos

No futebol francês, Yuri reencontrou um dos melhores amigos: Marquinhos. Ele e o agora zagueiro do PSG atuaram juntos nas categorias de base do Corinthians por quatro anos. Os dois decidiram se juntar em Paris para cumprir o confinamento imposto pelo governo francês.

Yuri Saint-Priest - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

"Montamos uma estrutura legal para não termos riscos de contaminarmos ou espalharmos a doença, e ainda nos ajudamos com treinamentos e o lazer das famílias. Somos 13 pessoas na casa do Marquinhos. É uma maneira de unir forças em um momento tão complicado para todos", comentou Yuri

"Ainda não decidi sobre retorno ao Brasil. Minha família está no interior de São Paulo e gostaria de estar com eles. Mas tenho lido sobre o crescimento de casos e os riscos por lá e me causa receio a viagem neste momento. Vou esperar o cenário ficar claro antes de comprar a passagem", complementou.

No Brasil, Yuri atuou atuou no futebol profissional da Chapecoense, entre 2014 e 2015. O jogador passou oito anos no Corinthians, mas não teve chance no time principal.

"A época em que devia subir ao profissional, em 2014, o time tinha o Adriano (Imperador) e o Pato, além de outros bons nomes. Era uma concorrência muito dura e foi triste sair de lá sem a chance", lamentou.

Em 2015, Yuri foi emprestado pela Chapecoense ao Metropolitano, de Santa Catarina. No ano seguinte, ele optou pela ida ao futebol amador francês e já passou por três clubes desde então: "Voltar para o Brasil não é prioridade. Ela é, sim, a de ficar por aqui", finalizou Yuri