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Estrela do futebol feminino sonha com a NFL. Ela teria espaço na liga?

Carli Lloyd acena durante jogo dos Estados Unidos contra o México - Brad Smith/ISI Photos/Getty Images
Carli Lloyd acena durante jogo dos Estados Unidos contra o México Imagem: Brad Smith/ISI Photos/Getty Images

Lucas Tieppo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

15/04/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Carli Lloyd sonha se tornar a primeira mulher a jogar na NFL
  • Aos 37 anos, Lloyd seria uma das mais velhas da posição
  • Jogadora tem físico similar ao do brasileiro Cairo Santos
  • Crise causada pelo Coronavírus adiou planos da jogadora

Carli Lloyd é uma grande estrela do futebol feminino dos Estados Unidos. Bicampeã olímpica e mundial e eleita duas vezes a melhor do mundo, a meio-campista virou tema de discussão em outro esporte, o futebol americano. Lloyd nutre o interesse de se tornar a primeira mulher a atuar na NFL, a maior liga da modalidade, como kicker.

Potência na perna para acertar um chute de longa distância ela já mostrou que tem. No ano passado, Carli foi convidada para participar de um treino conjunto de Philadelphia Eagles e Baltimore Ravens e acertou um chute de 55 jardas, marca difícil de ser alcançada. Na ocasião, algumas franquias demonstraram interesse, e Lloyd recebeu uma proposta de um time da NFL.

Em entrevista recente ao Yahoo Sports, a jogadora de 37 anos do Sky Blue FC assumiu o desejo de atuar na NFL, mas admitiu que seu foco ainda é o futebol com a bola redonda e os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021.

"Primeiro de tudo, estou focada no futebol no momento, mas sempre fui uma garota que ama um desafio", disse Lloyd.

A pandemia do novo coronavírus atrapalhou os planos de Lloyd. Além de paralisar completamente a NFL, a Covid-19 causou o adiamento dos Jogos Olímpicos. Inicialmente, a jogadora estaria livre para se arriscar no futebol americano em agosto deste ano, podendo participar da pré-temporada e quem sabe conquistar uma vaga em uma franquia para a temporada 2020. Agora, os planos foram adiados por, pelo menos, um ano.

"Eu nunca desisti de nenhum desafio. Eu sei que, com treinamento adequado, a técnica certa e alguém me mostrando como chutar corretamente, eu sei que eu poderia fazê-lo. Pode ser que seja necessário um ou dois anos, veremos. Sei que o momento é complicado, então vamos ver. Eu não estou descartando isso. Nunca se sabe", afirmou.

Pensando apenas no futebol americano, alguns fatores jogam contra os planos de Lloyd, e a idade é o principal deles. Aos 37 anos, ela é mais velha que a maioria dos kickers da NFL, e poucos jogadores com esta idade têm conseguido um bom desempenho.

Apenas quatro jogadores da posição que chutaram pelo menos uma vez na temporada passada têm pelo menos 37 anos: Adam Vinatieri (47 anos), Matt Bryant (44 anos), Robbie Gould (37 anos) e Mike Nugent (37 anos).

O jogador mais velho entre os dez melhores da posição na temporada passada foi Dan Bailey, do Minnesota Vikings, com 31 anos.

Por outro lado, como a posição exige menos fisicamente do que outras, Lloyd precisaria apenas se manter em forma para aguentar a repetição de movimentos. Assim, transformaria a idade em um mero detalhe.

A perna de Lloyd é realmente potente. Apenas oito jogadores acertaram chutes de 56 jardas ou mais na temporada 2019 da NFL - o mais longo foi de Brett Maher, do Dallas Cowboys, de 63 jardas. Outros dois atletas acertaram chutes de 55 jardas de distância.

É sempre bom reforçar que o chute de 55 jardas de Lloyd foi realizado em um treino, sem a pressão da linha defensiva ou a pressão para acertar a bola no meio das traves, mas tudo isso pode ser alcançado com muita prática, e a jogadora está acostumada com a cobrança por resultados.

Na comparação física, Lloyd não fica atrás de jogadores da posição. Cairo Santos, kicker brasileiro que está desde 2014 na liga, mede 1,73m e pesa 73kg. A americana tem a mesma altura, mas pesa quase 10 quilos a menos, o que com certeza seria trabalhado com muito fortalecimento caso ela conseguisse chegar à NFL.

O futebol americano é um esporte de muito contato, mas o kicker pode se considerar um privilegiado neste aspecto. O jogador da posição atua em apenas situações específicas, e existe uma proteção para que ele não seja atingido quando ele é acionado. Claro, choques acontecem, mas a frequência é bem menor.

Pensando fora de campo, seria muito interessante para a NFL ter uma mulher em campo pela primeira vez na história, ainda mais sendo uma estrela do tamanho de Lloyd, considerada uma das maiores jogadoras da história do futebol. Perna e talento para quebrar essa barreira ela já mostrou que tem.