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Fora da TV desde 2018, Marsiglia estuda gestão e relembra jogos marcantes

Renato Marsiglia ao lado de Luís Roberto durante transmissão na TV Globo - Reprodução/TV Globo
Renato Marsiglia ao lado de Luís Roberto durante transmissão na TV Globo Imagem: Reprodução/TV Globo

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

11/04/2020 04h00

Ex-árbitro e ex-comentarista de arbitragem do Grupo Globo, Renato Marsiglia agora curte futebol de um outro jeito. Fora da televisão desde dezembro de 2018, ele estuda o jogo e o mercado da bola em cursos de gestão. Devora partidas dos campeonatos europeus e repassa memórias dos tempos em que esteve em campo e na cabine.

"Saudade de ser árbitro eu tive no primeiro ano depois de parar. Da TV tenho saudade dos amigos que fiz. Tudo na vida é um ciclo", afirma, em entrevista ao UOL Esporte.

Aos 68 anos, Marsiglia não para. Ele se formou em Gestão Executiva de Esportes pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), Fifa e CIES (Centro Internacional de Estudos do Esporte) e pretende fazer mais cursos na área. A vida na televisão teve jogos importantes em Libertadores, Copa do Mundo e Eurocopa. Mas a partida marcante foi em Recife.

"Aquele jogo do Náutico contra o Grêmio, a Batalha dos Aflitos, foi o mais marcante pela circunstância. Do jogo e do local. Ficamos em uma cabine improvisada, era uma gaiola no meio da torcida do Náutico. Para subir, um foi segurando e puxando a mão do outro. Hoje sei que o estádio está todo reformado, mas no dia foi bem difícil", relembra.

A transmissão da última rodada da Série B do Brasileirão de 2005 foi decidida às vésperas da partida em Pernambuco. Marsiglia estava ao lado de Rogério Correa e Sérgio Noronha.

"Fiz vários jogos mais importantes que aquele lá, mas foi muito marcante mesmo", reitera.

Marsiglia estreou como comentarista de arbitragem em 1994, na RBS TV, no Rio Grande do Sul. Quatro anos mais tarde, começou a atuar também pela Globo. A convivência com Arnaldo Cézar Coelho rendeu boa amizade, que não evitou a surpresa pela aposentadoria.

"Me surpreendeu [a saída de Arnaldo, também em 2018]. Ele nunca comentou isso no dia a dia. O Arnaldo está com 75 anos, certamente vinha se preparando para isso. E quando criaram a Central do Apito, ele deixou de acompanhar os jogos na cabine. Talvez ele não tenha se sentido confortável com o formato, e com a vida feita foi curtir a vida mesmo", comenta Marsiglia.

Entre os novos comentaristas de arbitragem, o ex-árbitro tem seu favorito.

"O melhor, disparado, é o Paulo César Oliveira. O Sandro Meira Ricci é articulado. No início a pessoa fica mais travada e depois pega o ritmo. Eu travei, todos travaram um pouco. O Sálvio tem didática, pegou ótima experiência na ESPN", elogia.

A única ressalva de Marsiglia está na diferença de formato das intervenções.

"Na Central da Apito dá para pensar o que dizer, pois é no intervalo e até dá para gravar várias vezes. Hoje a pessoa até entra na hora [logo depois do lance, ao vivo na transmissão], mas leva um tempo. Antes, na cabine, era instantâneo. Aconteceu, falou. Agora dá para ajustar melhor o que vai dizer", compara.