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Júnior ressalta resgate e "escala" trio do Flamengo-19 em time de 1981

Júnior, ex-Flamengo, analisou feitos da equipe campeã de 2019 Imagem: UOL

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

09/04/2020 04h00

Com a autoridade de que tem 865 jogos pelo Flamengo, um recorde no clube, Júnior, hoje comentarista do Esporte da Globo, analisou o desempenho da equipe campeã da Libertadores e do Brasileiro no ano passado.

O Maestro é só elogios ao time que igualou o feito de sua geração, mas rechaçou comparações. Ele ressaltou a capacidade de Jorge Jesus e seus comandados em atingirem resultados com grande velocidade, "escalou" um trio que jogaria no esquadrão de 1981, mas pontuou que um certo "camisa 10" faz a balança ficar um pouquinho desequilibrada.

"Esse tipo de comparação não cabe. Os dois têm muitos pontos positivos, muitos. O atual é um time que conseguiu se entrosar e se organizar e fazer coisas em tempo recorde. A diferença maior é que o nosso time de 78 até 83 ganhou tudo que se podia conquistar. A longevidade daquele time tem algo a mais do que esse time atual. Tivemos o privilégio de ter um dos maiores do mundo, que é o caso do Zico. O Éverton Ribeiro se encaixaria tranquilamente no nosso time. O Bruno Henrique se encaixaria perfeitamente também, assim como o Gabriel", disse ele.

Em tempos de quarentena, o ídolo tem aproveitado o tempo livre para organizar coisas e mexer em fotos antigas. E é deste baú de memórias rubro-negras que ele aponta uma imagem que faz as duas gerações se encontrarem. O "retrato" andava meio amarelado, mas as cores voltaram a ficar mais fortes de uns tempos para cá:

"Tem uma coisa que está acontecendo com esse time que é o resgate. O cara se diverte jogando, o cara se diverte na televisão e tem a diversão do cara que vai ao campo. Por isso esse número de torcedores no estádio, assim como era na nossa época. Além disso tem os torcedores dos outros clubes que passam a admirar. Aí você pode fazer uma comparação: performance, comportamento e a recuperação do torcedor que andava meio triste. Comparação não tem, passaram 30 e poucos anos. Mas esse time dá prazer de ver jogar".

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Quarentena do Maestro

Tem de arrumar o que fazer, não tem jeito. Tem de se conscientizar do momento, vou fazer 66 anos, estou no grupo vulnerável. Estou há 22 dias em casa com a minha família e isso preenche momentos que seriam mais brabos. Criamos uma rotina, todos gostam de malhar. Estou sempre na bicicleta, faço peso. De noite, a gente abre um vinho, ninguém é de ferro. Tem de preencher para que não fique muito monótono. A gente tem visto os exemplos, não pode dar mole. Os dados estão aí para mostrar.

Pandemia na Itália
Imagem: Reprodução

Tenho conversado muito com os amigos (Júnior atuou por Torino e Pescara). Temos um círculo de amizades grande em Milão, Turim, Pescara, Bolonha e Roma. Tenho três afilhados lá, a preocupação é com a região Norte. A gente vai tirando deles a experiência que eles viveram. Tem gente lá com 37 dias de quarentena, os toques deles são importantes para termos o menor dano possível.

Seleção de 82 contra Covid-19

Foi uma iniciativa do Falcão. Quando ele começou a campanha tinha uns R$ 300 mil arrecadados. O Zico "printou"a tela e já deu um pulo para R$ 1 milhão e tal. Alguma coisa a galera curtiu. Vai ajudar demais a Central Única das Favelas (CUFA) neste momento.

Do que sente falta

No fim de semana, quando não estou trabalhando, o sábado é um dia nobre. Vamos na praia, jogo futevôlei, jogo conversa fora com os amigos e tomamos um chopp. Para nós, que moramos no Rio, isso faz falta. Mas vai passar. Temos de estar preparados para desfrutar das coisas que a cidade oferece quando passar.

Futebol pós-pandemia
Jogadores do Botafogo protestam pela paralisação do calendário Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Tenho dúvidas quanto ao equilíbrio, vai ter uma pré-temporada agora. Não acredito que isso possa equilibrar. Quem vinha organizado anteriormente mostrará sua força com o tempo. Mas ninguém sabe o que vai acontecer com as competições, esse é o grande ponto de interrogação. Não sei como vão conseguir resolver. Questão de férias e salários são coisas que têm de ser discutidas para que ninguém tenha perda. São férias forçadas.

Reprise da Copa de 82 na TV
Zico e Júnior festejam gol do Brasil na Copa de 1982 Imagem: S&G/PA Images via Getty Images

É um prazer, satisfação e orgulho por ter feito parte daquela geração. No futebol quem ganha tem sempre razão. Quando você vê uma seleção que não ganhou, mas ainda é elogiada pelo que apresentou até hoje, é motivo de prazer e satisfação. Falo com maior prazer da Copa de 82, não tenho nenhuma restrição para falar.

Ciúme entre gerações
Flamengo venceu a Libertadores e o Mundial em 1981 Imagem: Divulgação/Site oficial do Flamengo

Pode até acontecer com aquele cara que é egoísta. Nós (do Fla de 1981) temos um grupo e o que o pessoal estava torcendo para ganhar em 2019...Independentemente de qualquer coisa, você tem uma relação com a instituição, não cabe torcer contra. Pelo contrário, o pessoal mandava vídeo, desejava boa sorte. Acredito que isso ocorra com o pessoal da seleção.

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