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TV promete pagamento integral e ameniza problema de suspensão do Gauchão

O Caxias bateu o Grêmio na final do primeiro turno, mas sequência do Gauchão é incerta -  Pedro H. Tesch/AGIF
O Caxias bateu o Grêmio na final do primeiro turno, mas sequência do Gauchão é incerta Imagem: Pedro H. Tesch/AGIF

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

18/03/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Segundo o Sindicato dos Atletas Profissionais do RS, o valor de televisionamento será pago integralmente independente da suspensão do Gauchão.
  • O valor é dividido em quatro parcelas, três já foram pagas e a última respeitará os prazos.
  • A verba - uma das principais do primeiro semestre dos clubes - ameniza a dificuldade pela suspensão da disputa.
  • Prazos contratuais e retomada ainda precisam ser debatidos e estabelecidos pela CBF.

Uma das principais verbas dos clubes do Rio Grande do Sul no primeiro semestre, os direitos de transmissão do Gauchão serão pagos de forma integral, independente da suspensão ou do cancelamento dele. A informação foi repassada pelo Sindicato dos Atletas Profissionais do RS, representado pelo advogado da entidade, Décio Neuhaus. Segundo ele, isso ameniza o problema financeiro e mantém a responsabilidade entre clubes e atletas.

De acordo com Décio, o grupo Globo, detentor dos direitos de televisionamento do campeonato, já pagou três parcelas da verba total de televisão; E a última será paga dentro do prazo estipulado nos contratos. Desta forma, a obrigatoriedade de pagamento dos atletas não será alterada em nada, ainda que não se tenha previsão para retomada do campeonato.

"Temos a informação que a emissora irá cumprir com todos os pagamentos, de forma integral", disse ao UOL Esporte. "Em tese, não existirá, então, prejuízo aos clubes em relação a maior verba do Estadual, que é a TV. Se a crise não durar muito, que se toque o campeonato, porque muitos clubes podem alegar a falta de verba de bilheteria. Mas não tem como colocar a culpa no coronavírus, a maior verba está sendo cumprida, e temos a informação que será cumprida independente do que acontecer", completou.

Inter e Grêmio recebem aproximadamente R$ 13 milhões pela transmissão dos jogos. Brasil de Pelotas e Juventude estão em um grupo intermediário e levam valor próximo a R$ 1,5 milhão. Os demais recebem em torno de R$ 750 mil.

Segundo o representante do Sindicato dos Atletas, a rotina da falta de pagamentos ao fim de cada Estadual não pode ter "desculpa" na pandemia do coronavírus (covid-19).

"O fato de o campeonato estar suspenso não tira a necessidade de pagamento dos clubes. Não é por causa do atleta que se está parando o campeonato. Te exemplifico: se uma empresa pega fogo, não é por isso que os funcionários não terão salário", disse. "Queremos conversar com os clubes e achar uma solução. A história mostra que a cada campeonato há uma série de jogadores que ficam sem receber. Mesmo sem o coronavírus. O Brasil de Pelotas, por exemplo, ainda está pagando jogadores do campeonato passado. Não é um fato novo os clubes terem dificuldades de pagar seus jogadores", completou.

Problema de calendário vai além do campo

O problema do calendário do futebol também irá "respingar" nos atletas. Além da falta de datas para conclusão dos Estaduais, que se avizinha, a dúvida sobre a janela de transferências e o período de inscrição pode ampliar o cenário de incerteza.

"Temos que deliberar com bom senso. O sindicato acredita que dentro da excepcionalidade os contratos dos jogadores precisam ser estendidos. Estamos pensando em conversar com a CBF para que todos Estaduais, se for o caso, recomecem juntos. Para evitar que o atleta perca outro contrato. É normal um jogador que joga o Estadual pegar outro emprego, outro time em seguida. É preciso que as datas fiquem claras para isso, para que ninguém perca esta situação", afirmou. "As questões precisam ser tratadas como excepcionais. Se os campeonatos vão continuar, se não vão, quando serão, depende da CBF", completou.

O cenário, porém, tende a seguir. Com campeonato parado preventivamente por 15 dias, não há qualquer garantia de encerramento, de espaço no calendário, de novos passos para conclusão. Enquanto isso, clubes do interior gaúcho começam a se organizar para sugerir divisão de premiação caso não seja possível continuar jogando.

"Não sabemos quanto tempo os campeonatos ficarão parados. Não é uma situação da CBF ou das Federações, dos clubes ou dos jogadores. Ninguém sabe quando se poderá voltar. Então fica complicado saber alguma coisa. O medo está instaurado, a circulação das pessoas precisa diminuir, e não sabemos quanto tempo irá durar isso tudo", finalizou.