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Como Fla mudou estilo para vencer 3ª taça em 11 dias e espantar "fantasma"

Gabigol, Everton Ribeiro e Vitinho com a taça da Recopa Sul-Americana conquistada pelo Flamengo - Thiago Ribeiro/Agif
Gabigol, Everton Ribeiro e Vitinho com a taça da Recopa Sul-Americana conquistada pelo Flamengo Imagem: Thiago Ribeiro/Agif

Leo Burlá e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

27/02/2020 12h00

A rotina de levantar taças segue a todo vapor no Flamengo, mas o time precisou mostrar uma nova face para bater o Independiente del Valle (EQU) por 3 a 0, resultado que deu ao Rubro-negro o inédito título da Recopa Sul-Americana, ontem (26), no Maracanã, e que garantiu ao clube o terceiro troféu em um espaço de 11 dias.

Ao perder Willian Arão, expulso ainda na etapa inicial, a equipe rubro-negra experimentou um cenário não muito conhecido: a de ser agredido pelo adversário e se ver em apuros na hora da criação. Com o volante em campo, o Fla começou a todo vapor, marcou a saída de bola em cima, mas o panorama mudou após o cartão vermelho.

Os equatorianos seguiram fiéis ao seu estilo de jogo baseado no toque de bola e os rubro-negros, com um a menos, tiveram de se adequar ao que o duelo pedia. Marcação forte para superar a desigualdade numérica e força na hora de atacar o rival. A equipe se desdobrou em campo, demorou a se assentar no duelo e passou a ter mais tranquilidade após o gol de Gabigol.

Sem o camisa 5, Everton Ribeiro e Arrascaeta trocaram a plástica habitual por muito espírito de luta, tornando a vida dos laterais Filipe Luís e Rafinha um pouco mais tranquila. Apesar do placar favorável, Jorge Jesus admitiu que sentiu falta do "velho Flamengo". No intervalo, convenceu os jogadores que era possível ser mais incisivo mesmo com a perda de um atleta.

"No intervalo, falamos do que é jogar com menos um jogador no plano teórico e prático. Se tivermos essa percepção, seria como jogar 11 contra 11. Eles perceberam isso, entraram no jogo com menos um. Sabíamos que uma saída bem puxada nos daria oportunidade de fazer mais um gol", disse o português.

E foi se aproveitando dos espaços deixados pelos adversários que esse Flamengo em uma versão um pouco diferente liquidou a fatura em escapadas rápidas que resultaram nos dois gols de Gerson, um dos destaques da noite. Ante a necessidade de chegar com mais gente na frente para ter mais poder de fogo, o jogador se mandou e apareceu mais do que de costume na zona de arremate.

"Com a expulsão do Arão, ficou pior. A equipe se defendia bem, mas não conseguia se organizar para sair para o ataque, ferir o adversário. No intervalo, fiz eles verem que estávamos jogando com menos um jogador, mas que se estivéssemos bem posicionados isso não seria notado", acrescentou o Mister.

Além desta variação oferecida pelo conjunto rubro-negro, o time que venceu a Recopa teve muitas caras ainda novas para o torcedor, casos de Gustavo Henrique, Léo Pereira, Thiago Maia e Pedro. Com as lesões de Rodrigo Caio e Bruno Henrique, o elenco foi colocado à prova e deu conta do recado. Se em 2019 as opções eram mais escassas, o elenco de 2020 oferece um cardápio farto para o treinador.

Jejum quebrado e nova posição no continente

Depois da Supercopa e da Taça Guanabara, a nova faixa de campeão conquistada espanta fantasmas e vira um capítulo de tristes memórias para o torcedor, que nunca havia visto o clube levantar um caneco internacional dentro do Maracanã.

Após fracassos em finais em casa, os rubro-negros se firmam de vez no cenário continental. Em 90 minutos, os vexames em série foram substituídos por uma nova glória no futebol da América do Sul. Com a vaga na decisão do Carioca já carimbada, a equipe mira o bicampeonato da Libertadores, mais um Brasileiro e também a Copa do Brasil, mostrando aos oponentes que seu arsenal pode ser bem variado.