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Autuori diz que quebrou promessa pelo Botafogo e evita título de 1995

Paulo Autuori foi apresentado como novo técnico do Botafogo e evitou comentar sobre assunto 1995 - Divulgação/Botafogo
Paulo Autuori foi apresentado como novo técnico do Botafogo e evitou comentar sobre assunto 1995 Imagem: Divulgação/Botafogo

Bernardo Gentile

Do UOL, no Rio de Janeiro

13/02/2020 14h36

Paulo Autuori foi apresentado e deu suas primeiras declarações como novo técnico do Botafogo. O profissional havia dito que não treinaria mais clubes brasileiros após deixar o Athletico, em 2016. Ele quebrou a promessa justamente por ser o Alvinegro, a quem acredita que devia reciprocidade nesse momento.

Treinador do time campeão brasileiro em 1995, ele exaltou a conquista, mas tratou de dizer que não voltará a tocar no assunto nesta sua quarta passagem pelo clube. E tem uma explicação. Para Autuori, o Botafogo precisa olhar para frente e se preparar para novas conquistas.

"Orgulho e satisfação de estar no Glorioso. Tudo o que sou devo ao Botafogo. Não posso deixar de tocar nesse assunto. Duas pessoas que foram extremamente corajosas: Antônio Rodrigues e Carlos Augusto Montenegro. Em 1995, eles foram um poco loucos de apostar em mim. Ninguém me conhecia", disse o treinador.

"Antes que me perguntem, também já me antecipo. Disse que não treinaria mais um time brasileiro. Abri mão do que tinha definido para minha carreira porque era o Botafogo e tenho que dar uma reciprocidade pro clube que tudo me proporcionou. Contribuí para que possamos passar por algumas mudanças e transformações e dar meu tributo junto com o Espinosa", completou Paulo Autuori.

Se em 1995, ele chegou ao Botafogo como um mero desconhecido - chegou a ser barrado na portaria -, hoje a história é completamente diferente. Visto como um profissional com a experiência necessária para assumir o desafio, Autuori quer deixar sua primeira passagem no passado. Segundo ele, há muito trabalho a ser feito, mas existe otimismo para a parceria.

"[As portas] Só estavam abertas por tudo que o próprio clube realizou por mim. Emblemático. Se fosse eu o torcedor naquela época teria a mesma atitude. "Quem é esse cara?" Encarei com normalidade e tudo deu certo. Não vou mais me referir a esse tema [1995]. Já foi, é história. Queremos criar solo fértil para novas conquistas. Olhar para frente dentro da nossa possibilidade. Esperamos contribuir com isso", afirmou.

Veja outras declarações de Autuori

Espinosa

Não posso começar a falar sem dizer a satisfação e honra de estar ao lado do Espinosa. Sempre nos mostrou que é possível ganhar com vontade e caráter. É um orgulho e satisfação estar no Glorioso. Tudo o que eu sou no Brasil é devido à instituição, ao Botafogo.

Dificuldades financeiras

Chego ciente das dificuldades que tem a ver com o futebol brasileiro. O que não posso aceitar (no futebol brasileiro) é que essas coisas se tornem corriqueiras. São valores e princípios inegociáveis. Aceitei o Botafogo porque devo tudo a esse clube.

Últimos trabalhos como dirigente

No Fluminense as pessoas envolvidas comigo foram de um caráter extremo, reconheceram a minha saída de lá. Em relação ao Santos, iria ferir meus valores e princípios. Tenho maior orgulho do ambiente criado por dirigentes e profissionais.

Honda

Foi uma contratação muito bem feita. É um profissional exemplar e precisamos de referências assim. Vai agregar muito ao grupo em termos técnicos. Foi uma tirada de mestre do clube.

Comunicação com Honda

Se eu falar japonês com ele, vou contra aquilo de pensar no futebol como um todo. A gente pode falar em outro idioma, ele fala quatro. Num deles posso dar uma beliscadinha.

Calendário

"É insano. Nós temos que combater isso. Você joga a cada três dias e isso é o ano todo. O calendário gera para o treinador a necessidade de focar só aqui porque não tem tempo para mais nada".

Jogadores

Em nenhum clube que eu passei exigi vinda de jogador. Meu trabalho tem como característica o desenvolvimento do jogador. Outra característica que tenho é usar jogadores com sangue do clube. Cada vez mais o futebol precisa de um trabalho de base bem feito. O Botafogo passou por isso e se hoje o Botafogo tem muitos jogadores da base no clube é muito trabalho do Manoel Renha (ex-vice-presidente das categorias de base e atual membro do comitê de futebol). Nem toquei na situação de nomes a serem analisados.

Perfil

O importante é que a vinda tenha um critério de necessidade de criar um perfil como Honda e também Marcelo, Carli e que sirva de referência para os mais novos. Principalmente tem que ter uma análise de mercado muito bem feita e tem que ter características claras sobre o que o clube pensa de jogo. Tenho a ideia de unificar, e isso é o que eu gosto, o futebol do clube.

Autuori atual

Chego com 63 anos, bem diferente daquele. Clube me proporcionou a oportunidade de ter um título brasileiro com 39 anos. Aquele grupo de 95 foi formado ao longo da competição. Eu chego diferente. A essência do futebol não mudou, que é o talento. Hoje tem muito uma questão de terminologia, último terço, transição. O contexto é completamente diferente. As comparações são odiosas, como se fala em Portugal. Como eu chego? Prefiro expressar nos gestos, atos e atitudes no dia a dia.

Críticas à CBF

Vou ter o "privilégio" do tempo. Essa indefinição de datas da Copa do Brasil, eu critico. Por isso que acho que temos que entender que enquanto não houver uma visão sistêmica envolvendo as partes, dificilmente veremos espetáculos como temos no futebol europeu. Os projetos de sócio-torcedor têm mostrado que as pessoas estão vendo mais o clube do que apenas o time. Dentro dessa ideia, não vejo dificuldade nenhuma. Ter que jogar dentro de 4, 5, 6 dias é a coisa mais natural e nefasta que tem.

Pressão?

Nada me faz acreditar nisso a não ser a coragem de enfrentar desafios. Falar em pressão no futebol é a coisa mais vulgar do mundo. Quem não estiver preparado para isso, não entre.

Filosofia de jogo

Primeiro vou perguntar o que eles sentem de positivo e sólido das ideias do Alberto e vamos dar seguimento nisso. Logicamente vamos agregar outras ideias.

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