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Wallim se pronuncia após deixar Fla: 'Nunca fomos um verdadeiro colegiado'

Wallim Vasconcellos rompeu com Bandeira de Mello e se candidatou à presidência do Flamengo pela Chapa Verde - Júlio César Guimarães/ UOL
Wallim Vasconcellos rompeu com Bandeira de Mello e se candidatou à presidência do Flamengo pela Chapa Verde Imagem: Júlio César Guimarães/ UOL

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

12/02/2020 13h22

Wallim Vasconcellos se pronunciou pela primeira vez desde que deixou a vice-presidência de Finanças no Flamengo, o que aconteceu na última segunda-feira. Em comunicado publicado em redes sociais, o ex-dirigente apontou que a saída da cúpula rubro-negra teve como fator determinante "divergências em relação ao estilo de gestão", apontando que a maioria dos vice-presidentes "possui pouca participação nas discussões de assuntos relevantes e impactantes na vida do clube".

Em trecho do comunicado, Wallim afirma que, em 2019, como vice de Finanças, "raramente aconteceu" a "participação na discussão e na decisão dos temas que afetam diretamente o caixa do clube".

"A minha renúncia deveu-se, sobretudo, às divergências em relação ao estilo de gestão, aonde a maioria dos Vice-Presidentes possui pouca participação nas discussões de assuntos relevantes e impactantes na vida do clube. Na verdade nunca fomos um verdadeiro colegiado, desperdiçando, a meu ver, a oportunidade de um debate de alto nível com todos os participantes. Todos nós perdemos, o Flamengo, como instituição, também perde. Mas entendo que o presidente do clube tem o direito de geri-lo da maneira como entender melhor, pois foi eleito legitimamente para isso.

No caso especifico da pasta de finanças, a responsabilidade do Vice-Presidente de um clube do tamanho do Flamengo é imensa e requer a participação na discussão e na decisão dos temas que afetam diretamente o caixa e os compromissos financeiros do clube, o que raramente aconteceu em 2019", disse, em trecho.

Em outra parte da nota, Wallim ressalta que os títulos conquistados dentro das quatro linhas não podem "encobrir as deficiências que ainda temos na gestão".

"O sucesso no futebol não pode encobrir as deficiências que ainda temos na gestão.

Portanto, por não ter conseguido sequer ser ouvido, apesar de ter tentado várias vezes, em inúmeras situações, cheguei à conclusão que meu ciclo no Flamengo terminou".

Wallim Vasconcellos entregou a carta de renúncia na noite da última segunda-feira. Rodrigo Tostes, que foi VP de Finanças entre 2013 e 2015, primeiro mandato de Eduardo Bandeira de Mello, foi o escolhido pelo presidente Rodolfo Landim para ocupar o cargo.

Veja o comunicado na íntegra:

"Como todos já sabem, na última segunda-feira, apresentei minha carta de renúncia ao cargo de Vice-Presidente de Finanças do C.R. do Flamengo, função que exerci durante o ano de 2019 e que muito me honrou. Neste período, dei a minha contribuição para a construção de um Flamengo sempre melhor e maior, nosso objetivo desde o início dessa jornada, em 2012.

Enquanto estive à frente da pasta de Finanças, liderei os seguintes projetos estruturantes, a saber:

- contratação pioneira da EY, uma das 4 maiores empresas globais de auditoria externa, para auditar as demonstrações financeiras do Clube referente ao exercício de 2019. Tal feito representa algo inédito no setor, tornando o CRF o primeiro clube, na América Latina, a contar com auditoria independente de primeira linha;

- obtenção de relevantes linhas de crédito junto a instituições financeiras ,sem garantias, com risco Flamengo, fato também pioneiro no contexto do futebol brasileiro;

- negociação concluída com uma das maiores agências de rating de crédito do mundo, para avaliação do risco de crédito do Flamengo, igualmente de forma inédita e pioneira no Brasil;

- elaboração de estudo envolvendo a estrutura organizacional da área financeira, descrição das funções, das competências e níveis de remuneração.

Assim, entendo ter contribuído para colocar o Flamengo, também no campo das finanças, aonde ele sempre deveria estar - no topo, liderando com boas práticas e inspirando os demais.

Deixo o clube com uma situação financeira equilibrada, taxa de juros mais baixos e divida com perfil de pagamento no médio e longo prazo, ajustada para o fluxo de caixa projetado.

A minha renúncia deveu-se, sobretudo, às divergências em relação ao estilo de gestão, aonde a maioria dos Vice-Presidentes possui pouca participação nas discussões de assuntos relevantes e impactantes na vida do clube. Na verdade nunca fomos um verdadeiro colegiado, desperdiçando, a meu ver, a oportunidade de um debate de alto nível com todos os participantes. Todos nós perdemos, o Flamengo, como instituição, também perde. Mas entendo que o presidente do clube tem o direito de geri-lo da maneira como entender melhor, pois foi eleito legitimamente para isso.

No caso especifico da pasta de finanças, a responsabilidade do Vice-Presidente de um clube do tamanho do Flamengo é imensa e requer a participação na discussão e na decisão dos temas que afetam diretamente o caixa e os compromissos financeiros do clube, o que raramente aconteceu em 2019.

Além disso, tenho a certeza que podemos e temos que melhorar em algumas áreas, alvos de justas críticas por parte dos nossos torcedores e da imprensa. Sem Investir em pessoas e contratar empresas multo qualificadas, nosso crescimento estará limitado. Temos uma oportunidade gigantesca de atingirmos um patamar nunca visto no futebol mundial por um clube brasileiro e por um longo tempo, mas, para isso, temos que selecionar bem quem vai nos ajudar a alcançá-lo. Clubes globais necessitam das melhores empresas para assessorá-los em seu crescimento e desenvolvimento.

O sucesso no futebol não pode encobrir as deficiências que ainda temos na gestão.

Portanto, por não ter conseguido sequer ser ouvido, apesar de ter tentado várias vezes, em inúmeras situações, cheguei à conclusão que meu ciclo no Flamengo terminou.

Nos 3,5 anos que participei da gestão do Flamengo, ganhamos quase todos os títulos que sonhávamos no futebol, faltando apenas o mundial, no qual chegamos à final. Em 2019, também voltamos a ganhar todas as competições no remo depois de 6 anos e a nos destacarmos nas modalidades olímpicas. Em 2012, poucos acreditavam que conseguiríamos recuperar o Flamengo e tirá-lo da pior crise da sua história, resgatando sua reputação, credibilidade e sustentabilidade financeira.

Por isso, sinto-me recompensado e não me arrependo de nada do que fiz e passei. Valeu muito a pena!

Coloquei-me à disposição do Presidente Landim para ajudar sempre que o Flamengo precisar e ele julgar necessário.

Agradeço aos meus colegas Vice-Presidentes, aos Presidentes dos Poderes, associados e funcionários pelo apolo durante os anos que participei da gestão do Flamengo.

Desejo ao Presidente Rodolfo Landim e à sua diretoria todo o sucesso no restante do mandato. Saudações Rubro-Negras!

Wallim Vasconcellos"