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Repórter da TV do Flamengo relata assédio durante gravação com torcedores

Julie Santos, repórter da TV do Flamengo, relata que foi assediada durante gravação com torcedores - Reprodução Fla TV
Julie Santos, repórter da TV do Flamengo, relata que foi assediada durante gravação com torcedores Imagem: Reprodução Fla TV

Alexandre Araújo

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

04/02/2020 18h43

Julie Santos, repórter da Fla TV, canal oficial do Flamengo, relatou que foi assediada durante a gravação dos bastidores da partida entre o time rubro-negro e o Resende, que aconteceu na última segunda-feira, no Maracanã, pelo Campeonato Carioca. O clube, por meio de nota publicada nas contas oficiais nas redes sociais, repudiou o ato.

Em contato com o UOL Esporte, Julie Santos contou o que aconteceu e como reagiu no momento em que se deu conta de que tinha sido vítima do assédio.

"Eu sempre fico na [arquibancada] Norte, sempre gravo na Norte no final. Quando fui encerrar o vídeo, fiz algo que sempre faço que é gravar com a torcida. Gravei o encerramento com a galera atrás de mim. Quando terminei de falar, em meio à muvuca, meio que me esconderam [torcedores]. Todo mundo ficou na minha frente, para aparecer na câmera. Foi neste momento que senti que apertaram a minha bunda", disse ela, que completou:

"Um rapaz da minha equipe até me puxou, mas não por ter visto, porque estava sendo esmagada. Quando ele me puxou, eu falei: 'apertaram a minha bunda'. Na hora, comentei com o pessoal da minha equipe o que tinha acontecido. 'Apertaram a minha bunda', eu só sabia falar isso. Quando acordei, olhei para trás, mas já não tinha a quantidade de pessoas que estava antes, só tinha uma criança e algumas pessoas".

A jornalista recordou que chegou a pensar em mudar a forma como vinha fazendo os vídeos, evitando o contato com os torcedores, mas, posteriormente, repensou a posição e garantiu que não vai alterar a forma como vem trabalhando.

"É muito chato. No momento em que aconteceu tudo, falei que não ia mais gravar com todo mundo. Só vou gravar se for sozinha ou com poucas pessoas ao redor. Depois... Eu não vou de fazer algo que amo, não vou deixar de ir para a torcida, que foi algo que me identifiquei, por causa disso, por causa de uma pessoa, apesar de acontecer também com outras mulheres, Acho que é importante que eu conte mesmo, que quando acontecer com alguém, a pessoa fale. Isso incentiva outras mulheres. Acredito que isso, um dia, vá acabar", afirmou.

Julie afirmou ainda que fez as publicações nas redes sociais como forma de desabafo, mas apontou que ficou feliz pelo carinho que recebeu após ter exposto o acontecido.

"Quando tudo aconteceu, primeira coisa que pensei foi usar as redes sociais para expor isso, mostrar. Eu expus depois, para mim, foi um desabafo, na verdade. Só quis desabafar. Quando acordei, tinha tanta gente me mandando mensagem... Muitas pessoas dizendo que estavam comigo, foi aí que minha ficha caiu e pensei: 'Realmente, isso aconteceu comigo'. Mas fiquei feliz por essa repercussão porque é um assunto que tem de ser levado a sério, discutido. E fiquei feliz, principalmente, por ter tido o apoio de todo mundo. Isso me deixou mais forte", finalizou.