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"Time do Seu Madruga" foi sensação e quase aprontou no Mundial de 2000

Torcedores do Necaxa vestindo máscaras de Seu Madruga durante jogo do Campeonato Mexicano, em 2019 - Hector Vivas/Getty Images
Torcedores do Necaxa vestindo máscaras de Seu Madruga durante jogo do Campeonato Mexicano, em 2019 Imagem: Hector Vivas/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

11/01/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Necaxa foi 3° colocado do Mundial de Clubes de 2000, vencido pelo Corinthians
  • Mexicanos empataram com Real Madrid e Manchester United na campanha
  • Isso além de uma vitória contra um time australiano e derrota para o Vasco
  • Ramón Valdéz, o Seu Madruga do Chaves, torcia e tinha bordão sobre o time
  • Necaxa vive sequências de altos e baixos ao longo de sua história no futebol

Há 20 anos, um clube mexicano se tornou uma das maiores zebras da história do Mundial de Clubes. Campeão da Liga dos Campeões da Concacaf em 1999, o Necaxa ganhou vaga no torneio intercontinental organizado pela Fifa em 2000 e fez bonito: arrancou um empate do Manchester United, deu trabalho para o Vasco ao sair na frente do placar no Maracanã e terminou em terceiro lugar depois de vencer o Real Madrid nos pênaltis. Foi uma das maiores glórias do time quase centenário que não é campeão nacional desde aquela época.

O Necaxa tem uma trajetória de altos e baixos no futebol mexicano. Recentemente, por exemplo, chegou a ficar cinco anos fora da elite. Essa mistura de momentos de glória, como os títulos do passado, e momentos de ostracismo, como os rebaixamentos e duas falências, faz sua torcida ser reconhecida pelo fanatismo. Essa fama criou um bordão no seriado "Chaves", exibido hoje no Brasil por SBT e Multishow. "Yo le voy a Necaxa!" eram as palavras repetidas pelo personagem Seu Madruga, do ator Ramón Valdés.

A tradução brasileira da série ignorou a frase, usada em situações em que o personagem discordava de outro ou queria se colocar como diferente, alternativo. Justamente porque a torcida do Necaxa era pequena e sofrida.

Ramón Valdés era torcedor do Necaxa e levou a paixão à série. O criador e intérprete de Chaves, Roberto Gómez Bolaños, é citado como torcedor ilustre do América do México, mas também nutria forte simpatia pelo time do Seu Madruga.

O histórico conturbado do Necaxa torna ainda mais surpreendente e relevante o desempenho no Mundial de 2000.

Necaxa - AFP - AFP
Necaxa foi campeão da Liga dos Campeões da Concacaf em 1999
Imagem: AFP

No Grupo B, o time estreou empatando em 1 a 1 com o Manchester United de Gary Neville, Solskjaer, Roy Keane, Giggs e David Beckham campeão europeu e mundial na temporada anterior. Christian Montecinos abriu o placar em cobrança de falta aos 13 minutos do primeiro tempo e Yorke só conseguiu o empate aos 42 da etapa complementar. Na segunda rodada, o Necaxa venceu o saco de pancadas South Melbourne, da Austrália, por 3 a 1. Assim, chegou à rodada decisiva para enfrentar o Vasco com chances de classificação para a final.

O equatoriano Aguinaga, destaque do time mexicano, abriu o placar logo aos 5 minutos do primeiro tempo numa partida em que o Vasco só precisava do empate para se classificar. O empate vascaíno rolou aos 14, com gol de Odvan - ele tinha entrado pouco antes no lugar de Júnior Baiano. O gol da vitória apareceu aos 24 minutos da etapa complementar, classificou os cariocas para a final, mas não encerrou a passagem gloriosa do Necaxa pelo Brasil.

Três dias depois, os mexicanos enfrentaram o Real Madrid no Maracanã e levaram a melhor, com empate em 1 a 1 no tempo normal e 4 a 3 nas cobranças de pênalti. Os espanhóis contavam com jogadores como Hierro, Sávio, Raúl e Morientes. Mas não foram páreo para Almaguer, Cabrera, Delgado e Aguinaga. O Necaxa foi terceiro colocado do Mundial de Clubes que teve o Corinthians campeão e o Vasco como vice.

Em 2018, o Necaxa acrescentou o nome de Ramón Valdés ao seu hall de lendas.

Necaxa x Real Madrid - Ana Carolina Fernandes/Folhapress - Ana Carolina Fernandes/Folhapress
Mexicanos e espanhóis empataram em 1 a 1 no tempo normal; Dorado e McManaman erraram pênaltis pelo Real
Imagem: Ana Carolina Fernandes/Folhapress