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Vasco tem burocracia como aliada, mas prazo por caso Jorge Henrique aperta

Atacante Jorge Henrique defendeu o Vasco entre 2015 e 2016 e aguarda pagamento de dívida de cerca de R$ 1 milhão - Fernando Soutello/AGIF
Atacante Jorge Henrique defendeu o Vasco entre 2015 e 2016 e aguarda pagamento de dívida de cerca de R$ 1 milhão Imagem: Fernando Soutello/AGIF

Bruno Braz e Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

08/01/2020 04h00

O não cumprimento de acordos com o atacante Jorge Henrique, que passou pelo clube entre 2015 e 2016, fez o Vasco sofrer a dura sanção de ser impedido de inscrever reforços por seis meses até que se pague a dívida de cerca de R$ 1 milhão com o jogador, em decisão proferida pela Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD). O Cruz-Maltino, porém, acabou tendo a burocracia como "aliada" e ainda pode se beneficiar disso.

Responsável por acatar tais determinações, a Diretoria de Registros da CBF voltou de recesso somente na última segunda-feira (6) e, apesar de já ter expedido o pedido, ainda precisa cumprir um caminho burocrático até que a decisão seja executada. Com isso, o Vasco ainda se mantém "desbloqueado" para inscrever reforços. A questão é que o tempo é curto para tal.

Pessoas ouvidas pelo UOL Esporte garantem que até a próxima sexta-feira (10), se o Cruz-Maltino não quitar a dívida, será bloqueado.

Até o momento, o único reforço anunciado neste mercado da bola foi o do atacante argentino Germán Cano, ex-Independiente Medellín (COL). O jogador é aguardado hoje (8) na reapresentação do elenco, mas ainda não consta no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF. Isso, porém, independe da situação do bloqueio.

Na verdade, o clube ainda reúne toda a documentação necessária para sua inscrição e aguarda a abertura da janela de transferências internacionais que acontece justamente na próxima sexta-feira (10), prazo máximo que pessoas da CBF acreditam que o bloqueio será executado caso a dívida com Jorge Henrique não seja quitada.

Consultado pela reportagem, o Vasco manteve a mesma posição de ontem (7): segue buscando uma solução e informará quando resolver.

Atualmente, Jorge Henrique, de 37 anos, defende o Náutico.

Entenda o caso

O UOL Esporte teve acesso à ordem processual nº 2 e verificou os detalhes de todo o imbróglio jurídico. O primeiro acordo com Jorge Henrique foi feito em julho de 2018 e, a partir de dezembro daquele ano, o Vasco passou a descumpri-lo.

Após as seguidas sinalizações de não pagamento por parte de Jorge Henrique, a CNRD emitiu a ordem processual nº 1 — em novembro de 2019 —, aplicando uma advertência ao Vasco e exigindo que o clube cumprisse integralmente o acordo até 2 de dezembro de 2019.

Quando chegou a data estipulada, o Cruz-Maltino, segundo o documento, solicitou o prazo adicional de cinco dias para o cumprimento da obrigação e, em 10 de dezembro de 2019, o Vasco pediu mais 72 horas.

No parágrafo 17 da ordem processual nº 2, a relatora da CNRD, Ana Beatriz Macedo, reitera o esforço do órgão em conceder tempo ao clube para que ele cumprisse o acordo:

"(...) Ou seja, para além dos oito meses entre a apresentação do último comprovante de pagamento e a emissão da Ordem Processual nº 1, a CNRD concedeu ao CLUBE praticamente mais um mês para renegociar ou encontrar meios para saldar a dívida. Apesar disso, 40 dias se passaram desde a intimação da Ordem Processual nº 1 sem que o CLUBE tenha realizado qualquer novo pagamento".

Na decisão, datada em 17 de dezembro de 2019, a relatora ressalta ainda que, se o Vasco não pagasse o valor integral a Jorge Henrique até o dia 20 de dezembro de 2019, a CNRD iria "aplicar ao clube a sanção de proibição de registrar novos atletas pelo período determinado de 6 meses", sugerindo que "a Secretaria da CNRD deve oficiar com urgência à Diretoria de Registro, Transferência e Licenciamento da CBF para que bloqueie o registro de qualquer novo atleta pelo clube".

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