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Venda de Reinier pode fazer Flamengo manter ciclo que 'turbina' finanças

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

05/01/2020 04h00

Caso concretizada, a venda de Reinier ao Real Madrid, da Espanha —encaminhada em reuniões na noite da última sexta-feira— vai fazer o Flamengo manter um ciclo no qual se inseriu nos últimos anos e colheu os frutos na última temporada: a venda de crias da base por altas cifras que ajudam a turbinar o investimento em reforços para o elenco.

A tratativa por Reinier envolve 30 milhões de euros, aproximadamente R$ 156 milhões —o Fla ficaria com 28 milhões de euros, cerca de R$ 126 milhões. Desta forma, o Rubro-Negro está perto de fechar a terceira venda acima dos R$ 100 milhões nos últimos quatro anos.

Isso aponta que as negociações dos jogadores formados pelas categorias de base tem sido parte significativa na reestruturação financeira do clube, que vive momento de muita tranquilidade nos cofres e, até por isso, tem um maior "poder de barganha" no mercado para definir a transação das joias.

A meta estipulada no orçamento para 2020 é na casa de R$ 80 milhões, o que pode já ser superado só com Reinier.

O marco desta nova fase, talvez, tenha sido Vinicius Júnior, que em 2017 foi negociado junto ao Real Madrid por 45 milhões de euros, cerca de R$ 164 milhões na cotação da época. No ano seguinte, foi a vez de Lucas Paquetá ser vendido ao Milan, da Itália, por 35 milhões de euros, algo em torno de R$ 150 milhões.

Tanto no caso de Vinicius Júnior quando no de Paquetá, o Rubro-Negro, com descontos e comissões, embolsou cerca de R$ 100 milhões.

No ano passado, apesar de não ter feito uma venda tão grandiosa quanto às citadas, negociou Leo Durte com o Milan e Jean Lucas com Lyon, da França, vendas que, somadas, geraram cerca de R$ 58 milhões.

O Flamengo investiu alto em 2019 e contratou os zagueiros Rodrigo Caio e Pablo Marí, os laterais Rafinha e Filipe Luis, os meias Arrascaeta e Gerson e os atacantes Bruno Henrique e Gabigol.

Agora, com a negociação de Reinier próxima de um desfecho, os valores vão servir para a diretoria fazer novos investimentos para qualificar ainda mais o grupo.

Lázaro: a nova bola da vez?

Com a venda de Reinier encaminhada, a bola da vez na sucessão das joias rubro-negras pode ser o atacante Lázaro, que foi herói do Brasil na Copa do Mundo Sub-17 deste ano. Ele, inclusive, participou da competição justamente pelo fato de o Flamengo não ter liberado Reinier.

Lázaro tem contrato até 2025 e uma multa de 80 milhões de euros, cerca de R$ 365 milhões, valor recorde.

Lázaro faz o gol da virada do Brasil contra o México na final da Copa do Mundo sub-17 - REUTERS/Sergio Moraes - REUTERS/Sergio Moraes
Imagem: REUTERS/Sergio Moraes

O jogador chegou a estar cotado para integrar o grupo rubro-negro que vai começar o Campeonato Carioca, uma vez que o elenco profissional está de férias até a reta final de janeiro devido à disputa do Mundial de Clubes, mas teve de passar por um processo cirúrgico no joelho esquerdo.

Tragédia no Ninho

Em 8 de fevereiro do ano passado, a base do Flamengo esteve no centro de uma das maiores tragédias do futebol brasileiro: dez jovens morreram e três ficaram feridos em um incêndio no alojamento das categorias de base, no CT Ninho do Urubu.

Até aqui, a diretoria chegou a quatro acordos em 11 negociações. Dos casos finalizados, há o das famílias de Athila Paixão, Gedson Santos e Vitor Isaias, além do pai de Rykelmo.

Ninho do Urubu após incêndio que acabou resultando na morte de 10 garotos - Thiago Ribeiro/AGIF - Thiago Ribeiro/AGIF
Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Com a mãe de Rykelmo e com os familiares de Arthur Vinícius, Bernardo Pisetta, Christian Esmério, Jorge Eduardo, Pablo Henrique e Samuel Thomas ainda não houve resolução. As famílias de Pablo Henrique, Jorge Eduardo e Christian Esmerio, três dos dez mortos na tragédia, estudam acionar o Rubro-Negro na Justiça e também a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). As defesas não são conduzidas de forma coletiva.