Edinho em primeira entrevista após sair da prisão: "Não cometi crime"

Condenado a 12 anos e 11 meses de prisão por lavagem de dinheiro e tráfico de drogas, o ex-goleiro Edinho cumpre o restante da pena em regime aberto desde setembro do ano passado. Na primeira entrevista após ter deixado a Penitenciária Tremembé II, o filho de Pelé declarou que nunca vai desistir de provar a própria inocência.

"Eu ainda me defendo. Sou inocente e luto por esse reconhecimento. Fui injustiçado. Cumpri pena por uma coisa que não fiz. Ninguém vai devolver o tempo que me foi tirado, mas o reconhecimento já seria importante para mim, questão de honra. Também sei o quanto sou responsável por tudo o que aconteceu comigo", disse Edinho em entrevista ao programa Esporte Fantástico, da Record.

"Admito e assumo toda a minha responsabilidade em termos de conduta, das minhas amizades. Mas crime eu não cometi, sou um injustiçado", acrescentou o ex-goleiro.

Desde 2018 até setembro do ano passado, enquanto estava em regime semiaberto, Edinho deu aulas de futebol no projeto Anjos do Esporte, voltado a filhos ou parentes de detentos. Nesse período, o ex-jogador recebeu o carinho das crianças e destacou o quanto aprendeu ao lado de cada uma.

"A convivência foi muito intensa. Todos os dias dentro de quadra, fazendo o que tanto amo. Eu me alimento deles mais do que eles se alimentam de mim. É uma troca muito sincera de carinho, de amor. Foi interessante passar a minha experiência, toda a minha história de vida, compartilhando tudo o que eu passei e podendo alertar sobre as armadilhas da vida", falou Edinho.

Em novembro de 2019, o Santos anunciou o filho de Pelé como novo coordenador técnico e desenvolvimento das categorias de base do clube. Ele pretende fazer o curso da CBF para técnicos neste ano. Na cidade do litoral de São Paulo, Edinho convive novamente ao lado das filhas e do pai.

"Ter a admiração dele, ver ele falar de mim com orgulho... Não tem preço isso. É uma das minhas maiores inspirações. Ele foi o maior jogador de todos os tempos, isso nem se discute", declarou o ex-goleiro.

Histórico de prisões

O ex-goleiro foi preso provisoriamente em 2005, durante a Operação Indra, do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc). O filho de Pelé, que ficou famoso na década de 90, foi acusado de envolvimento com a quadrilha comandada por Naldinho, Ronaldo Duarte Barsotti de Freitas. Na época, o ex-jogador ficou detido por seis meses, até a concessão de um habeas corpus por parte do Supremo Tribunal Federal (STF).

Desde que passou a cumprir a pena, Edinho já deixou a prisão por quatro vezes. Sendo a última delas em 2017, quando ele foi preso pela quinta vez em Tremembé, após julgamento de um recurso de apelação, que ele aguardava em liberdade até então.

Na ocasião, a Justiça condenou Edinho e reduziu a pena dele para 12 anos e onze meses, que deveriam ser cumpridos, inicialmente, em regime fechado. Em fevereiro de 2018, a defesa do ex-goleiro impetrou um pedido de habeas corpus, que foi negado pelo ministro do STF, Gilmar Mendes.

Como jogador profissional, o ex-atleta passou pelo Santos, Ponte Preta, Portuguesa Santista e São Caetano.