No futebol italiano há quatro anos, Rafael Tolói está consolidado na Atalanta e é pilar de uma equipe que faz campanha histórica na Liga dos Campeões. Parecem credenciais suficientes para uma vaga na seleção brasileira, mas o zagueiro ainda não teve chance com Tite. Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o defensor ex-Goiás e São Paulo celebra a boa fase na Europa e conclui que um detalhe tático dificulta seus planos de seleção.

"Aqui jogamos com três zagueiros, e eu estou sempre saindo para o jogo, armando jogadas, ajudando na parte ofensiva, é uma característica que o treinador exige", explica Tolói, que atua pelo lado direito no esquema de três zagueiros, diferente do que Tite usa na seleção brasileira. "Penso que este é um fator por eu não ter tido uma oportunidade até hoje, mas acredito que meus números são muito positivos no longo dos últimos anos", afirma o zagueiro.

Segundo a imprensa italiana, Rafael Tolói chegou a ser observado recentemente por auxiliares de Tite. O próprio jogador, no entanto, diz não ter tido nenhum contato com alguém da seleção brasileira. "Nos últimos anos, venho fazendo grandes coisas e estou muito feliz, então estou tranquilo quanto a isso [chance na seleção]. Quem sabe, se um dia tiver oportunidade, com certeza será um sonho a realizar", diz o defensor.

Rafael Tolói é titular absoluto e atingiu 150 jogos com a camisa da Atalanta. É o brasileiro com mais assistências no Campeonato Italiano (quatro), mas a Liga dos Campeões é a prioridade do clube. A equipe renasceu durante a competição e se classificou após perder os três primeiros jogos da fase de grupos - algo inédito na Champions. "Conseguir a classificação foi algo histórico, também por ser a primeira participação [do clube], mas queremos continuar bem na competição", diz Tolói.

Na Atalanta, só o camisa 10 Alejandro Gómez tem mais assistências do que Rafael Tolói no Italiano (cinco e quatro, respectivamente). O zagueiro é também o segundo do time em desarmes (30 em 14 partidas) e em cortes defensivos (35). O destaque naturalmente atrai o interesse de outros clubes europeus, mas Tolói se diz tranquilo.

"Especulações existem sempre, mas estou feliz aqui. Ter a oportunidade de jogar a Champions League com a Atalanta é algo ainda mais especial, então procuro fazer deste ano o melhor ano da minha carreira e só depois pensar no futuro".

Mesmo em alta na Europa, no entanto, Tolói não esqueceu o futebol brasileiro. Diz que acompanha as temporadas de Goiás e São Paulo e projeta um possível retorno ao Brasil. "A gente sabe como as coisas são dinâmicas no mundo do futebol, mas tenho vontade, sim, de voltar ao Brasil e de vencer o Campeonato Brasileiro", afirma o defensor. Mas só futuro, porque por enquanto seus projetos são todos do Atalanta.

Confira outras respostas de Tolói:

UOL: Depois da classificação na Champions, a torcida da Atalanta fez uma recepção calorosa ao time. Como é a relação com os torcedores?

Tolói: Nossa torcida é muito fanática, e não é a primeira vez que eles vão nos recepcionar depois de uma vitória. Temos uma torcida fantástica, e Bergamo merece ter um clube que dispute grandes competições, como vem acontecendo nos últimos anos.

Como é a relação com Ibañez e Guilherme Arana, brasileiros que chegaram recentemente na Atalanta? Arana chegou a dar entrevista reclamando do treinador? Sendo um dos líderes do elenco, você chegou a conversar sobre isso com ele?

A convivência com eles é muito boa. São dois garotos com grande potencial, grande qualidade e que vêm trabalhando bem. São jovens, querem jogar e com certeza logo vão conquistar o espaço deles, porque estão trabalhando bem.

Da Itália, você consegue acompanhar o futebol brasileiro? Como viu as campanhas de São Paulo e Goiás em 2019?

Sim, acompanho sempre o Campeonato Brasileiro. O Goiás teve uma boa temporada, com vários destaques como o Tadeu, Michael, Léo Senna e outros meninos da base, que sempre foram uma força do Goiás. O São Paulo também teve um bom resultado, conquistando uma vaga na Copa Libertadores.