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Mundial de Clubes - 2019

Time da Nova Caledônia saiu de paraíso de 2,5 mil pessoas para encarar Xavi

Hienghène Sport é um time semi-amador e vai disputar o Mundial de Clubes da Fifa nesta quarta-feira (11) - Divulgação/OFC
Hienghène Sport é um time semi-amador e vai disputar o Mundial de Clubes da Fifa nesta quarta-feira (11) Imagem: Divulgação/OFC

José Edgar de Matos

Do UOL, em São Paulo (SP)

11/12/2019 04h00

Resumo da notícia

  • O Hienghène Sport é um clube semi-amador da Nova Caledônia e vai disputar o Mundial de Clubes da Fifa.
  • Entre os atletas tem administrador de escola, jogador de futebol de areia e um brasileiro - Marcos Paulo, de 21 anos.
  • O clube, campeão da Liga dos Campeões da Oceania, estreia hoje (11), a partir das 14h30 (de Brasília), contra o Al Saad, time comandado por Xavi.
  • Será a primeira vez que a Nova Caledônia terá representante em uma competição Fifa entre os profissionais.
  • Nova Caledônia é uma ilha francesa localizada no Pacífico e destino turístico com praias paradisíacas.
  • A passagem, do Brasil, está na média R$ 10 mil.

Imagine um povoado de 2.500 habitantes, localizado em um cenário paradisíaco. Pelo menos por um dia, toda a atenção de Hienghène, na Nova Caledônia, estará em Doha, no Qatar, local em que o time semi-amador local vai estrear pelo Mundial de Clubes da Fifa. O Hienghène Sport reúne um administrador de escola, jogadores de beach soccer e profissionais de outras áreas para encarar, a partir das 14h30 (de Brasília), o Al-Saad, clube dirigido pela lenda do Barcelona Xavi.

Enquanto Xavi, hoje técnico em um milionário time do Qatar, usufruiu de todo o profissionalismo e glamour possíveis da profissão, os adversários convivem com outra uma realidade distinta. Durante o dia, trabalho em outras profissões. De noite, treinamentos com o time, que fez história ao conquistar a Liga dos Campeões da Oceania e levar pela primeira vez a Nova Caledônia a um torneio profissional da Fifa.

"Como atletas amadores, temos uma vida normal e tentamos balancear o trabalho, as questões familiares e o jogo. É muito difícil, especialmente agora que conseguimos alcançar este nível, vencendo a Liga dos Campeões da Oceania pela primeira vez. Isso não poderia ser feito sem o sacrifício que fizemos", comentou o atacante Bertrand Kai, em conversa com o site da Fifa.

Xavi Hernández Al Saad - Nikku/Xinhua - Nikku/Xinhua
Xavi, lenda do Barcelona, é o técnico do Al Saad no Mundial de Clubes
Imagem: Nikku/Xinhua

Eleito o melhor jogador da Liga dos Campeões da Oceania deste ano, Kai tem 36 anos e divide a carreira de jogador com o trabalho em uma escola. O atacante é administrador de um internato e cuida da logística de alimentos e produtos de limpeza.

Os treinamentos com o Hienghène ocorrem após o expediente, com exceção às quartas-feiras. No sábado, o veterano encara os jogos pela liga local. Rotina corrida que precisa encontrar um tempo para questões pessoais em meio à carreira no território francês no Pacífico.

Originário da região tribal de Ganem, Kai ainda divide o tempo de convivência com a mulher e dois filhos, que vão às partidas para aumentar o tempo de união familiar durante a semana. "Fazemos muitos sacrifícios para jogar futebol e deixar a família para trás", acrescenta.

O sacrifício valeu a pena. O Hienghène Sport chegou ao Mundial de Clubes ao bater um rival local e forma categórica. Diante do Magenta, clube da capital Nouméa, o representante da Nova Caledônia na competição Fifa venceu a final por 1 a 0 com um gol do meio-campo, assinado por Amy Roine.

Se vencer o duelo contra o Al-Saad, o clube da Nova Caledônia volta a campo no sábado (14), às 14h30 (de Brasília), para encarar o Monterrey, do México. Este é o lado da chave do Liverpool e só encararia o Flamengo em uma possível final.

Brasileiro e base no beach soccer

O representante da Oceania tem perfil de clube semi-amador, mas vai para o Mundial com atletas experientes no cenário competitivo...de futebol de areia. Quatro jogadores, além do técnico Felix Tagawa, representaram a Nova Caledônia na Copa das Nações de Beach Soccer da Oceania.

O grande destaque deste grupo na areia e no gramado é o goleiro Rocky Nyikeine, de 27 anos, eleito o luva de ouro na conquista da Liga dos Campeões da Oceania. Diante de profissionais, a chance de classificação contra o Al-Saad passa justamente por uma ótima atuação de Nyikeine.

Estádio do Hienghène - Reprodução - Reprodução
Estádio do Hienghène, o representante da Oceania no Mundial de Clubes da Fifa
Imagem: Reprodução

Na lista dos 23 inscritos para o Mundial, o time do Pacífico conta com o brasileiro Marcos Paulo. O meio-campista de 21 anos foi revelado pelo Marília, equipe do interior de São Paulo.

Nova Caledônia é paraíso turístico no Pacífico

A praia de Koueney, na Nova Caledônia. Paradisíaca, ou não? - Andre Seale/VW PICS/Universal Images Group via Getty Images - Andre Seale/VW PICS/Universal Images Group via Getty Images
A praia de Koueney, na Nova Caledônia. Paradisíaca, ou não?
Imagem: Andre Seale/VW PICS/Universal Images Group via Getty Images

Agora no mapa do futebol graças ao Mundial de Clubes, a Nova Caledônia é um território francês localizado no Oceano Pacífico. Porção de terra mais distante de Paris entre as colônias, com 16 mil quilômetros de distância, o país da Oceania é um paraíso que se tornou destino de turistas franceses, australianos e japoneses nos últimos anos.

As praias com águas cristalinas e os cenários cinematográficos, contudo, são "salgados" para a realidade brasileira. Sites de hotelaria colocam diárias na média de R$ 400. A passagem pesa ainda mais: por volta de R$ 10 mil, com duas escalas no mínimo. Austrália e Nova Zelândia são as pontes para a ilha francesa que estreará no Mundial da Fifa.