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Final única em Lima teve higiene precária, vazamentos e falta d'água

Bruno Braz, Pedro Ivo Almeida e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro em São Paulo

27/11/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Torcedores do Flamengo que foram ao estádio Monumental, em Lima (PER), denunciaram situações precárias nos serviços
  • As principais reclamações ficaram por conta dos banheiros, sujeira, falta de higiene com a alimentação, preços abusivos e falta de água
  • Muitos fizeram as denúncias por fotos ou vídeos que acabaram viralizando nas redes sociais
  • Conmebol já sabia um dia antes da decisão que estádio estava com problema de falta de água

A ideia da Conmebol foi a de dar um ar de "Liga dos Campeões" em sua decisão de Copa Libertadores. Mas se tal característica ficou evidente na escolha de uma cidade-sede e de um jogo único, o mesmo não se pode dizer nas questões de estrutura e conforto para os torcedores.

Rubro-negros que foram ao estádio Monumental, em Lima (PER), alegaram falta de água, banheiros em condições precárias, opções de alimentação sem higiene, preços abusivos e fiscalização acima das que estavam expostas nas orientações.

"Condição precária é pouco. Estádio imundo. Banheiro muito pior do que o velho Maracanã. Não tinha uma água gelada vendendo no estádio. A que tinha era numa garrafa de um litro e meio e era quente. E eram 15 soles (cerca de R$ 19) para um copo dessa água. Para você ter ideia, eu bebi água da pia do banheiro, porque eu estava desesperado de sede e não vendia mais nada lá uma hora. Uma poeirada fina, aí você respira e ela fica presa na garganta e sem nada para beber", declarou o servidor público Vitor Miranda.

Banheiro em situação precária no estádio Monumental "U", em Lima - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Falta de higiene nos banheiros no estádio em Lima gerou reclamação de torcedores
Imagem: Arquivo Pessoal

Além da falta de bebida gelada ou do produto em si, a alimentação também deixou a desejar, segundo os presentes.

"Além da fila, a água era quente e em copo descartável. Enchiam direto de um engradado. E no intervalo acabou. Banheiro só tinha água depois que o jogo começou. E sanduíches eram vendidos no chão", disse o rubro-negro Leonardo Ribeiro.

O desencontro de informações sobre o que poderia e o que não poderia entrar no estádio também causou reclamações.

"Outra coisa que chamou a atenção foi a falta de informação do que era passado pela Conmebol para o que de fato acontecia. Tinha uma placa na entrada do estádio que poderia entrar com bandeira de 2 metros por 1 metro, e na hora que você tentava entrar, eles tomavam a bandeira de todas as pessoas, independentemente do tamanho", frisou o bancário Leonardo Boyd.

Outro ponto ruim foram os vazamentos em muitos dos banheiros no setor destinado aos flamenguistas.

"O banheiro que eu fui tinha que pisar na ponta do pé para não afundar, porque estava vazando. E uma parte dos banheiros não tinha água", destacou o consultor de seguros Rafael Dutra, que ainda denunciou um possível aumento ilegal no preço dos produtos: "O refrigerante no anel [embaixo da arquibancada] era dez soles. Na arquibancada era 15 soles. Tudo na arquibancada era 50% mais caro. Parecia que estavam cobrando propina".

O arquiteto Tiago Nascimento fez um comparativo com o novo Maracanã, casa do Flamengo nos jogos como mandante.

"Dos 20 mil flamenguistas que estiveram em Lima, todos que forem ao Maracanã da próxima vez vão achar que estão num estádio europeu", disse fazendo coro ao rubro-negro Leonardo Ribeiro: "O Maracanã é um hotel cinco estrelas para a Conmebol".

Conmebol sabia que não tinha água

Não se pode dizer que a falta de água no estádio foi uma surpresa para a organização. O UOL Esporte foi informado de que a Conmebol já sabia do problema um dia antes da final. Os setores VIP e de imprensa também passaram pela mesma situação.

No que se refere aos alimentos, o do setor VIP era o único que tinham opções diferenciadas e mais bem cuidadas.

Rubro-negros elogiam hospitalidade

Para não dizer que foram só críticas, os rubro-negros elogiaram a hospitalidade dos funcionários e peruanos em geral durante e antes da final contra o River Plate (ARG).

"Quem vai para estádio raiz, da antiga, já passou por muita coisa pior. Eles [peruanos] não tinham estrutura, mas tinham minimamente boa vontade. Toda cidade não tinha estrutura para receber esse tanto de gente, mas tinham boa vontade. O povo nos recebeu muito bem. Até hoje continuam. Passam, falam comigo, gritam Flamengo, enfim...", disse Rafael Dutra, que ainda está no Peru.

Outro ponto elogiado foi o tratamento dos policiais peruanos com os torcedores.

"Em nenhum momento achei o ambiente hostil por parte da polícia. Não tinha aquela coisa de você ficar com medo. Eles falavam numa boa. Até mesmo fora do estádio. O pessoal cantava, pulava e eles até tiravam fotos da nossa torcida. Não era um clima tenso como você vê até mesmo aqui no Brasil", declarou o bancário Leonardo Boyd.