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Nada brilhante: situação faz 1 a 0 virar "goleada" para o Flu em má atuação

Yony González marcou o gol da vitória do Fluminense em Maceió  - Mailson Santana/Fluminense FC
Yony González marcou o gol da vitória do Fluminense em Maceió Imagem: Mailson Santana/Fluminense FC

Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro

26/11/2019 11h00

A situação do Fluminense no Campeonato Brasileiro fez o Tricolor valorizar muito a vitória por 1 a 0 sobre o CSA, fora de casa, no Rei Pelé. Os três pontos não só tiraram o time da zona do rebaixamento como o fizeram ganhar duas posições na tabela. Mas diferente do que opinou o técnico Marcão em coletiva, a atuação de sua equipe não teve nada de brilhante.

O primeiro tempo começou com o Azulão em ritmo alto, com marcação pressão no campo de ataque e um Flu errando muitos passes na saída de bola. Ainda que guarde o estilo de manutenção da posse de bola que marcou toda sua temporada, o Tricolor, muito lento, teve dificuldades para criar no início da partida. Por outro lado, sem qualidade técnica, o CSA também não conseguia transformar vontade em chances de gol.

Foi justamente na qualidade técnica individual que o Fluminense se impôs no jogo. Mesmo no ritmo modorrento de Yuri e Allan, muito recuado atrás dos zagueiros, o Tricolor se aproveitava dos buracos abertos pelo time da casa e da inteligência de Paulo Henrique Ganso, que circulava do meio para a frente para reduzir a pressão no campo de defesa. Por vezes, o criticado camisa 10 nem tocava na bola, mas abria espaços importantes. E mesmo quando se esperava um toque qualificado, era ele quem abusava dos corta-luzes para acelerar o jogo.

Criticado, Ganso teve boa atuação pelo Fluminense no Rei Pelé - Mailson Santana/Fluminense FC - Mailson Santana/Fluminense FC
Imagem: Mailson Santana/Fluminense FC


A melhor chance do Flu na primeira etapa veio justamente com Ganso, que limpou a marcação e bateu colocado para acertar a trave do gol de Jordi. Mas não tardou para o Tricolor sofrer: aos 40, a arbitragem marcou um impedimento inexistente de Dawhan em cabeçada para fora, e três minutos depois, a transição rápida do CSA no contra-ataque fez Apodi achar Ricardo Bueno sozinho na área. Pela boa defesa de Marcos Felipe e uma boa dose de sorte, o Fluminense não saiu atrás no placar. O Tricolor, que sofreu pressão no fim do primeiro tempo, só virou um jogo até aqui no Brasileirão.

"No primeiro tempo o jogo foi muito igual. Trocamos muito com eles", resumiu Marcão, em simples mas correta análise.

Na volta para o segundo tempo, o time fez por duas vezes o que faltou nos primeiros 45 minutos: trocas de posição e movimentação do meio para a frente. Aos quatro, Daniel recuou para armar e Yuri avançou. Ganso se preparava para pisar na área quando Caio Henrique passou pela esquerda e abriu espaço para Marcos Paulo, aberto daquele lado, cortar para a perna direita, que é a boa, e colocar a bola na cabeça de Yony González. O colombiano, que não marcava há 10 jogos, acabou com a seca e soltou o grito de gol da garganta do torcedor.


"No segundo tempo aumentamos nosso nível de posse. Tentamos abrir um pouco o jogo - estávamos jogando um pouco por dentro. E quando conseguimos fazer isso, botar o jogo pelo extremo, dificultamos a marcação deles e conseguimos chegar no gol adversário. Tivemos uma chance, fizemos um gol", resumiu Marcão na coletiva.

Se em outras partidas o gol ajudou o Fluminense a elevar seu jogo apoiado, com boas trocas de passe, como no jogo contra o São Paulo, onde o Tricolor colocou os paulistas na roda por cinco minutos no segundo tempo, desta vez a história não foi bem assim. Ainda que Marcão tenha visto controle de jogo de forma "brilhante e inteligente", seu time, por vezes, abdicou da bola. No primeiro tempo, o Flu teve 67% de posse, e no segundo, caiu para 54%. Dos 15 aos 35 minutos, o CSA chegou a ter mais a bola que o Tricolor.

O time voltou ao ritmo lento que marcou o primeiro tempo e pouco incomodou os alagoanos. Os 600 passes "muito difíceis de se fazer" no Rei Pelé foram em sua maioria laterais, sem efetividade. Quem mais tocou na bola foi Allan, 114 vezes. Nenhum dos 100 passes do bom volante do Flu, entretanto, foram decisivos. Nenhuma das conservadoras mexidas fez o panorama mudar.

"Colocamos o Airton que entrou bem, marcação muito forte, jogador experiente. Depois perdemos um pouquinho da força do Marcos Paulo e colocamos o Pablo Dyego porque o Argel tinha colocado um lateral-esquerdo que vem muito forte, para bloquear as subidas. Depois o Daniel baixou um pouco fisicamente e colocamos o Nenê, com muita experiência, muita habilidade e conseguiu controlar o jogo para nós", analisou Marcão, assumindo postura reativa mesmo diante do CSA.

Marcão viu atuação brilhante do Fluminense no Rei Pelé - 	Mailson Santana/Fluminense FC - 	Mailson Santana/Fluminense FC
Imagem: Mailson Santana/Fluminense FC


Ainda que tenha recuado inexplicavelmente, este não foi dos jogos onde o Fluminense sofreu mais para se defender. Muito, também, pela falta de qualidade e até de superioridade numérica do CSA no ataque: preocupado primeiro em se defender, os alagoanos só atacaram na base do abafa, com centros excessivos para a área e chutes de longe de Jonathan Gómez.

Ainda assim, o segundo pior ataque do Brasileirão finalizou 18 vezes, acima de sua média. Sem Yuri, que deixou o campo para a entrada de Airton, o Tricolor concedeu mais espaços. Para Marcão, méritos dos alagoanos, que só podem alcançar 41 pontos e estão praticamente rebaixados no Brasileirão. O técnico recorreu a grandes times europeus para justificar as linhas baixas de seu time no segundo tempo.

"Nós não queremos recuar a equipe. Queremos que nossa equipe jogue os 90 minutos em cima. Mas nem a melhor equipe consegue jogar os 90 minutos no campo adversário. O Liverpool, o Manchester City, o PSG, em algum momento terão que defender. Temos que dar méritos para a outra equipe, que em algum momento vai tentar montar uma estratégia para tentar furar. Mas o mais importante é manter o nível de concentração lá em cima, um ajudar o outro, para que o gol adversário não saia", opinou.

Fluminense brigou bastante no Rei Pelé - Mailson Santana/Fluminense FC - Mailson Santana/Fluminense FC
Imagem: Mailson Santana/Fluminense FC


O que pode e deve ser aproveitado do discurso de Marcão após o jogo é o seu final. Ao Tricolor, em Maceió, não faltou entrega e concentração. Digão fez mais um bom jogo, assim como Caio Henrique e Ganso. O ataque fez o dever de casa, mas criou pouco, apesar da incessante briga do colombiano Yony González, na maioria das vezes com os defensores, mas em algumas oportunidades também com a bola.

Com 38 pontos, o Fluminense é o 15º colocado do Campeonato Brasileiro e agora depende só de si para permanecer na primeira divisão em 2020. A equipe enfrenta o Palmeiras, na quinta-feira (28), às 19h30, no Maracanã.

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